Petrobras sobe preço da gasolina em 7,5%, abaixo do esperado por importadores

A Petrobras  (PETR3, PETR4) anunciou um aumento dos preços de venda da gasolina a distribuidoras em 7,5% a partir de quarta-feira (25). O preço médio da gasolina às distribuidoras passará para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23 centavos por litro, segundo comunicado da empresa.

O aumento veio abaixo do esperado pelos importadores de combustíveis. Após o anúncio da Petrobras, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirmou que a elevação é insuficiente para que se abra uma janela de importação do combustível.

Segundo Araújo, o preço no Golfo do México, usado como referência para medir a paridade de importação (PPI), política praticada pela estatal desde 2016, estava, antes do aumento, cerca de R$ 0,55 por litro em média acima do preço comercializado no mercado brasileiro.

“Ainda ficou um espaço para novo aumento, a gente esperava um reajuste maior. Desde que a Petrobras anunciou o último reajuste, há 50 dias, a gasolina já subiu R$ 0,61 por litro no Golfo”

presidente da AbicoM, Sérgio Araújo

O último reajuste da Petrobras para a gasolina foi uma queda de 6,11%, em 7 de dezembro do ano passado. De acordo com Araújo, já são 13 dias de janela fechada para importação.

No caso do diesel, que não foi reajustado pela estatal, a defasagem em relação ao mercado internacional está em 9%, o que poderia levar a um aumento de R$ 0,45 por litro para atingir a paridade, no cálculo da entidade.

Ação recua

A ação PETR3 caiu 0,75% nesta terça e a PETR4, 0,71%, em meio ao declínio dos preços do petróleo no exterior. De qualquer forma, Ricardo Brasil, fundador do Gava Investimentos, diz que “o ajuste feito pela Petrobras foi bem visto pelo mercado“.

“Porque tudo leva a crer que a Petrobras vai seguir com os reajustes baseados no preço internacional, apesar do que o Lula falou quando se reelegeu, dizendo que ia acabar com a precificação. O reajuste veio após mais de 45 dias sem mudança de preços”, explica Brasil.

Já Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS, diz que, “apesar do aumento, o percentual ainda é insuficiente para encerrar a defasagem com os preços praticados internacionalmente, conforme apontado por associações do setor”.

“A política de preços da estatal ainda é uma incógnita e as sinalizações são de que haverá busca de um equilíbrio entre a correção da defasagem, mas sem trazer a volatilidade dos preços da commodity e câmbio e os reflexos sobre a inflação”, diz ele.

Impacto no bolso

A expectativa é de que a elevação do preço da gasolina nas refinarias reflita no valor que o consumidor final paga nas bombas – especialmente em meio às expectativas pela reoneração dos combustíveis.

Após o anúncio da Petrobras nesta terça, especialistas da Terra Investimentos ajustaram sua projeção de inflação em janeiro para 0,6%, levando em consideração também a leitura acima do esperado da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15.

Nishimura, da BRA BS, afirma que o reajuste “reforça o viés de alta das perspectivas para a inflação neste ano“. Segundo ele, “o impacto sobre o IPCA já deve ser sentido em janeiro, algo em torno de 0,05 ponto percentual, mas com maior peso em fevereiro, quando pode chegar a 0,20 ponto percentual. Não é um impacto desprezível, principalmente em um período sazonalmente pressionado por outros reajustes, como educação”.

( * com Reuters e Estadão Conteúdo)