A gestora Claritas Investimentos praticamente zerou a posição comprada no real nesta terça-feira (7), depois do anúncio das medidas do governo para conter o preço dos combustíveis.
As iniciativas, que foram mal recebidas pelos investidores, agravam a percepção de risco sobre a sustentabilidade da dívida pública, diz Damont Carvalho, gestor dos fundos macro, em entrevista.
A gestora de recursos, com R$ 7,9 bilhões sob administração, já havia diminuído a posição comprada na moeda brasileira contra o dólar em maio, de olho nos riscos eleitorais.
“As eleições vão começar a pesar e, em um ambiente de maior volatilidade, o câmbio vira um hedge natural do mercado. Isso deve segurar um pouco o real”, afirma Carvalho. “Além do mais, a alta dos juros globais, em um momento em que o Banco Central se encontra perto de encerrar o aperto, também passa a ser um vetor contrário.”
Plano de Bolsonaro para combustíveis aumenta incerteza fiscal
A moeda brasileira acumula ganhos de cerca de 15% no ano, e supera de longe o desempenho das principais divisas — o peso mexicano é um distante segundo colocado, com alta de quase 5%.
De acordo com o gestor, os fundamentos para um real valorizado permanecem, como a alta das commodities e o diferencial de juros elevado, impulsionado pelo aperto monetário de mais de 10 pontos percentuais da Selic.
Ainda assim, até o cenário eleitoral ficar mais claro, a taxa de câmbio deve permanecer com desconto em relação ao que ele vê como o “valor justo”, de R$ 4,30.
“Agora estamos praticamente zerados, à espera de um cenário mais claro para montar uma posição mais parruda”, diz. “A arrecadação está muito boa no curto prazo, mas as nuvens de médio e longo prazo nesse cenário são cada vez mais espessas.”
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