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Economia

Minério de ferro em queda; cobre em alta: o que explica o vai e vem das commodities?

Na última semana, minério de ferro ficou abaixo dos US$ 99 a tonelada, enquanto o cobre rompeu os US$ 9 mil.

Se o fraco desempenho do mercado chinês tem afetado o preço do minério de ferro, para o cobre o cenário é o oposto.

Na última semana, enquanto o minério de ferro de referência negociado na Bolsa de Cingapura ficou abaixo dos US$ 99 a tonelada – o menor valor em mais de seis meses – o cobre negociado na Bolsa de Londres rompeu a barreira dos US$ 9 mil a tonelada, algo que não era visto desde março do ano passado.

A explicação para o panorama atual, segundo especialistas, está nas expectativas em torno do uso do cobre na transição energética, como a produção de baterias para veículos elétricos.

Segundo o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, o investimento na cadeia global de fornecimento de energia limpa, incluindo produção de metais para baterias, atingiu um recorde de US$135 bilhões em 2023 e deverá aumentar para US$ 259 bilhões até 2025.

“A demanda de cobre deve crescer muito mais do que a oferta, o que tem chamado a atenção do mercado desde o final do ano passado. Além disso, é uma frente global, que não depende só da China, o que vai dar sustentação aos preços mais altos”.

Hugo Queiroz, sócio fundador da L4 Capital,

Diante das oportunidades, os players que operam essas matérias-primas passam a mirar no cobre no momento de investir, como explica Alan Martins, analista da Nova Futura Investimento. “A perspectiva de melhora na China está demorando e o mercado está olhando para um setor que ainda tem um grande potencial de desenvolvimento”, avalia.

Abastecimento de carro elétrico
Carro elétrico. (Foto: André Paixão/Primeira Marcha)

Mercado chinês

A China é o principal consumidor mundial do minério de ferro, essencial na fabricação do aço que, por sua vez, é usado na construção civil. O problema é que as perspectivas em torno do setor não é das melhores.

Na última semana, dados sobre o setor imobiliário no país, relacionados ao mês de fevereiro, vieram piores do que o projetado.

“O esperado é que o preço dos imóveis anual caísse 0,7%, mas caiu 1,4% (um sinal de oferta elevada). Outro fator é que as casas começaram a perder valor, algumas até 6%, o que vem se prolongando por algum tempo. A percepção é que a retomada está ficando cada vez mais difícil, com um estoque alto de imóveis”, alerta Martins, da Nova Futura Investimento.

Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, pontua que para um equilibro dos preços, além do ajuste da oferta a partir da redução estoques, incentivos fiscais direcionados as grandes empresas consumidoras do minério de ferro seriam primordiais.

“O que poderia elevar as demandas globais, seja no rama naval, imobiliário e industrial que usam bastante as ligas do minério e que podem influenciar no preço”, diz.

O que esperar?

Hugo Queiroz, sócio fundador da L4 Capital, explica que as projeções do mercado para 2024, 2025 e 2025 é que a matéria-prima continue sendo negociada na casa dos US$ 100 a tonelada.

“Houve um gargalho que levou o minério a US$ 120 (no ano passado), agora o mercado entendeu que a demanda da China está um pouco mais fraca e voltou para o equilíbrio das projeções”, diz.

Ele complementa ainda que as perspectivas em termos de pagamentos de dividendos por companhias do setor devem continuar animadoras.

“O ponto de equilíbrio do minério de ferro é o preço por volta de US$ 100 a tonelada. O que estava vindo a US$ 120 é um excedente de caixa para as companhias. Nos US$ 100 dólares, as empresas ainda continuam com uma margem muito alta, acima de 30% de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Sem grandes projetos para fazer, com uma estrutura de capital leve, elas vão continuar distribuindo dividendos, mesmo com o minério neste patamar”, conclui.

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