A elevação nos preços da gasolina e do diesel pela Petrobras (PETR3; PETR4) pode causar um impacto substancial no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos meses, além de pontos de atenção com consequências indiretas. A avaliação é de economistas após o anúncio feito pela estatal nesta terça-feira (15).
A Petrobras aumentou os preços médios da gasolina e do diesel vendidos a distribuidoras, que passam a valer a partir de quarta-feira (16). Assim, o preço médio da gasolina foi elevado em R$ 0,41 por litro, a R$ 2,93 por litro. Já o diesel foi elevado em R$ 0,78 por litro, a R$ 3,80 por litro.
A estatal disse que no ano a variação acumulada do preço de venda de gasolina A para as distribuidoras é uma redução de R$ 0,15 por litro, enquanto no diesel ainda há uma queda acumulada de R$ 0,69 por litro.
Carlos Honorato, professora da FIA Business School, diz que o aumento dos preços pela Petrobras pode impactar a inflação e o IPCA nos próximos meses de forma substancial.
“Aumentos assim são piores que os repassados aos poucos porque criam picos de inflação e impactos nos preços.”
Carlos Honorato, professora da FIA Business School
Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta que o relevante para o reajuste do diesel é o impacto indireto que o aumento tende a elevar de forma demasiada o custo de transportes da economia e tornar o processo desinflacionário menos intenso.
Projeções para o IPCA
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, explica que a alta da gasolina, equivalente a 16,3% na refinaria, pode chegar 6,32% na bomba. Já o preço médio do diesel foi elevado em 25,8% na refinaria.
“O impacto total estimado para o IPCA, segundo nossos cálculos, é de 31 pontos base distribuídos entre IPCA de agosto (8 pontos base) e setembro (23 pontos base). O efeito estimado total, levando em consideração gasolina, etanol e diesel, é de 38 pontos base na inflação de 2023”.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena.
Em meio a este cenário, projeções para o IPCA passaram a ser ajustadas. Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, diz que não há dúvidas de que a alta da gasolina irá provocar um impacto no IPCA.
“A alta estimada é entre 35 e 45 pontos base no IPCA no ano. O estimado para 2023 é algo em torno de 4,70% e agora vai para 5%. Quase 10% a mais do que estava sendo previsto. Uma alta bem importante”, diz Jorge.
Angelo, da Warren Rena, também alterou sua projeção para o IPCA de agosto, que estava em 0,20% e foi para 0,30%. Já para setembro, a projeção da estrategista para a inflação subiu de 0,40% para 0,68%. A perspectiva para a inflação no ano de 2023, que estava em 4,60%, foi elevada para 5%.
Na mesma linha, Sanchez também cita mudanças nas projeções. Para o IPCA de agosto, a projeção subiu de 0,08% para 0,23%. Já para o indicador de setembro, a expectativa passou 0,26% para 0,41%. No caso da inflação anual, a estimativa do economista-chefe da Ativa Investimentos subiu de 4,8% para 5,1%.
Daniel Bergmann, professor da FIA Business School, aponta que, embora os combustíveis tenham experimentado quedas nos preços ao longo do ano, os reajustes lançam um olhar cauteloso sobre o IPCA e sinalizam para potenciais movimentações do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação à taxa Selic.
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