O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (1) que quem quer o Banco Central autônomo é o mercado, acrescentando que o próximo presidente da autarquia olhará o Brasil da forma que o país realmente é, e não do jeito que o mercado financeiro fala.
Depois de afirmar que o país não precisa de juros altos neste momento, Lula afirmou em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), que não dá para o presidente do BC — a quem se referiu como “cidadão” — ser mais importante que o presidente da República.
“Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do (ex-presidente Jair) Bolsonaro, não é correto isso”, afirmou, ponderando que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada.
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“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, acrescentou.
O presidente afirmou que preza pela responsabilidade fiscal e que inflação baixa é sua obsessão, usando como exemplo a decisão do governo de manter a meta para a evolução dos preços em 3%.
Após criticar o fato de um governante vencer as eleições sem ter o poder de indicar o comando do Banco Central, Lula voltou a fazer reclamações sobre o nível dos juros básicos no país.
“O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,50% está exagerada”, disse.
Lula tem criticado reiteradamente a atuação do Banco Central, também fazendo ataques ao atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que tem mandato até o fim deste ano.
Na semana passada, Campos Neto disse que pronunciamentos feitos por Lula impactam negativamente preços de mercado e que o efeito desses movimentos pode dificultar a atuação da autoridade monetária.
O presidente voltou a enfatizar que não haverá mudança na política de reajuste do salário mínimo porque o governo não quer “prejudicar quem já é prejudicado”.
Lula afirmou que não é correto fazer ajuste fiscal por meio de mudança no salário mínimo e argumentou que o governo não gasta o que não tem e está fazendo pente fino contra fraudes em programas sociais.
(Por Bernardo Caram, em Brasília; Reportagem adicional de Eduardo Simões e Fernando Cardoso, em São Paulo)
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