Siga nossas redes

Economia

No sexto leilão em uma semana, BC já vendeu US$ 20 bi após sucessivos recordes do dólar

Desde quinta-feira (12), a autarquia já havia vendido mais de US$ 12,75 bilhões em uma série de intervenções no câmbio

Ilustração representando alta do dólar
Ilustração: João Brito

O dólar à vista recuava mais de 1% nesta quinta-feira (19), caindo abaixo dos R$ 6,20, após o Banco Central realizar dois novos leilões de dólares à vista nesta manhã em meio à desvalorização da moeda brasileira em decorrência dos receios fiscais dos investidores.

Às 11h07, o dólar à vista caía 1,6%, a R$ 6,1679 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,11%, a R$ 6,248 na venda.

Na quarta-feira (18), o dólar à vista encerrou o dia em alta de 2,78%, cotado a R$ 6,2679 — maior valor nominal de fechamento da história.

Logo após a abertura, o BC vendeu US$ 3 bilhões à vista em um leilão anunciado na véspera. No entanto, assim como em operações anteriores, o novo leilão teve efeito quase nulo nas negociações, com a moeda norte-americana ainda demonstrando força e se mantendo em patamares históricos.

LEIA MAIS: Escalada do câmbio expõe empresas com dívida em dólar

Pouco mais de uma hora depois, a autarquia vendeu mais US$ 5 bilhões à vista em um segundo leilão anunciado minutos antes da operação, o que finalmente forneceu alívio à moeda brasileira.

Com as vendas de hoje, o BC totaliza mais de US$ 20,75 bilhões vendidos desde a quinta-feira (12) da semana passada, em uma série de intervenções no câmbio que incluíram leilões à vista e leilões de linha (dólares com compromisso de recompra).

Por trás da fraqueza recente do real estão as preocupações dos investidores com o cenário fiscal brasileiro, à medida que o governo tenta avançar com suas medidas de contenção de gastos no Congresso, sendo essa a última semana para aprová-las antes do recesso de fim de ano.

A Câmara dos Deputados adiou para esta quinta-feira (19) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe o acesso ao abono salarial, um projeto que faz parte do pacote de ajuste fiscal, após ter aprovado na terça um outro texto do Executivo para corte de gastos.

Agentes financeiros temem que os projetos não sejam votados até o fim deste ano ou que as medidas sejam desidratadas, com ambas as possibilidades podendo compremeter a trajetória das contas públicas.

“O mercado segue sem essa definição da redução dos gastos pelo governo… Para visão do investidor, enquanto a gente não tiver uma definição exata de como vão ser esses cortes, a gente vai continuar tendo uma desvalorização do real”, disse Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Na curva de juros brasileira, as taxas tinham mais um pregão de forte alta, com ganhos de mais de 40 pontos-base em alguns contratos, refletindo os temores fiscais do mercado.

Ainda nesta manhã, as atenções do mercado estarão voltadas para a coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação, que contará com a presença do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que assume o comando da autarquia a partir do próximo ano.

No relatório divulgado mais cedo, o BC piorou significativamente suas projeções para cumprimento da meta de inflação, estimando que a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta está perto de 100% neste ano, contra projeção anterior de 36%.

Economia patina

O IPCA subiu em novembro 0,39%, alcançando no acumulado em 12 meses alta de 4,87%. De acordo com o IBGE, para o índice fechar o ano com uma alta acumulada de 4,5%, o IPCA mensal em dezembro teria que avançar no máximo 0,20%.

Operadores colocavam 52% de chance de o Copom elevar a Selic em 1,75 ponto percentual na reunião de janeiro, contra 48% de probabilidade de uma alta de 1,5 ponto, apesar do guidance da autarquia de que subirá a taxa de juros, atualmente em 12,25% ao ano, em 1 ponto no próximo encontro.

No exterior, o cenário era favorável ao dólar, com os mercados globais ainda reagindo à decisão do Federal Reserve na véspera, em que os membros reduziram a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, mas sinalizaram um afrouxamento monetário menor do que o esperado anteriormente para o próximo ano.

“Deste ponto em diante, é apropriado avançar com cautela e buscar o progresso da inflação… a partir de agora, estamos em uma posição em que os riscos estão equilibrados”, disse o chair do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa após o final da reunião de política monetária.

A perspectiva de menos cortes pelo banco central dos Estados Unidos implica rendimentos mais altos para os Treasuries, o que torna o dólar mais atrativo para investidores estrangeiros e gera fuga de capital em países emergentes.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,27%, a 107,970.

O que disse o presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira que o segundo leilão de câmbio realizado pela autoridade monetária nesta sessão ocorreu devido à demanda bem maior do que a esperada pela autarquia no primeiro leilão do dia realizado pelo BC.

Em entrevista coletiva em Brasília, Campos Neto afirmou ainda que o BC não pretende defender um patamar para o dólar ante o real.

Mais cedo, o Banco Central vendeu 3 bilhões de dólares à vista em leilão anunciado na véspera e, um hora depois, fez novo certame vendendo 5 bilhões de dólares à vista no mercado.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.