A demanda por ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) com o dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) alcançou R$ 9 bilhões na oferta que dará lugar à privatização da companhia, segundo informações divulgadas pelo jornal “Estadão”. Com isso, a procura de investidores superou o teto de R$ 6 bilhões estabelecido pelo governo. Veja como a privatização deve impactar os brasileiros.
Segundo as regras da oferta, caso a demanda fosse maior que o teto estipulado, haveria um valor máximo de R$ 50 mil por trabalhador. Se ainda assim não alcançar o teto estipulado, haverá um rateio, com redução do investimento proporcional, mesmo para quem investiu abaixo de R$ 50 mil.
A oferta de ações da elétrica brasileira será precificada nesta quinta-feira (9), com estimativa de chegar a cerca de R$ 35 bilhões e ter entre seus compradores o fundo de pensão canadense CPPIB e o fundo soberano de Cingapura GIC.
Em um primeiro momento, o Estado terá sua participação diluída de 72% para 45%, posição que ainda deve facilitar o avanço da companhia em projetos junto com outros países.
Demanda total chega a R$ 70 bi, diz Reuters
A demanda total por ações da Eletrobras está se aproximando de R$ 70 bilhões, duas vezes o valor projetado para a operação, de R$ 35 bilhões, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
O preço será definido com base na demanda da oferta. O prospecto da operação considerava o valor da ação em 44 reais, cotação de fechamento quando a operação foi lançada. A esse preço e com a venda de lotes adicionais, a oferta arrecadaria cerca de R$ 35 bilhões.
Nesta manhã, as ações preferenciais ELET6 eram negociadas em leve alta, perto de R$ 41,90. Com a demanda maior, espera-se que os investidores tenham seus pedidos de volume de ações reduzidos.
Pólo de transição energética
Maior empresa de geração e transmissão de energia da América Latina, a Eletrobras pode se tornar um importante ator da transição energética após a oferta bilionária de ações prevista para esta semana retirar o governo do controle da companhia, marcando a maior privatização de uma empresa no Brasil em mais de 20 anos.
Maior fôlego financeiro para investir em fontes de geração renovável e novas tecnologias, corte de custos e despesas e diminuição dos mais de R$ 80 bilhões em contingências estão entre os ganhos da desestatização vistos por analistas, que ponderam que a “virada de chave” não deve ocorrer no curto prazo, mas faz parte de um processo que pode demorar anos para ser concluído.
Um dos benefícios mais evidentes da privatização para a Eletrobras é a mudança de seus contratos de concessões de 22 usinas hidrelétricas para um novo formato, fora do regime de cotas, que trava ganhos de receita.
Com a renovação contratual, a geradora poderá se beneficiar da dinâmica de preços a partir da venda de energia no mercado livre, que promete se expandir nos próximos anos com a abertura para novas classes de consumidores, até mesmo residenciais.
Mas a expectativa é que a Eletrobras fortaleça seu posicionamento estrátegico para além das hidrelétricas, investindo nos seus próprios parques de geração eólica e solar –algo que já fez no passado mas em associação com outras empresas.
*Com Reuters
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