Em um ranking de juros reais, o Brasil tem a maior taxas do mundo. É o que revela uma pesquisa feita pela Infinity Asset e pelo MoneYou com 40 países. Com a Selic definida em 12,75% e considerando a projeção para a inflação nos próximos 12 meses, o Brasil tem uma taxa de juros reais de 6,69%.
A taxa de juros reais é medida pelo desconto da inflação de cada país sobre a taxa nominal definida pelos bancos centrais. Depois do Brasil, os países com as maiores taxas de juros reais são Colômbia (+3,86%), México (+3,59%) e Indonésia (+2,39%).
Já entre os países que têm taxas de juros negativas (ou seja, a inflação é maior do que a taxa de juros nominais) estão Alemanha (-5,66%), Espanha (-6,22%), Bélgica (-6,83%) e Argentina (-10,3%).
Diversos países pelo mundo vivem a preocupação com a inflação, com a guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia pressionando os preços das commodities e de energia em várias regiões (especialmente a Europa). O aumento de casos de covid-19 na China também está sob as atenções, já que restrições ao funcionamento de diversas atividades podem desajustar as cadeias de suprimentos novamente.
Nesse cenário, o Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, provavelmente elevará as taxas de juros em sua reunião de junho, disse nesta quinta-feira (5) o membro do Conselho da instituição Robert Holzmann, que é favorável a uma abordagem mais dura contra a inflação.
Em outros continentes, o receio é o mesmo. Na quarta-feira (4), o banco central da Índia elevou sua principal taxa de juros ante mínima recorde, em uma ação inesperada para conter a inflação.
A preocupação atinge economias emergentes e avançadas. Em sua decisão de subir a taxa de juros nos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual (a maior alta desde 2000), o Federal Reserve (Fed), banco central o país, mencionou os temores com a alta de preços em meio ao cenário global. A inflação nos EUA tem batido recordes em 40 anos nos últimos meses.
O caso do Brasil
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) segue no ciclo de alta da taxa Selic, elevada para 12,75% na quarta-feira. Mas o BC brasileiro se adiantou ao movimento na comparação com outros países, o que chegou inclusive a puxar um movimento de valorização do real em relação ao dólar nos primeiros meses de 2022. Isso porque, com juros maiores, o país se torna mais atraente para investidores, o que eleva a demanda pelo real e acaba baixando o valor da moeda sobre o dólar.
No entanto, esse movimento pode estar perdendo força, especialmente diante das expectativas de alta nos juros de países de economia avançada, como os Estados Unidos.
Breno Andrade, assessor de investimentos da Monte Bravo de São José dos Campos, comenta que, nesse cenário, houve um impacto no fluxo migratório de recursos saindo do Brasil, principalmente depois da sinalização de juros altos nos EUA. “O país registra esse movimento de recuo da bolsa brasileira e uma valorização do dólar frente ao real por conta desse fluxo negativo dos investimentos saindo da economia do país”, disse.
Veja abaixo o ranking de juros reais*
País | Juros reais (em % ao ano) |
Brasil | 6,69 |
Colômbia | 3,86 |
México | 3,59 |
Indonésia | 2,39 |
Chile | 1,84 |
Rússia | 1,36 |
Filipinas | 1,18 |
África do Sul | 0,58 |
Índia | 0,47 |
Hungria | 0,37 |
Coreia do Sul | 0,17 |
Malásia | 0,01 |
China | -0,02 |
Hong Kong | -0,08 |
Nova Zelândia | -0,92 |
Suíça | -1,1 |
Japão | -1,1 |
Israel | -1,31 |
Cingapura | -1,54 |
Reino Unido | -1,56 |
Tailândia | -1,73 |
Austrália | -1,74 |
Turquia | -1,88 |
Canadá | -2,18 |
Suécia | -2,56 |
República Checa | -2,65 |
Dinamarca | -2,79 |
Polônia | -2,84 |
Portugal | -3,69 |
Estados Unidos | -3,82 |
Taiwan | -3,95 |
França | -4,06 |
Grécia | -4,97 |
Áustria | -5,11 |
Holanda | -5,42 |
Itália | -5,6 |
Alemanha | -5,66 |
Espanha | -6,22 |
Bélgica | -6,83 |
Argentina | -10,3 |
* Fonte: Infinity Asset e MoneYou
* Com informações da Reuters