Na tentativa de adiar uma desvalorização que parece cada vez mais inevitável, o governo da Argentina criou um emaranhado de regras de câmbio que conseguiram tornar mais complicado ainda um sistema que já era complicado.
E a disparidade das taxas de câmbio só aumenta com o país e os mercados ansiosos pelos resultados da eleição primária de domingo, que confirmará os candidatos à presidência para o pleito de outubro, e dará uma ideia melhor de quanto apoio cada um tem, e o que vai acontecer com as políticas econômicas do país vizinho.
Segue um guia rápido para algumas das taxas mais usadas — e mais estranhas — até porque ainda dá tempo de programar um fim de semana esquiando na Patagônia:
Oficial
Taxa: 287 pesos por dólar
A taxa de câmbio oficial é altamente restrita. Pessoas físicas só podem comprar US$ 200 por mês legalmente à taxa oficial, devem pagar três impostos que adicionam cerca de 80% ao custo. Os economistas estão prevendo uma forte desvalorização da taxa oficial após as eleições primárias do país neste fim de semana.
Dólar blue
Taxa: cerca de 600 pesos por dólar
É taxa mais usada, com cotação diária, para transações em dinheiro vivo, nos fundos de lojas, bancas de jornal ou em escritórios discretos — ou algum conhecido disposta a vender seus dólares, às vezes exigindo grandes sacolas de compras ou mochilas para carregar os maços de notas de pesos.
Blue chip
Taxa: 595 por dólar
A Argentina também tem taxas de câmbio flutuantes para investidores que compram ações e títulos. Para transações locais, é usada uma taxa de câmbio conhecida como “dólar MEP”, enquanto a blue-chip swap (assim mesmo em inglês) é utilizada para operações que terminam no exterior.
Cartão de crédito
Taxa: 523 por dólar
Usado para compras mensais abaixo de US$ 300, uma taxa de câmbio implícita que combina a taxa oficial com os três impostos cobrados nos cartões de crédito para compras em moeda estrangeira.
Dólar Qatar
Taxa: 598 por dólar
Para compras mensais acima de US$ 300 por mês, uma taxa de câmbio implícita que combina a taxa oficial com dois impostos e um terceiro tributo novo, de 25%. Ela surgiu quando milhares de argentinos viajaram ao Qatar para a Copa do Mundo, para assistir sua seleção ganhar seu terceiro mundial.
Dólar Coldplay
Tarifa: 374 por dólar
Os promotores de shows que contratarem artistas que cobram em moeda estrangeira pagarão um imposto de 30%, que é repassado aos fãs além do custo do ingresso. O nome pegou depois que a banda britânica fez 10 shows com ingressos esgotados em Buenos Aires no ano passado.
Dólar Malbec
Taxa: 340 por dólar
O dólar Malbec, também conhecido como dólar agrícola ou dólar da soja, refere-se a uma série de programas de câmbio fixo, implementados por períodos limitados no ano passado. O programa começou como uma tentativa de incitar os produtores a venderem seus estoques de soja para trazer dólares para o banco central. Atualmente, aplica-se aos produtores de sorgo, cevada e girassol, bem como os famosos vinhos.
Dólar lujo
Taxa: 575 por dólar
Os argentinos mais ricos que compram produtos de luxo como jatos particulares, carros esportivos, iates, relógios e álcool de primeira linha precisam pagar impostos adicionais de quase 100% sobre o preço dos produtos importados.
Dólar tech
As empresas de tecnologia podem reter 30% dos dólares de vendas adicionais no exterior em vez de ter que trocar por pesos, conforme a lei anterior. Os dólares são destinados aos salários dos funcionários.