Finanças
Bolsa fecha nos 103 mil pontos com vacina da Pfizer e vitória de Biden
Este é o maior nível do Ibovespa desde 6 de agosto. Em novembro índice acumula ganhos de 10,18%.
Dia positivo para o mercado financeiro, o Ibovespa finalmente se afastou da marca psicológica dos 100 mil pontos e conseguiu encerrar as negociações com recuperação expressiva. O índice da B3 fechou em alta de 2,57% aos 103.515 pontos nesta segunda-feira (9).
Este é o maior nível do Ibovespa desde 6 de agosto, quando chegou aos 104.125 pontos. Em novembro índice acumula ganhos de 10,18%.
A vitória de Biden já tinha sido precificada a nível global, mas a notícia de que a vacina desenvolvida pela Pfizer e a BioNtech é 90% eficaz no combate ao coronavírus provocou euforia nos mercados. As companhias afirmaram que vão submeter os resultados das três fases de testes para revisão pela comunidade científica.
Nos EUA, a novidade animou os investidores apesar do aumento de casos de covid-19 que ultrapassou os 10 milhões de infectados. A possível resistência de Donald Trump em disponibilizar os documentos para a transição também foi ignorada.
“Na política americana, as vitórias nos estados de Nevada e Pensilvânia garantiram o número de delegados necessários para a eleição de Biden, diminuindo as incertezas relacionadas apesar da promessa de judicialização dos resultados pelo atual presidente Donald Trump”, afirma Murilo Breder, analista da Easynvest.
As bolsas americanas fecharam mistas: Dow Jones disparou 2,95%, o índice S&P 500 subiu 1,15% e Nasdaq chegou a operar no positivo mas virou para queda e fechou em baixa de 1,53%.
Na Europa foi um dia de euforia, todas as bolsas fecharam com ganhos acima de 4%. A maior alta foi da bolsa de Madri, que terminou o dia com ganhos de 8,57%, a 7,459,40 pontos.
A notícia da vacina foi um marco de recuperação para o mercado europeu que estava sofrendo com o aumento de casos e lockdown na França e Alemanha.
No cenário doméstico, o Ibovespa subiu colado em Wall Street e repercutindo o anúncio do Ministério da Saúde, que garantiu estar em negociações com a Pfizer além de monitorar outras 254 vacinas contra a covid-19, muitas em estágios avançados.
O governo está atento à uma solução efetiva para utilizar no Brasil. E conta até com um consórcio com a Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde, para receber doses que beneficiem até 10% da população.
O dólar voltou a se recuperar após a queda de 6% na semana passada. O dólar comercial fechou estável, cotado a R$ 5,391 e com leve variação negativa de 0,04%. Na máxima do dia a moeda americana chegou a R$ 5,424.
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Entre as commodities, a Petrobras se valorizou com possível retomada na economia global após notícia sobre a eficácia da vacina. As ações preferenciais (PETR4) dispararam 9,42% e as ordinárias (PETR3) subiram 10,22%.
O petróleo Brent para dezembro teve alta de 6,87%, cotado a US$ 42,16 o barril. E o WTI para o mesmo mês avançou 7,70%, cotado em US$ 40.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia estão companhias impactadas diretamente pelo coronavírus, entre estas: aéreas, shoppings e CVC.
A maior alta do dia foi da Gol (GOLL4) que disparou 19,94%. Seguida da aérea Azul (AZUL4) que valorizou 18,43%. Subiram também as Lojas Renner (LREN3) e a Multiplan (MULT3) que avançaram 14,51% e 14,05%, respectivamente.
No lado oposto do Ibovespa, a maior queda do dia foi da Totvs (TOTS3) que recuou 5,47%, seguida da B3 (B3SA3) que caiu 4,89%.
Foi um dia de perdas para o setor de varejo, Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3) despencaram 3,54%, 3,22% e 3,15%, respectivamente. Segundo Breder, embora a Via Varejo anunciou a compra de um hub de startups chamado Distrito, o que impulsiona a transformação digital do setor, o mercado ainda acompanha de perto a possibilidade de ter a Amazon no Brasil, com três novos centros logísticos.
Boletim Focus
Os economistas do mercado financeiro aumentaram pela 13ª semana seguida a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o índice oficial de preços – em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (9), pelo Banco Central (BC), mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 3,02% para 3,20%. Há um mês, estava em 2,47%.
Outras projeções:
- Selic: mantido em 2% ao ano;
- PIB: passou de retração de 4,81% para queda de 4,80%;
- Câmbio: mantido em R$ 5,45 até o final do ano;
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York dispararam durante o pregão desta segunda-feira, 9, com os mercados financeiros impulsionados pela eleição de Joe Biden nos Estados Unidos e por um avanço em uma vacina experimental para a covid-19, mas devolveram parte dos ganhos e fecharam sem direção única. O índice acionário Nasdaq, principalmente, foi pressionado por ações de grandes empresas de tecnologia e serviços de comunicação, que foram beneficiadas com o home office e poderão perder atratividade se uma vacina resultar no controle da pandemia.
Com uma redução dos ganhos no final do sessão, o Dow Jones subiu 2,95%, a 29.157,97 pontos, e o S&P 500 avançou 1,17%, a 3.550,50 pontos. Os dois índices alcançaram máximas intraday durante a sessão. O Nasdaq, por sua vez, encerrou em baixa de 1,53%, a 11.713,78 pontos.
As ações que mais se valorizaram hoje foram aquelas de empresas que serão beneficiados por uma reabertura econômica total caso a pandemia de covid-19 termine. Os subíndices de energia e financeiro lideraram os ganhos no S&P 500, subindo 14,22% e 8,17%, respectivamente.
No setor aéreo, Boeing avançou 13,71% e American Airlines subiu 15,18%. Entre as petroleiras, Chevron registrou alta de 11,60%. Entre as operadoras de cruzeiros, Royal Caribbean disparou 28,78%. No setor bancário, os papéis do JPMorgan ganharam 13,54% e os do Citigroup 11,54%.
O apetite por risco no mercado acionário americano foi impulsionado pela informação de que a vacina experimental contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech se mostrou 90% eficaz na prevenção do coronavírus. As ações da Pfizer avançaram 7,69%.
“Os resultados positivos representam um marco na busca por uma solução significativa para a pandemia”, afirma a economista-chefe do Stifel, Lindsey M. Piegza. Após o anúncio das farmacêuticas, o JPMorgan passou a prever que o S&P 500 encerrará 2020 em um nível acima dos 3.600 pontos e alcançará 4.000 pontos no início de 2021. “O mercado de ações está enfrentando um dos melhores cenários para ganhos sustentados em anos”, dizem os analistas do banco americano.
Antes disso, o clima já era de otimismo entre os investidores, após a eleição de Joe Biden para a presidência dos EUA ter sido confirmada no final de semana. Apesar da ofensiva do presidente Donald Trump para judicializar o resultado eleitoral, o mercado foca na perspectiva de uma presidência democrata juntamente com um Senado republicano, o que poderia barrar aumentos de impostos e regulações.
Os setores de tecnologia e serviços de comunicação, por outro lado, caíram 0,73% e 0,25%, respectivamente, no S&P 500, e puxaram uma redução nos ganhos dos índices acionários no final do pregão. Apple recuou 2,00%, Amazon cedeu 5,06% e Facebook caiu 4,99%. As gigantes de tecnologia foram beneficiadas com o home office adotado nos últimos meses pelas empresas para restringir a circulação de pessoas durante a pandemia. Caso uma vacina seja aprovada, essas ações podem perder o apelo entre investidores.
No início da sessão, a Dow Jones Newswires chegou a informar que o Dow Jones e o S&P 500 mostravam o melhor início de mês desde 1939 e o Nasdaq, desde 2002.
Bolsas na Europa
As bolsas da Europa fecharam com fortes altas, seguindo uma euforia dos mercados com a divulgação de que uma vacina experimental contra covid-19 desenvolvida pela Pfizer em conjunto com a BioNTech registrou 90% de eficácia. Setores que são mais impactados ao noticiário sobre a doença tiveram altas extremamente expressivas, com destaque para o aéreo. Petroleiras e bancos também tiveram bom desempenho na sessão. O índice pan-europeu Stoxx 600 teve alta de 3,98%, a 380,99 pontos.
No continente, a expectativa pela vacina foi endossada pelo anúncio da Comissão Europeia de que irá comprar 300 milhões de doses do imunizante da Pfizer. O clima de otimismo para as bolsas já vinha se intensificando com a vitória de Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos.
“A segunda onda de covid-19 continua a atrapalhar as economias em todo o mundo, e as últimas notícias sobre vacinas são um incentivo bem-vindo para a esperança de que 2021 possa ser um ano muito melhor do que 2020 para a economia global”, avalia o ING.
As ações das companhias aéreas do continente disparam. A expectativa de que a vacina leve a uma retomada nas viagens impulsionou as altas de IAG, que controla a Iberia e a British Airways,(+25,68%), Easyjet (35,96%) Air France-KLM (+27,48%), Lufthansa (19,88%) e Amadeus (+15,68%).
Com ganhos que chegaram aos 10% durante o pregão, o petróleo em Nova York e Londres impulsionou as ações das empresas do ramo em diversas bolsas. As perspectivas positivas para a economia global levaram aos avanços de Total (+15,07%), BP (+15,05%), Royal Dutch Shell (+12,48%), Repsol (18,23%), Eni (12,78%), Galp (17,40%).
O setor bancário foi outro que disparou com as perspectivas positivas para a economia. Barclays (13,66%), Caixabank (14,98%), Santander (19,22%), BNP Paribas (+17,98%) tiveram importantes altas ao redor da região.
A maior alta entre as principais bolsas europeias foi em Madri, com o IBEX 35 chegando a ultrapassar os 7.500 pontos, nível que a imprensa local registra que não havia sido alcançado desde julho do último ano. Ao longo da sessão, a euforia diminuiu um pouco, e o índice terminou com avanço de 8,57%, a 7,459,40 pontos.
Em um dia também positivo para o setor automotivo, a Peugeot teve alta de 7,53%, e ajudou no avanço do CAC 40 em Paris, que subiu 7,57%, a 5.336,32 pontos.
A Volkswagen teve alta de 6,88% em Frankfurt, onde o DAX avançou 4,94%, a 13.095,97 pontos.
A alta da Pirelli de 14,22% ajudou o FTSE MIB a fechar com avanço de 5,43% em Milão, a 20.750,18 pontos.
O BCP Millenium teve avanço de 18,92%, em meio ainda ao intenso noticiário financeiro português, e foi a maior alta no PSI 20, que subiu 4,50%, a 4.222,68 pontos, em Lisboa.
Em Londres, o FTSE teve alta de 4,67%, a 6.186,29 pontos.
*Com Estadão Conteúdo