Em uma lista com 96 países, o Brasil ocupa a 47ª posição no ranking dos países com o maior preço da gasolina. A Venezuela é onde o combustível custa mais barato e o Líbano, mais caro. É o que aponta um levantamento feito pelo Trading Economics sobre o preço da gasolina no mundo.
A lista considera o preço por litro em dólar. O valor atribuído ao Brasil foi de US$ 1,27 (cerca de R$ 6,46 considerando a cotação do dólar em 16 de março), o mesmo preço do Canadá e da Índia.
No topo da lista dos países com o menor preço ficaram Venezuela, Kuwait e Irã, onde o litro da gasolina custa US$ 0,02 (R$ 0,10), US$ 0,28 (R$ 1,42) e US$ 0,36 (R$ 1,83), respectivamente.
Na outra ponta, Líbano, Hong Kong e Holanda figuram como os locais onde a gasolina é mais cara, custando US$ 11,78 (R$ 59,98), US$ 2,76 (R$ 14,05) e US$ 2,41 (R4 12,27), respectivamente.
Entre os países da América do Sul, o Brasil é o segundo que tem a gasolina mais cara, ficando atrás apenas do Uruguai, que cobra US$ 1,76 por litro. Além da Venezuela, a lista também traz entre os preços mais baixos do Brasil a Bolívia (US$ 0,54, ou R$ 2,75), a Colômbia (US$ 0,64, ou R$ 3,26), a Argentina (US$ 0,92, ou R$ 4,69), o Paraguai (US$ 0,96, ou R$ 4,69) e o Peru (US$ 1,01, ou R$ 5,14).
Sobre a diferença do preço da gasolina no mundo, o economista Fernando de Holanda Barbosa, explica que “o preço da matéria prima, do petróleo, é mais ou menos igual para todo mundo. A grande diferença que tem no preço pelo mundo são os impostos”.
“O petróleo é visto como um produto que deve ser taxado porque ele gera poluição e assim por diante”, diz Barbosa.
“A Suécia, por exemplo, tem uma extrafiscalidade grande do combustível… ela quer desincentivar o uso do combustível fóssil, então ela tenta tributar muito para as pessoas usarem menos. Os Estados Unidos, ao contrário, tem uma política de baixa tributação do combustível fóssil”, complementa Pedro Rodrigues, sócio na CBIE Advisory.
Segundo dados disponibilizados pela Petrobras (PETR3 e PETR4) sobre a composição de preços do combustível das bombas dos postos, cerca de 36% do valor que o consumidor brasileiro paga pela gasolina são impostos.
“A diferença de preços é que tem países que taxam mais e outros que taxam menos, da mesma forma como ocorre aqui dentro do Brasil, em que a gasolina em alguns estados é mais barata. Por exemplo: em Alagoas ela é mais barata do que é no Rio de Janeiro, e a diferença é o imposto estadual”, comenta Barbosa.
O economista aponta ainda outro fator que causa diferenças nos preços da gasolina: o custo de transporte. “Na medida em que a refinaria fica longe do ponto consumidor, obviamente esse consumidor vai pagar mais caro porque o transporte é mais elevado.”
Rodrigues, da CBIE, acrescenta o câmbio como outro fator que ajuda a explicar a diferença no preço da gasolina no mundo. “Os câmbios são diferentes. O barril do petróleo é cotado em dólares e a gente compra e vende gasolina em reais.”
No entanto, os dois especialistas concordam que, apesar de o câmbio e o custo com transportes também pesarem, o principal elemento por trás da diferença de preços entre os países é, de fato, a questão tributária. “E cada país tem uma lógica tributária diferente da outra”, resume Rodrigues.
Preço da gasolina subindo no Brasil
O preço da gasolina no Brasil está há quase um ano no patamar de R$ 6 por litro, segundo a média divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Isso significa, considerando a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), uma volta aos níveis do preço da gasolina em 2006.
É o que aponta um levantamento feito pelo InvestNews. O dado mais recente da ANP aponta que, em média, o litro da gasolina custa R$ 6,68 para o consumidor brasileiro. São 11 meses com preço médio acima de R$ 6 – a maior sequência desde 2006.
É importante ressaltar que o valor ainda não contempla os preços após o reajuste anunciado pela Petrobras no último dia 10, com alta de quase 19% no preço da gasolina nas refinarias. Segundo cálculos do economista-chefe da Necton, André Perfeito, essa mudança deve representar um aumento de 11% do preço da gasolina nas bombas.
O reajuste da Petrobras veio na esteira de uma forte alta na cotação do petróleo no exterior em meio à guerra na Ucrânia após a invasão do país pela Rússia – um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Agora, embora a pressão sobre os preços da commodity tenha começado a diminuir, especialistas não enxergam alívio para o bolso do consumidor.
“Não devemos ver recuo de preços no país, uma vez que há ainda alguma diferença entre os preços domésticos e externos”, diz Perfeito.
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