Economia
PIB do Brasil cresce 4,6% em 2021 e supera perdas da pandemia
Foi o melhor resultado anual da economia brasileira desde o salto de 7,5% em 2010.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou avanço de 0,5% no 4º trimestre de 2021 em comparação com o trimestre anterior, fechando o ano com alta acumulada de 4,6%, equivalente a R$ 8,7 trilhões. Foi a melhor resultado da economia brasileira desde o salto de 7,5% em 2010, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (4).
O PIB de 2021 veio dentro das previsões de analistas consultados pelo “Projeções Broadcast”, que iam de 4,3% a 5,0%, e levemente acima da mediana, de 4,5%. Entretanto, veio ligeiramente pior que a projeção do ministério da Economia, de crescimento de 5,1%.
O crescimento superou as perdas da pandemia, quando a economia recuou 3,9% em 2020 (resultado revisado). O PIB do período ficou acima do período pré-pandemia, em 2019, mas seguiu 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014. Em comparação com o mesmo período de 2020, o indicador subiu 1,6%.
Após a divulgação do PIB, o ministério da Economia divulgou em nota que o resultado do Brasil ficou acima da mediana dos países do G7, G20 e América Latina. “Ou seja, quando combinados os crescimentos de 2020 e 2021, a variação neste período é de 0,6%, superando o resultado da maioria dos países com maior PIB e os países vizinhos ao Brasil”, informou.
No quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu 0,5% na comparação com o terceiro trimestre do ano (-0,1%), registrando resultado positivo nessa comparação, depois da alta de 1,4% no primeiro trimestre e do recuo de 0,3% no segundo trimestre.
Revisões
O IBGE revisou o PIB do segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre de 2021, que passou de queda de 0,4% para baixa de 0,3%. O órgão também revisou a taxa do PIB do primeiro trimestre de 2021 ante o quarto trimestre de 2020, que passou de alta de 1,3% para avanço de 1,4%.
Outra revisão foi do PIB do quarto trimestre de 2020, ante o terceiro trimestre de 2020, que passou de alta de 3,1% para avanço de 3%.
PIB em 2021 por setores
Oferta: serviços e indústria puxam crescimento
Sob a ótica da oferta, o resultado anual do PIB brasileiro foi puxado pelo avanço nos setores de serviços (4,7%) e indústria (4,5%). Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2% no ano passado.
Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, todas as atividades que compõem os serviços cresceram em 2021, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%) e atividade de informação e comunicação (12,3%). Atividades do setor relacionadas a serviços presenciais também tiveram alta.
Outros setores também cresceram no período, como comércio (5,5%), atividades imobiliárias (2,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais (1,5%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%).
Na indústria, o destaque foi a área de construção, que subiu 9,7% em 2021 após queda de 6,3% em 2020. A indústria de transformação também cresceu (4,5%), puxada pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos; metalurgia; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de produtos minerais não-metálicos; e indústria automotiva. As indústrias extrativas avançaram 3,0% devido à alta na extração de minério de ferro.
Demanda: consumo tem recuperação
Ao contrário de 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente. O consumo das famílias avançou 3,6% e gastos do governo subiu 2,0%. No ano anterior, esses componentes haviam recuado 5,4% e 4,5%, respectivamente.
“Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirmou Palis em nota.
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.
A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, tinham recuado 9,8% e 1,8%, respectivamente. Entre os produtos da pauta de exportações, os destaques foram extração de petróleo e gás natural; metalurgia; veículos automotores; e produtos de metal.
No caso dos serviços, as viagens subiram mais. Já entre as importações, os destaques positivos foram produtos químicos; máquinas e aparelhos elétricos; indústria automotiva e produtos de metal.
PIB do 4º trimestre por setores
Do lado da oferta, apesar do crescimento de 5,8% da agropecuária, o fator determinante para o crescimento do PIB no 4º trimestre foi a alta dos serviços (0,5%), que têm peso maior na economia, detacou em comunicado a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
“Nos serviços, os destaques foram as mesmas atividades que cresceram no ano: informação e comunicação (3,4%), transporte, armazenagem e correio (2,6%), outras atividades de serviços (2,1%)”, destacou Rebeca em nota.
Em serviços no trimestre, administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social cresceram 1,0%. Por outro lado, houve queda de 2% no comércio, seguida pela variação negativa nas atividades imobiliárias (-0,4%) e estabilidade nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,0%).
A indústria recuou com a queda nas indústrias de transformação (-2,5%). As indústrias extrativas recuaram 2,4% e também a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que recuou 0,2%. O único resultado positivo foi na construção (1,5%).
Contexto e perspectivas
A taxa básica de juros Selic saiu da mínima de 2% e está em 10,75%, em um ciclo de aperto monetária promovido pelo Banco Central para tentar domar a alta dos preços que deve ter continuidade neste mês, quanto o BC volta a se reunir.
Somam-se ao quadro a variante ômicron do coronavírus, bem como incertezas em ano de eleição presidencial, que deixa a cena fiscal sob os holofotes. E desde a semana passada entraram ainda na lista de interrogações a invasão da Ucrânia pela Rússia e como isso irá afetar a inflação e o crescimento mundial.
De acordo com economistas, a guerra pode impor mais um vento contrário à economia do Brasil via canal de inflação e juros mais altos, mas o salto dos preços de algumas commodities exportadas pelo país pode servir de contraponto.
*Notícia em atualização. Com informações do IBGE, Reuters e Agência Estado.
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