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Finanças

Apple enfrenta início de ano turbulento com rebaixamento e queda nas ações

Empresa mais valiosa do mundo sofreu revés nos primeiros pregões do ano em meio a vendas mais fracas do iPhone.

A Apple (AAPL34) iniciou 2024 em “marcha ré”. As ações da gigante de tecnologia listadas em Nova York registraram sua primeira alta do ano apenas nesta segunda-feira (8). Mas as perdas acumuladas neste começo de janeiro superam 3,5%, em meio a rebaixamentos na recomendação da empresa e processos antitruste na Europa e Estados Unidos. 

O revés começou já no primeiro pregão em Wall Street. No último dia 2 de janeiro, o Barclays rebaixou a recomendação da Apple de equal weight para underweight, o que seria o mesmo que dizer que saiu de “neutro” para “venda”. 

Em relatório, o analista do Barclays Tim Long cita as fracas vendas do iPhone 15, a falta de lançamentos que instiguem o público a trocar de dispositivos, além do crescimento menor da linha de serviços e os altos múltiplos que a empresa negocia. 

Loja da Apple em Bruxelas, Bélgica 28/11/2022 REUTERS/Yves Herman

Com isso, o preço-alvo caiu a US$ 160 por ação, o que representa mais de 10% de desvalorização em relação ao preço atual de US$ 185,50. Vale lembrar que os papéis da Apple subiram quase 50% no ano passado.

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Duas baixas, em três dias

Dois dias depois, foi a vez de Harsh Kumar, da Piper Sandler, também rebaixar a recomendação da Apple, de compra para neutro. O analista citou as dificuldades de vendas de iPhones, combinado com o aumento de estoques, além do ambiente econômico desafiador na China e as recentes notícias negativas. 

A Apple está contestando uma decisão da União Europeia (UE) que pode levar à imposição de obrigações adicionais e mais rigorosas nas lojas de aplicativos (apps). Além disso, o Departamento de Justiça dos EUA caminha para concluir uma investigação que mostra as estratégias da empresa para manter sua dominância no mercado.

Para Kumar, tal cenário mais avesso não justifica os múltiplos acima da média histórica. Em ambos os casos, a redução da recomendação do Barclays e do Piper Sandler foi acompanhada de uma sugestão para investir na empresa de Bill Gates, a Microsoft (MSFT34).

Apesar de parecer avaliações incomuns para a Apple, dados compilados pela Bloomberg mostram que ao entrar em 2024, a empresa já era a ação de tecnologia de grande porte com o menor número de recomendações otimistas. Segundo a agência, a relação de recomendações de compra da Apple caiu para perto de uma mínima de três anos.

Além disso, é também a única grande do setor a ver contração nas receitas nos últimos quatro trimestres. De acordo com a média das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg, espera-se um aumento da receita em 3,6% no ano fiscal de 2024, com expansão de 7,9% no lucro do período. 

Dado o peso da Apple no S&P 500 e no Nasdaq 100, de 7,05% e 9,22%, respectivamente, qualquer revés da ação pode representar um impacto considerável no mercado acionário norte-americano. Afinal, nenhuma outra empresa possui uma participação tão significativa como a Apple atualmente.

Trata-se de algo histórico, que nenhuma das outras 7 Magníficas conseguiu, e serve também de alerta para a importância da big tech no mercado financeiro, desempenhando um papel crucial no comportamento dos principais índices de ações. Porém, não se trata de uma visão exclusiva em Nova York

Para a XP Investimentos, não é de hoje que os desafios enfrentados pela Apple chamam a atenção. “Temos mencionado com frequência as dificuldades que a empresa capitaneada por Tim Cook têm enfrentado recentemente”, afirmam os estrategistas Paulo Gitz e Jennie Li, além da analista Maria Irene Jordão, em relatório.

Rival chinês

Dados recentes divulgados neste início de semana mostram que o pessimismo com a Apple se justifica e podem levar a uma correção mais profunda no mercado financeiro. Segundo o Jefferies, as vendas do iPhone caíram mais de 30% em 2023, em base anual, sendo que houve uma perda de 0,4 ponto percentual (pp) de participação de mercado na China.

“O recuo do IPhone no mercado chinês ano a ano é uma surpresa negativa”. 

Analistas do Jefferies, em relatório.

Para o banco, esse desempenho ruim no mercado chinês não se dá apenas pela concorrência com a Huawei, cujo novo dispositivo, o Mate 60, é um competidor à altura dos aparelhos lançados pela empresa norte-americano. Além disso, a disputa também se dá com outros rivais locais, como a Xiaomi

Smartphone iPhone 15 Pro apresentado durante evento da Apple em Cupertino, Califórnia 12/9/2023 REUTERS/Loren Elliott

Vale lembrar que no fim de 2023 houve uma ampliação das restrições do uso do Iphone em empresas estatais chinesas. Também houve a proibição da venda de dois modelos do Apple Watch no país por questões de patente. “Portanto, esperamos que a Apple enfrente ainda mais pressão de receita na China em 2024″, afirmam os analistas do Jefferies.

Para o banco, a gigante de tecnologia inicia janeiro tendo uma forte base de comparação, o que resultará em mais pressão sobre o crescimento neste ano. Por outro lado, a Huawei conseguiu manter a estabilidade de receita em base anual, apesar da comparação elevada, com a marca chinesa sendo a que conquistou o maior ganho de mercado global. 

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