Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O governo anunciou nesta segunda-feira o programa Eco Invest Brasil, com o qual vai oferecer proteção cambial para investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país.
O programa, antecipado pela Reuters na sexta-feira, terá o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que atuará como intermediário na contratação de um banco internacional que oferecerá o seguro cambial no Brasil. Caberá ao Banco Central fazer a ponte para que os investidores dos projetos ecológicos no país possam acessar esses derivativos.
O governo oferecerá, ainda, uma linha de liquidez especial para financiamentos de grandes projetos sustentáveis, informou a Fazenda.
No total, o BID destinará 5,4 bilhões de dólares ao programa, sendo 2 bilhões de dólares em linhas de crédito e 3,4 bilhões de dólares em derivativos.
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que, diante da volatilidade do real, o custo da proteção cambial para prazos mais longos é tão alto que inviabiliza investimentos ecológicos em moeda estrangeira no país, por isso a importância do novo instrumento.
“O seguro promete cobrir a diferença cambial, assegurando que o investidor possa comprar dólares por uma taxa previamente definida, minimizando, assim, suas perdas”, afirmou.
O novo programa será implementado com a edição de uma medida provisória e a posterior regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com o detalhamento de como os derivativos cambiais poderão ser acessados.
Em solenidade de anúncio do programa, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC não tem como objetivo controlar a volatilidade da moeda com os derivativos cambiais.
“O Banco Central não toma nenhum tipo de risco de crédito em derivativo cambial”, afirmou Campos Neto durante entrevista coletiva ao lado de autoridades do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do governo brasileiro. “O objetivo do instrumento é facilitar o hedge cambial no longo prazo.”
Campos Neto pontuou ainda que não existe operação sendo estudada que use reservas cambiais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não pôde comparecer ao evento após ser diagnosticado com Covid-19, o que também coloca em dúvida sua participação presencial nas reuniões do G20 nesta semana em São Paulo.
(Por Fabrício de CastroEdição de Isabel Versiani e Pedro Fonseca)
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