Quem não está envolvido no mercado financeiro, tendo suas reservas (e seu futuro) em jogo com as oscilações da bolsa de valores, pode achar interessante ver o “circo pegar fogo”. Altíssimas variações, emoções à flor da pele e muito dinheiro em jogo.
Mas desde a implantação do “Circuit Breaker”, em 1997, ao menos as oscilações negativas nunca mais serão as mesmas. O mecanismo interrompe todos os negócios da Bolsa por 30 minutos em caso de queda de mais de 10%.
Ainda assim, os famosos “bulls” e “bears”, cujo significado explicamos nessa matéria, continuam tirando o sono dos investidores brasileiros. Confira a lista que preparamos com algumas das maiores variações da Bolsa desde 1968, ano de criação do Índice Bovespa.
Bulls (altas)
04/02/1991 – Plano Collor II: 36,05%
No dia 4 de fevereiro de 1991, o Ibovespa teve a maior alta da história, de 36,05%, em um único pregão. O país atravessava um verdadeiro caos econômico no começo da década de 90. A inflação de quase 1200% em 1990, muita incerteza cambial e sucessivos equívocos na política econômica levavam o mercado a agir baseado na expectativa pelo sucesso de políticas de controle dos preços.
Ávido por iniciativas bem-sucedidas para o cenário econômico, o mercado mostrou claramente a sua aprovação ao Plano Collor II. Na semana anterior à maior alta histórica do Ibovespa, foram cinco valorizações impressionantes seguidas. As marcas de 11,96%, 6,18%, 6,12%, 8,00% e 3,40%, somadas aos 36,05% levaram o índice a uma valorização de 71% em seis dias.
O Programa Nacional de Desestatização, a criação do Fundo de Aplicações Financeiras, a abertura do mercado brasileiro às importações e a abertura da Bolsa ao investidor estrangeiro são provavelmente as maiores causas das sucessivas altas.
15/01/1999 – Bolha da internet: 33,89%
Com a economia já mais equilibrada que na “Era Collor”, a Bolsa brasileira registrou uma alta de 33,89% em 15 de janeiro de 1999, em meio a especulações que posteriormente levariam à “bolha da internet”. No ano, foram 151,9% de alta do índice, inflado pelas grandes expectativas do setor de tecnologia, em franco crescimento no Brasil e no mundo.
Bears (baixas)
21/03/1990 – Plano Collor I: -22,27%
Sim, nossa lista está “recheada” de momentos pitorescos da “Era Collor”. No dia 21 de março de 1990, a Bolsa registrou a maior queda da história: despencou 22,27% depois do pânico que se instaurou no país com o anúncio do Plano Collor I.
Congelamento de preços e salários, eliminação de benefícios fiscais para importações, e claro, o famigerado bloqueio de valores depositados em contas correntes e poupanças da população… Tudo isso levou o mercado a uma onda de pessimismo que culminou no pior ano do Ibovespa, com perdas de 74,11% no acumulado de 1990.
20/03/1990 – Plano Collor I: -20,97%
Um dia antes da maior queda da Bolsa na história, o índice também registrou perdas históricas: -20,97%. Antevendo o pior ano na história do Ibovespa e o pessimismo do mercado com os rumos da economia brasileira, investidores vendiam seus ativos em renda variável se preparando para o impacto do congelamento anunciado pelo governo. Em apenas dois dias, a Bolsa brasileira registrou mais de 43% de desvalorização.