Segundo o Mapa da Inadimplência, estudo conduzido pelo Serasa, em abril, 66 milhões de famílias brasileiras encontravam-se endividadas e com alguma pendência em seu nome. O cenário fica ainda mais difícil com a alta recente da inflação. Em meio a isso, mais e mais brasileiros veem seu nome ficar “sujo na praça”.
O InvestNews conversou com Jessyca Rodrigues, educadora financeira da SVN, sobre como sair das dívidas mesmo ganhando pouco. A educadora, com mais de 10 anos de mercado em grandes bancos, lista um passo a passo para sair das dívidas e começar a investir:
Mantenha sua organização financeira
A organização financeira é essencial para quem quer sair das dívidas. “A melhor ferramenta para quem quer se organizar financeiramente é anotar”, diz ela. Segundo Rodrigues, quatro categorias merecem especial atenção:
- Dívidas em aberto
- Dinheiro a receber,
- Gastos fixos
- Gastos flutuantes (o que não é recorrente)
“Ter esses valores em mãos vai ajudar a entender o tamanho do buraco entre aquilo que se recebe e aquilo que está comprometido em gastar”, esclarece ela.
Entenda a origem das dívidas
Depois de ter anotado todas as dívidas e valores a serem pagos, é necessário saber de onde elas surgiram. É aluguel vencido? Contas de luz? Empréstimo no banco? Financiamento de casa ou carro?
Esse conhecimento será essencial para a próxima etapa do processo: criar uma lista de emergências, da dívida mais para a menos importante.
Mapeie as dívidas mais importantes
Para definir qual é a mais importante, é necessário coloca-las em perspectiva. “Dessas dívidas, caso não seja paga, qual irá impactar mais na minha vida? Qual a menos? Isso vai ajudar a priorizar quais pagar primeiro e quais depois”, esclarece Rodrigues.
Segundo ela, não adianta cair na ilusão de pagar e quitar todas do dia para a noite. O mapeamento é importante para elencar as prioridades.
Corte a origem do problema
Esse mapeamento ajudará a definir quais são as origens desses gastos. “Depois que isso for definido, podemos começar a cortar para que a bola de neve não cresça mais”, continua ela. “Se for um cartão, algo que normalmente acontece com a pessoa física, é válido sermos drásticos e cancelarmos o cartão. Comigo havia sido um carro financiado. Vendi o carro. Amarguei um prejuízo, mas sem os gastos com IPVA, combustível e manutenção, afora as mensalidades, saí muito mais rápido desse cenário”.
Renegocie as dívidas
Segundo Rodrigues, a parcela média dos bancos é de 13% – uma parcela que pode ser negociada para baixar a até 1,5%. “Assim você consegue ou diminuir os juros ou ampliar o prazo de pagamento, de modo a diminuir o valor total e garantir que o dinheiro que entra dê vazão ao que você precisa gastar”, diz ela.
“A ideia é parar de tirar roupa de um santo para vestir o outro”, brinca. A renegociação de dívidas pode ser feita por meio de ligações para as instituições bancárias, com a intenção de esclarecer o cenário e buscar melhores soluções para ambos.
Crie uma meta
Entrando no aspecto psicológico de se vencer o endividamento, Rodrigues nos recomenda que seja criada uma meta de quitação das dívidas, um objetivo a ser seguida. “Isso irá te dar um norte e ajudar a manter o foco na diminuição das dívidas”, afirma.
Essas metas devem ser quantificáveis. Por exemplo, caso você queira quitar as dívidas do cartão, pode estudar liquidá-lo em um ano, ou em 18 meses, por exemplo. Esse objetivo irá ajudar a nortear seus gastos.
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Muito do fator endividamento é psicológico, e se deve a uma grande vergonha entre membros da família em compartilhar essa situação. A associação com dívidas, afirma Rodrigues, costuma ser com irresponsabilidade, algo que ninguém quer ser acusado.
“Aqui não necessariamente estamos falando de pedir empréstimos entre familiares, mas de compartilhar a situação, de modo a criar uma conscientização – própria e nos outros – das suas condições”.
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