O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou nesta quinta-feira (23) a meta de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, interrompendo uma sequência sucessiva de cortes no alvo a ser perseguido pelo Banco Central em sua política monetária.
O CMN também confirmou a manutenção das metas de 3,5% para 2022, 3,25% para 2023 e 3% para 2024, mesmo com a projeção da inflação para este ano indicando que o dado efetivo vai ficar bem longe do objetivo.
“O CMN avalia que a fixação da meta de inflação em 2025 em 3% reduz incertezas e aumenta a capacidade de planejamento das famílias, das empresas e do governo, estimulando o investimento, a produção e elevando o bem-estar da sociedade brasileira”, afirmou o Ministério da Economia em nota, acrescentando que as expectativas para 2025 estão ancoradas e que a consolidação fiscal contribuirá para o cumprimento da meta.
O colegiado é presidido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e composto também pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago.
Nos últimos anos, o Conselho Monetário implementou uma gradual redução da meta de inflação. O alvo partiu de 4,5% em 2018, caindo anualmente 0,25 ponto percentual até chegar em 3% em 2024, alvo repetido agora para 2025.
Com choques provocados pela pandemia de covid-19 e mais recentemente a guerra na Ucrânia, a inflação saiu das rédeas do Banco Central.
O índice fechou 2021 em 10,06%, bem acima do teto de 5,25%, e o estouro deve se repetir neste ano, quando as mais recentes projeções do BC apontam para um IPCA de 8,8%. Mesmo para 2023, a autoridade monetária já sinaliza que tentará levar a inflação a um patamar em torno da meta, não exatamente em cima do alvo. Sua projeção para o ano que vem está em 4%.
No passado, já aconteceu de o CMN ajustar a meta de inflação em face de choques muito expressivos. Isso aconteceu em 2003 e 2004.
Campos Neto, no entanto, já tinha se mostrado contrário a esse caminho. Em março, ele afirmou que uma mudança na meta de inflação para acomodar pressões geradas pelos choques recentes na economia teria “pouco a ganhar” em termos de credibilidade. Ele voltou a fazer a mesma avaliação em entrevista nesta quinta-feira.
A política monetária do BC está atualmente focada na inflação de 2023. Campos Neto afirmou nesta quinta que, a partir de agosto, 2024 também entrará no chamado horizonte relevante do BC.
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