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Confie em seus instintos, ou você pode cair do cavalo

Que nós, mulheres, não precisemos mais sofrer uma queda para aprender a confiar em nossos instintos ao investir.

cavalo

Domingo de sol. Um dia em família em uma fazenda no interior de São Paulo. Eu e meu marido decidimos andar a cavalo com nossos filhos, Tom e Martin.

Eu, mulher, mãe e naturalmente cautelosa, comecei instintivamente uma análise de risco x retorno do passeio diante do cenário. Conversei com o instrutor responsável. Perguntei sobre os perfis dos cavalos, sobre o caminho que iríamos fazer e liderei algumas coordenadas: Tom, o mais velho, vai com o pai. E eu vou mais devagar com o mais novo, o Martin, de apenas 1 ano e 11 meses.

LEIA MAIS: Histórias ensinam e geram influência. Você sabe qual é a sua?

Decidi também que iríamos acompanhados do instrutor. Meu marido achou extremamente desnecessário, pois seria uma volta rápida e muito tranquila. Por último, perguntei sobre capacetes. E o funcionário disse que não tinha, mas que poderia procurar alguns para as crianças.

Pausa.

Meu marido, alta volatilidade, perfil arrojado, disse: “não precisa, é só uma voltinha!”. Mas minhas habilidades instintivas de assumir menos riscos, pensar na família, além de paciência, me falavam para eu esperar e tentar encontrar os capacetes.

O fato é que nós, mulheres, temos uma dificuldade enorme em confiar em nós mesmas. E naquele momento eu traí meus instintos e resolvi seguir sem proteção – ou sem um hedge do meu passeio em família.

“Granfina”, a égua que me levava junto com o Martin, era calma e lenta. Durante a cavalgada nós ficamos pra trás, um pouco afastados do meu marido e do Tom montados na égua “Pimenta”, cujo nome já diz muita coisa!

Meu objetivo era fazer um passeio legal, em segurança, aproveitar com minha família. Não buscava uma estratégia vencedora, mas sim o bem-estar de todos.

Porém, imprevistos, crises e cenários de estresse podem acontecer quando menos esperamos. E foi justamente o que aconteceu. De repente a Granfina tropeçou. Em questão de segundos eu percebi que a queda com o meu filho poderia ser catastrófica. Mais uma vez, o instinto de proteção me guiou. Eu o segurei com força, lembrei de proteger a sua cabeça (ah, o capacete e minha intuição) e me arremessei para a lateral para a égua não cair em cima da gente.

Resultado: filho intacto, mãe ralada e égua machucada. Porém, todos são e salvos.

Por que contei essa história?

Você deve estar se perguntando: “por que ela está contando essa história?”. Porque, de forma metafórica, ela ilustra o comportamento das mulheres na tomada de decisão sobre investimentos. E cada vez mais é preciso discutir os traços positivos das mulheres investidoras.

Nós, mulheres, somos líderes incríveis por natureza. Temos capacidade de análise e facilidade para tomar decisões. Porém, em matéria de investimentos, nos colocamos como coadjuvantes, enquanto os homens assumem o papel de protagonistas, liderando as decisões.

O fato é que os homens estão sempre focados em estratégias vencedoras, querem chegar em primeiro lugar.

as mulheres enxergam no dinheiro tudo o que podem fazer por suas famílias. Tendem a se concentrar mais em objetivos, planejamento a longo prazo e preservação do dinheiro que investem. Não se trata apenas de acumular dinheiro, mas como o dinheiro pode atendê-las e atender às necessidades daqueles que ela gosta.

Estamos à frente em muitos aspectos

Alguns estudos de finanças comportamentais relatam as características que nos colocam à frente dos homens em muitos aspectos:

  • Tomamos risco de forma mais responsável. Entendemos que é preciso analisar e aprender primeiro. É um instinto natural de preservação.
  • Não temos pressa. Temos mais paciência e perspectiva de longo prazo. Tendência de comprar e manter a carteira de investimentos.
  • Além disso, nós mulheres temos uma capacidade maior de ouvir. Por isso toda assessoria de investimentos é mais bem trabalhada com as mulheres.

Mas por que, diante de tantas características positivas, nós ainda desacreditamos da nossa própria capacidade de liderar as decisões quando o assunto é investimentos?

Trago uma reflexão: o caminho que nos fez chegar até aqui contribuiu profundamente para a desconstrução da nossa autoestima e confiança. Fomos programadas para seguir ordens e sermos coadjuvantes.

O nosso protagonismo ainda é algo muito recente e o preconceito ainda existe, embora muitas vezes de forma mais velada. É importante entender que a “síndrome de impostora” dificilmente desaparecerá por completo. Afinal, foram anos e anos de um padrão de comportamento.

Segundo o Merrill Edge Report: Spotlight on Women, 56% das mulheres ainda não confiam nos próprios instintos para tomar decisões sobre como investir o seu dinheiro.

Mais do que nunca, é momento de despertar!

No início do mês, a B3 (B3SA3) informou que o número de investidores ativos na bolsa de valores brasileira bateu, após mais de um século de existência, a marca de 3 milhões. As mulheres ainda são minoria, totalizando apenas 25% do total de investidores pessoa física.

A boa notícia é que, durante a pandemia, o número de investidoras aumentou no Brasil. O que me faz acreditar, sim, em um momento de despertar. O cenário conta a nosso favor. Vivemos uma nova realidade que nos favorece em diferentes aspectos.

Cada vez mais se discute a necessidade de adoção de novos hábitos. A representatividade feminina cresce cada vez mais. As mulheres não estão somente mais interessadas sobre investimentos, mas estudam o tema cada vez mais. Pra contribuir, as taxas de juros estão em patamares muito baixos.

Que nós, mulheres, não precisemos mais cair do cavalo para aprender a confiar em nossos instintos.

Seja para cuidar de nós mesmas e de quem tanto amamos.

Seja para conquistar a nossa tão importante independência financeira.

*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro.

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