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Finanças

Dividendos: veja 7 ações da nova carteira recomendada para março

Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, o retorno em dividendos da carteira nos próximos 12 meses é de 6,6%

Viver de renda é o objetivo de muitos investidores – seja para ter conforto e liberdade financeira no futuro ou até mesmo como planejamento de aposentadoria. Mas se tratando de um investimento de longo prazo (entre 5 e 10 anos), escolher companhias resilientes e boas pagadoras de dividendos pode ser uma tarefa complicada. Afinal, vale escolher uma empresa olhando apenas o retorno em dividendos ou é preciso avaliar outros fatores na hora de montar uma carteira de geração de renda?

Frente a tantas dúvidas, Murilo Breder, analista da Easynvest, lançou uma nova carteira de ações focada em dividendos. A carteira está composta por sete companhias de setores diversos: energia, commodities, financeiro, alimentos, agronegócio e construção civil. O retorno esperado em dividendos (dividend yield) desta carteira para os próximos 12 meses é de 6,6%.

Veja abaixo 7 ações da carteira de dividendos da Easynvest para março:

EmpresaCódigoAlocaçãoEntradaComprar atéFrequência de distribuiçãoDY projetado (próximos 12 meses)
B3B3SA315%09/03/2021R$ 70Trimestral4,80%
BrasilAgroAGRO315%09/03/2021R$ 30Outubro3,10%
Coca-ColaCOCA3415%09/03/2021R$ 60Anual3,20%
CopelCPLE615%09/03/2021R$ 80Dezembro10,50%
TaesaTAEE1115%09/03/2021R$ 40Maio, outubro e novembro7,90%
ValeVALE315%09/03/2021R$ 110Anual8,80%
CyrelaCYRE310%09/03/2021R$ 30Julho e dezembro8,10%

Retorno em dividendos esperado (dividend yield) da carteira para os próximos 12 meses: 6,60%

Breder explica que o número de 6,6% foi calculado como forma de acompanhar a metodologia de grandes ícones do mercado de dividendos, como Luiz Barsi, maior investidor individual da bolsa brasileira, que considera 6% com um bom dividend yield.

Todas as companhias da carteira entregam um retorno acima de 3%, com algumas chegando a um dividend yield de 10,5%. “Esse é um retorno razoável considerando a Selic atual em 2% a.a e as projeções de juros de 4% no final de 2021”, aponta o analista.

A frequência de pagamento dos dividendos também é diversa. Algumas companhias distribuem proventos duas vezes ao ano, trimestral ou até mesmo anualmente.

Nascida para superar o IDIV

Muitos investidores tendem a acreditar que uma empresa que paga bons dividendos não tem possibilidade nenhuma de crescimento. São os conhecidos setores resilientes da bolsa, como o de saneamento – figurinhas carimbadas no pagamento de proventos.

Mas Breder aponta que nem tudo é preto ou branco. Existem sim companhias na bolsa de valores que podem juntar as duas combinações (crescimento e dividendos) de forma eficiente.

Um exemplo é a B3 (B3SA3), que não para de crescer com o aumento de novos investidores pessoa física na bolsa de valores. A companhia teve um lucro de R$ 4,2 bilhões em 2020, um crescimento de 52,98% frente a 2019.

E anunciou recentemente o pagamento de R$ 1,19 bilhão em dividendos extraordinários. O dividend yield da B3 é de 4,8%. “É um retorno interessante considerando que a B3 continuará crescendo pelo número de investidores”, avalia Breder.

Seguindo essa combinação de pagamento de proventos e potencial crescimento das companhias, duas small caps também integram a nova carteira de dividendos da Easynvest. São Brasil Agro (AGRO3) e Copel (CPLE6), com um retorno estimado de 3,1% e 10,5%, respectivamente.

Breder justifica que uma carteira de ações vencedora é aquela formada por uma combinação de empresas que pagam dividendos e companhias de menor porte com alto potencial de crescimento (small caps). O analista considera o Ibovespa um índice concentrado apenas em commodities e bancos, e que não representa de fato o mercado de capitais. “Nos últimos 10 anos, o Ibovespa (IBOV) teve maior volatilidade e um retorno inferior do que os índices Small Cap (SMLL) e de dividendos (IDIV)”, aponta.

Por esse motivo, o objetivo da nova carteira de dividendos do analista é superar o retorno do IDIV no longo prazo.

Na estrutura da carteira, cada companhia tem uma função e grau de risco diferente. Há aquelas sólidas, com boa geração de lucro e caixa que facilitam o pagamento de dividendos de forma sustentável, e empresas que, além de remunerar o investidor, têm chances de dobrar de tamanho (small caps). Há ainda BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que além de bons proventos auxiliam na estratégia de ter uma parte da sua carteira dolarizada.

A alocação destas varia entre 10% e 15% da carteira. “Foi uma estratégia pensada no longo prazo e a diversificação”, reforça Breder.

As resilientes

No time das companhias mais resilientes e consolidadas da carteira estão: B3 (B3SA3), Taesa (TAEE11) e Vale (VALE3)

A B3 (B3SA3) foi escolhida por integrar um setor estável e previsível. Falando sobre a empresa, Breder comenta que, na hora de escolher boas pagadoras de dividendos, apenas o dividend yield (DY) elevado não é critério.

Isso porque muitas companhias acabam distribuindo dinheiro sem ter lucrado em determinado período ou até mesmo com endividamento alto. “Quando escolhemos pagadoras de dividendo, o ideal são companhias com margens saudáveis e sustentáveis, dívida baixa e um bom DY”, explica.

No caso da B3, ele justifica que a previsibilidade é marca registrada. “Não faz sentido falar que metade dos investidores vai deixar a bolsa ou multiplicar por 10 em alguns anos”, justifica. Além disso, ele destaca os bons resultados da companhia, representados nos seus balanços. O retorno em dividendos também é interessante, na visão do analista, na ordem de 4,8%.

Já a Taesa (TAEE11) também é conhecida pelo pagamento de bons dividendos. A companhia integra o setor de transmissão elétrica, considerado o mais seguro quando se fala de energia. Isso porque a tarefa da Taesa é levar a energia elétrica das geradoras até as distribuidoras, o que garante uma receita previsível e sem exposição a interferência do governo. O dividend yield projetado pelo analista para os próximos 12 meses para Taesa é de 7,9%.

Ainda entre as resilientes está a Vale (VALE3), que vive um momento considerado promissor, combinando potencial de crescimento e dividend yield elevado, na ordem de 8,8% segundo projeções.

A Vale distribui geralmente 30% do seu lucro, e 2021 está sendo um ano muito bom para a mineradora por três fatores: o preço elevado do minério de ferro (que está na máxima histórica), o dólar valorizado e a dívida baixa da companhia.

Há ainda a forte demanda da China por minério de ferro. “A Vale tem um minério de melhor qualidade do que as concorrentes”, afirma Breder. A companhia também estaria descontada frente aos seus pares, negociando a 4 vezes ebitda, enquanto o setor está no patamar de 5 vezes. O que reforça seu potencial de valorização.

O mercado também enxerga que a Vale virou uma página importante ao chegar a um acordo sobre o desastre de Brumadinho, um assunto cobrado pelo investidor de olho na tendência ESG.

As nanicas

Já entre as small caps da carteira estão Brasil Agro (AGRO3) e Copel (CPLE6).

Sobre a Copel (CPLE6), Breder aponta que, além de estar ‘barata”, é uma ótima pagadora de dividendos, com projeção de 10,5% de dividend yield nos próximos 12 meses.Recentemente a companhia anunciou uma nova política de dividendos, na qual há perspectivas de distribuir 50% do seu lucro em 2021.

O analista aponta outras vantagens de investir em Copel. Uma delas é que a companhia, embora tenha o governo de Paraná como controlador, não sofre tanto as ingerências da interferência estatal e tem feito esforços para melhorar a sua governança corporativa.

Em breve, a Copel deve migrar para o Nível 2 de Governança corporativa, transformando suas ações ordinárias (CPLE3) e preferenciais (CPLE6) em units (CPLE11). “Isso vai melhorar ainda mais o volume negociação e liquidez dos ativos”, diz Breder.

Outra melhoria são os desinvestimentos que a companhia está fazendo de atividades que não fazem parte do seu foco em energia, como a venda da sua unidade Copel Telecom em 2020.

Há ainda a Brasil Agro (AGRO3). Embora não tenha uma política de dividendos que vise pela distribuição periódica dos lucros aos investidores, a small cap está na carteira por se tratar de um setor resiliente.

Breder aponta que, nos últimos cinco anos, a companhia teve um dividend yield de em média 4,5%. A projeção do analista é de 3,1% nos próximos 12 meses.

O modelo de negócios da Brasil Agro é comprar fazendas, melhorar a qualidade destas e vendê-las por um valor superior – tarefa que tem desempenhado com eficiência nos últimos anos. Quando a Brasil Agro não está utilizando seu lucro para comprar mais fazendas, está distribuindo dividendos, motivo que levou o analista a inserir a companhia na carteira.

A gringa

E em tempos de tanta incerteza, especialistas afirmam que dolarizar a carteira virou obrigação. Por esse motivo, Murilo incluiu um BDR na carteira de dividendos.

E a escolhida foi uma das preferidas do Warren Buffett, a Coca Cola (COCA34). Conhecida por pagar muitos dividendos, a companhia goza de sólida estrutura há 130 anos. A Coca-Cola tem ainda aumentado sua distribuição de proventos por 58 anos consecutivos.

Fora da curva

A carteira conta por fim com uma companhia do setor de construção civil – geralmente não muito lembrado quando o assunto é dividendos. É a Cyrela (CYRE3), com um dividend yield de 8,1% projetado para os próximos 12 meses.

De acordo com Breder, o setor de construção civil vive ciclos de em média 5 a 7 anos de duração. E, desta vez, um ciclo promissor se iniciou em 2019, puxado pelos juros baixos que impulsionou o financiamento imobiliário.

Ele explica que a Cyrela é uma companhia com baixo endividamento e tem entregado bons resultados. A prévia para o 4º trimestre de 2020, por exemplo, traz resultados fortes, que agradaram o mercado.

Embora as construtoras estejam sofrendo um pouco em 2021, Breder justifica que é uma situação passageira, impactada pelo beta elevado do setor, possível alta dos juros e a forte demanda de IPOs que tem tirado alguns investidores dessas companhias.

No entanto, mesmo com uma Selic estimada em 4% até o final de 2021, o analista acredita que a Cyrela vive um ciclo de oportunidade, por se tratar de um juro ainda historicamente baixo. “Cyrela é um ativo atrativo barato e que paga bons dividendos”, aponta.

Para qual investidor é essa carteira?

Apesar da diversificação, por se tratar de uma carteira de dividendos, a estratégia de investimento é de longo prazo (de 5 a 10 anos).

Breder explica afirma que a seleção é ideal para investidores experientes, que tenham capacidade financeira e emocional de aguentar as oscilações de curto prazo e usufruir de oportunidades.

Isso porque será necessário coragem e estômago para comprar mais ações quando o preço cair, o que se traduz em maior dividend yield. “Não queremos performar com as ações, embora a meta seja bater o índice de dividendos (IDIV)”, explica.

Segundo o analista, o principal objetivo é escolher boas pagadoras e aumentar cada vez mais as posições aproveitando a queda das ações na bolsa, gerando assim renda a longo prazo. Por esse motivo, a carteira também deve sofrer poucas alterações nos próximos meses.

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