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Finanças

Decisões do FED e mundo cripto: os dois lados da moeda

Se no curto prazo as perspectivas do bitcoin com as decisões do FED são incertas, investidores podem encontrar algum conforto olhando para trás.

O mercado de criptomoedas ficou apreensivo nesta Super Quarta, com a expectativa dos anúncios do Fed sobre a taxa de juros americana.

De acordo com dados da Bolsa Mercantil de Chicago, a probabilidade do mercado de que as taxa de juros se mantivessem inalteradas era de 99% – e se confirmou. Mesmo assim, investidores e traders de criptomoedas ficaram atentos. Afinal, a sinalização de que os juros cairiam menos do que a expectativa ao longo do ano diminuiria o apetite por ativos de risco, enquanto a confirmação de uma política monetária menos dura, como aconteceu, aumentaria o apetite pelas moedas digitais, sobretudo do bitcoin (BTC).

Usualmente, o BTC tem sido um ativo correlacionado com os mercados financeiros tradicionais. Isso significa que seu preço segue necessariamente as mesmas tendências de ações ou títulos. Mas essa percepção tem mudado ao longo do tempo.

É importante mencionar que o bitcoin surgiu em meio à crise econômica de 2008, que acarretou a maior recessão global desde a Grande Depressão de 1929. Na época, a confiança dos investidores nas grandes instituições financeiras havia sido abalada, e a criptomoeda se apresentava como uma alternativa ao sistema financeiro convencional.

O FED afeta o bitcoin

As decisões do Fed tem afetado o bitcoin principalmente através da percepção de risco e da força do dólar. Quando o banco central dos EUA aumenta as taxas de juros, o dólar geralmente se fortalece, o que pode levar a uma fuga de ativos de risco, como o BTC. Por outro lado, taxas mais baixas podem enfraquecer o dólar e tornar a criptomoeda mais atraente como uma reserva de valor alternativa.

Na prática, quando os juros dos EUA sobem, fica mais atraente investir em títulos do Tesouro americano. Estes, por sua vez, são reconhecidos como um dos investimentos globalmente mais seguros. Com o aumento dos juros, o ganho com esses títulos também cresce e os ativos de risco, como o bitcoin, se tornam menos atrativos. A analogia oposta também vale: quando a taxa de juros americana cai, os ativos de risco ficam mais atrativos.    

Políticas do Fed ainda impactam as expectativas de inflação, o que pode afetar a demanda pelo bitcoin como um hedge contra a desvalorização da moeda. Dessa forma, além da decisão sobre os juros em si, o mercado acompanha de perto os dados econômicos dos EUA, já que são esses números que guiam o banco central na tomada de decisão.

… mas isso está mudando

De fato, o bitcoin tem sido historicamente sensível às políticas do FED. Porém, há indícios de que essa correlação tem enfraquecido. Essa mudança pode ser devido a vários fatores, incluindo a maturidade do mercado de criptomoedas e a percepção do bitcoin como um “porto seguro” em tempos de incertezas macroeconômicas.

Além disso, eventos específicos do setor, como falências bancárias ou crises geopolíticas, podem influenciar o preço da maior criptomoeda do mercado de maneiras que não estão diretamente ligadas às políticas do FED.

Uma continuidade dos problemas no setor financeiro, por exemplo, pode ajudar o bitcoin, reforçando a tese do ativo como um meio de proteção.

Essa possível descorrelação é significativa porque sugere que o bitcoin pode estar começando a operar mais independentemente das políticas monetárias tradicionais e, em vez disso, ser influenciado por fatores internos do mercado de criptomoedas e pela sua própria dinâmica de oferta e demanda.

É impossível prever as cotações futuras do bitcoin, mas é necessário ter em mente que isso tem pouca importância no longo prazo. O bitcoin é um ativo escasso, que não pode ser criado de acordo com a vontade de uma autoridade central como acontece com as moedas fiduciárias controladas pelos governos, a exemplo do dólar. Dessa forma, a tendência do BTC ao longo do tempo é de valorização caso a demanda continue crescendo – e isso independente das decisões tomadas pelo FED.

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