Grandes bancos reforçam as equipes de suas unidades de metais para lucrar com a volatilidade que tem elevado os ganhos com negociações nos últimos três anos.
A invasão da Ucrânia pela Rússia e aumentos dos juros pelo Federal Reserve ampliaram as fortes oscilações nos mercados de metais. Cobre, ouro e alumínio subiram para níveis recordes, mas logo despencaram diante da política monetária mais apertada.
Os maiores bancos estão preparados para um ano de ganhos com commodities, já que a guerra na Ucrânia afeta os preços das matérias-primas. Esta fase segue uma década de desaceleração na qual muitos bancos reduziram ou abandonaram a negociação de metais.
O Bank of America (BOAC34) e o Morgan Stanley (MSBR34) fizeram contratações para suas divisões de metais, enquanto o Deutsche Bank (DBAG34) avalia retornar ao segmento depois de deixá-lo há pouco menos de uma década.
Os lucros dos bancos com metais básicos subiram de 25% a 30% este ano, o que abre caminho para o melhor desempenho desde a crise financeira global, de acordo com Michael Turner, codiretor da Coalition Greenwich. “O aumento dos spreads, a volatilidade e os fluxos saudáveis impulsionaram as receitas dos bancos, com vários interessados em reinvestir no negócio”, disse.
A contratação coincide com a decisão do JPMorgan Chase, tradicional líder nesse mercado, de revisar sua exposição a commodities após a pressão compradora, ou “short squeeze”, sobre o preço do níquel em março, no qual foi a principal contraparte do Tsingshan Holding Group, o maior produtor mundial do metal que estava no centro da crise.
Nos últimos meses, o JPMorgan reduziu seu financiamento para empresas de metais chinesas, segundo apurado pela Bloomberg. Além disso, a reputação da divisão de metais preciosos do banco, líder do setor, foi afetada neste ano depois que seu ex-diretor-gerente foi considerado culpado de falsificação.
À medida que o JPMorgan recua em algumas áreas, outros bancos avançam. O Bank of America contratou recentemente Ben Green, um veterano de metais básicos, antes no Macquarie Group. A divisão de commodities do banco normalmente se concentra em energia em detrimento de metais como cobre, alumínio e zinco.
O Morgan Stanley reforçou a mesa de trading de metais preciosos no mês passado com Patrick Hayes, do Wells Fargo, segundo pessoas a par do assunto. Também trouxe Peter Smith, especialista em negócios físicos que passou décadas no JPMorgan. Por outro lado, o Morgan Stanley recentemente perdeu Ryan McCartney, seu chefe de negociação de metais básicos, para o hedge fund Squarepoint Capital.
O Deutsche Bank avalia se deve contratar alguém para reativar sua mesa de metais básicos, segundo pessoas com conhecimento do assunto e com um anúncio de emprego visto pela Bloomberg. Nenhuma decisão foi tomada ainda, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.
O JPMorgan é de longe o maior banco em trading de metais, sendo que Goldman Sachs, Citigroup e Macquarie também desempenham um papel importante. O HSBC é outro player de peso no mercado de metais preciosos.
Deutsche Bank, Bank of America e Morgan Stanley não quiseram comentar.
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