Finanças

Após 7 altas seguidas, Ibovespa fecha em queda de 0,9%; dólar sobe a R$ 4,88

Bolsa de Valores teve movimento de correção de mercado, enquanto investidores ficam de olho na reunião do Fomc

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Como tudo o que sobe, uma hora cai, o Ibovespa seguiu o mesmo fluxo. Nesta terça-feira (9) a bolsa de valores apresentou um movimento de correção de mercado e fechou em queda de 0,92% aos 96.746 pontos.

Os investidores estão de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que debe discutir a taxa de juros dos EUA nesta quarta-feira (10).

No Brasil enquanto a tensão política faz alguns burburinhos, na economia o anuncio de Paulo Guedes de que vai unificar programas sociais e lançar o Renda Brasil, agrada os mercados. O ministro da Economia divulgou também que o auxílio emergencial será prorrogado por dois meses. Para os trabalhadores brasileiros, o governo deve ainda lançar os programas de emprego Verde e Amarelo.

Já o dólar retoma seu ritmo de alta, após cair nas últimas três sessões. O dólar comercial fechou em alta de 0,69%, cotado a R$ 4,888. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 4,923.

Entre as ações mais negociadas do dia subiram: o Itaú Unibanco (ITUB4) e o IRB Brasil (IRBR3), que avançaram 3,34% e 23,36%. Caíram os papéis da Petrobras (PETR4), AZUL (AZUL4) e Bradesco (BBDC4), que recuaram 3,60%, 5,74% e 2,22%, respectivamente.

A queda do petróleo no exterior impactou nas ações da Petrobras. A cotação da commodity cedeu quase 3,00%, diante de relatos de que a Líbia teve de fechar seu campo de Sharara devido à presença de uma “força armada” no local.

As ações preferenciais da estatal (PETR4) fecharam em queda de 3,60%, enquanto as ordinárias (PETR3) caíam 2,83%.

Destaques da Bolsa

O destaque positivo do dia foi do IRB Brasil (IRBR3) que disparou 23,26%, cotada a R$ 13,25. Aparentemente os investidores compraram o papel atraídos pelo baixo preço. No entanto, a companhia que atravessa sérios problemas de governança desde o começo do ano, chegou a perder quase 70% no acumulado do ano.

Ainda entre as maiores altas subiram os shoppings: com as ações do Iguatemi (IGTA3) e a Multiplan (MULT3) avançando 4,86% e 4,73%, respectivamente. As ações das companhias são influenciadas pela retomada econômica de alguns setores.

Entre as maiores quedas recuaram os papéis das companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), que caíram 6,63% e 5,74%. Apesar da recuperação econômica, as companhias aéreas ainda sentem os impactos da pandemia, com dificuldade de manter empregos e contas operacionais.

Caiu também a Petrobras (PETR4), que recuou 3,60%, com os contratos de petróleo WTI e Brent em baixa.

Clima doméstico

Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo vai prorrogar a concessão do auxílio emergencial a informais por mais dois meses e que espera que, em 60 dias, haja organização de retorno seguro ao trabalho no País.

O salto de 1,36% do IGP-M na primeira prévia de junho está em segundo plano. O indicador havia caído 0,32% na primeira leitura de maio. O investidor mantém a aposta de corte mais agressivo da Selic, de 75 pontos-base, na semana que vem. O mercado também está em compasso de espera pelo IPCA de maio, que sai nesta quarta.

Especialistas avaliam que as manobras do governo para mascarar o número de mortes causadas pela covid-19 podem configurar crime de responsabilidade ao presidente Jair Bolsonaro, e para Pazuello. E o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Ministério da Saúde volte a divulgar a íntegra dos dados de covid-19 em balanços diários.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou hoje o julgamento de ações que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, e o Tribunal de Contas da União (TCU) analisará a representação do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sobre os gastos sigilosos no cartão corporativo de Jair Bolsonaro.

Bolsas europeias

As bolsas europeias operam em baixa na manhã desta terça-feira, após oscilarem bastante na abertura dos negócios, à medida que investidores aproveitam o clima de cautela que precede o anúncio de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para realizar lucros oriundos do recente rali na região.

Nas duas últimas semanas, os mercados da Europa se valorizaram significativamente em meio a esperanças de que a recuperação econômica do choque do coronavírus seja mais rápida do que se imaginava. A Alemanha, porém, continua sendo fonte de preocupações.

Juros Futuros

Os juros futuros fecharam a sessão com taxas perto da estabilidade, mas com viés de alta, em meio à pressão do câmbio e expectativa com a agenda da semana, que tem como destaques a decisão de política monetária do Federal Reserve e o IPCA de maio, ambos nesta quarta-feira, 10. Assim como ontem, o mercado se ressentiu de vetores mais fortes a conduzir os negócios, num dia em que o calendário econômico continuou esvaziado. Pela manhã desta terça, 9, as declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, tidas como “dovish”, chegaram a limitar a influência do câmbio e trazer as taxas mais perto da estabilidade.

Em videoconferência organizada pelo Credit Suisse, o diretor do BC voltou a dizer que, diferentemente dos Estados Unidos e da União Europeia, o Brasil está longe do juro zero. Por isso, ele repetiu que o BC continuará fazendo política monetária tradicional no curto prazo. “Vamos fazer política monetária através da Selic, onde ela é mais eficiente e tem menos riscos.”

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 3,14%, de 3,121% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,773% para 5,78%. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 6,73%, de 6,712%.

Já o IPCA de maio tem potencial para definir o rumo das taxas logo na abertura da sessão. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast aponta deflação de 0,46%, mas Rostagno lembra que alguns índices têm surpreendido. “Em 12 meses, o acumulado deve vir abaixo de 2%, se afastando ainda mais do piso da meta (2,50%)”, disse o estrategista. Em 12 meses até abril, o IPCA aponta inflação de 2,40%.

A agenda do dia até trouxe dados de inflação, mas que foram apenas monitorados. A primeira prévia do IGP-M de junho mostrou uma guinada no índice, com alta de 1,36%, ante queda de 0,32% na mesma leitura de maio. O IPC-Fipe da primeira quadrissemana do mês ficou estável, após cair 0,24% em maio.

*Com Estadão Contéudo

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