Os ministérios do Planejamento e da Fazenda projetaram nesta sexta-feira que o governo central fechará 2023 com déficit primário de R$ 145,4 bilhões, equivalente a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), resultado pior do que o previsto em maio, de rombo de R$ 136,2 bilhões de reais (1,3% do PIB), conforme relatório bimestral de receitas e despesas.
Segundo o relatório, o Orçamento deste ano tem um excesso de despesas de R$ 3,2 bilhões em relação ao limite do teto de gastos, o que indica necessidade de bloqueio de verbas discricionárias nesse montante. Em maio, havia uma restrição estimada em R$ 1,7 bilhão.
Após iniciar a gestão em 2023 com uma previsão de rombo fiscal superior a R$ 200 bilhões no ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem anunciando medidas com o objetivo de reduzir esse rombo.
A expectativa anunciada pelo ministro é que o déficit primário fique próximo a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no fechamento deste ano, ou cerca de R$ 50 bilhões, encerrando 2024 com déficit zero.
Aumento de arrecadação
Entre as ações já implementadas para ampliar a arrecadação estão a reoneração de combustíveis e um programa de renegociação de débitos tributários. O ministro ainda tenta mudar regras de funcionamento do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) e pretende enviar ao Congresso um projeto para taxar apostas esportivas online, além de promover mudanças na tributação sobre a renda.
Pelas contas das pastas incluídas no terceiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, a projeção de receitas líquidas sofreu um aumento R$ 103,6 bilhões na receita líquida em relação à Lei Orçamentária Anual (LOA), a R$ 1,900 trilhão.
Enquanto isso, a estimativa para as despesas primárias totais aumentou em R$ 20,8 bilhões em relação à LOA, a R$ 2,055 trilhões, em meio a um acréscimo na previsão de compensação aos Estados e municípios pelas perdas de ICMS.
Nesta semana, a Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda melhorou a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica em 2023 e passou a enxergar um crescimento de 2,5% para o PIB, contra previsão de 1,9% feita em maio. Um crescimento maior do PIB tende a impactar positivamente a arrecadação de impostos.
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