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Finanças

Dólar em queda: investimentos com proteção cambial podem reduzir impactos

Perspectiva é de que real siga valorizado, mesmo com quedada Selic, dizem especialistas.

O dólar terminou a semana abaixo de R$ 4,80, após chegar a registrar nesta semana o menor valor de fechamento desde maio de 2022. Em junho, a moeda acumula queda superior a 5% e no ano, a 9%. Essa tendência tem despertado a atenção de investidores e colocado em evidência ativos com proteção cambial como forma de preservar o patrimônio. 

“Prever o comportamento do mercado cambial é uma tarefa complexa, uma vez que envolve diversos fatores econômicos e políticos. Ter investimentos com proteção cambial pode ser importante para reduzir o impacto das oscilações – principalmente desvalorizações – na carteira”, diz Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset. 

Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer, reforça a relevância da exposição a ativos com proteção cambial. “O Brasil é um país de inflação média mais elevada do que a de outras economias mais desenvolvidas, como a dos Estados Unidos. Vivemos uma tendência estrutural de perda gradual de valor do real frente às principais moedas estrangeiras. Nesse contexto, ter exposição a ativos com proteção é uma das formas de preservar o poder de compra do patrimônio investido”, avalia. 

Pessoa conta notas de dólar 03/03/2023 REUTERS/Jose Luis Gonzalez

A escolha na hora de investir, no entanto, deve ser voltada a uma alocação estrutural, diversificada, de acordo com Schweitzer. “Assim como para qualquer tipo de fundo, o investidor deve avaliar se a estratégia proposta é historicamente vencedora em prazos longos; se o histórico de gestão do fundo é aderente a essa estratégia; se, do ponto de vista de taxas, oferece uma boa relação custo-benefício frente a outras alternativas semelhantes”, diz.

Um bom exemplo de investimento para o momento, na visão do estrategista da Box Asset, são os fundos de renda fixa que investem em títulos públicos ou privados em real. Fundos de ações com foco em empresas brasileiras exportadoras também podem ser uma opção, uma vez que uma moeda nacional mais valorizada pode aumentar a competitividade dessas empresas.

Os Brazilian Depositary Receipts (BDR) também são uma possibilidade por estarem expostos à bolsa norte-americana, acrescenta Ricardo Schweitzer. “Podem fazer sentido por conta do valuation dessas empresas e pela diversificação em outras moedas”, pondera. Os certificados lastreados em ações emitidas por empresas em outros países podem se beneficiar de uma valorização e compensar parte da perda cambial. 

Para o especialista, o setor de tecnologia norte-americano tem boas oportunidades com margem de segurança.

Variação cambial: investidor pode se proteger com hedge 

Schweitzer explica que quando um fundo investe em ativos estrangeiros, a variação da sua cota será influenciada por dois fatores: desempenho dos ativos investidos, e variação cambial entre o real e quaisquer moedas que tais ativos são cotados. 

Por exemplo, se o fundo investe em uma determinada ação listada nos Estados Unidos, que em um período se valoriza 10%, enquanto o dólar se valoriza mais 5% sobre o real, o desempenho do fundo em reais será de pouco mais de 15%. 

Se o dólar nesse mesmo período, porém, se desvalorizar 5%, então o desempenho do fundo será de pouco menos de alta de 5%.

“Alguns fundos têm a finalidade de entregar resultados somente do desempenho de seus ativos, sem o fator cambial. Para isso, fazem hedge do câmbio”

Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer

O hedge cambial funciona como um seguro, de maneira que reduz as chances de impacto quando algo negativo acontece.

Assim, quando uma determinada ação se valoriza 10%, o desempenho desse fundo será aproximadamente o mesmo, independentemente do desempenho do dólar. “Contudo, vale pontuar que se a finalidade é se expor à variação cambial, então fundos com hedge cambial não devem ser escolhidos”, reforça o especialista.

Queda do dólar com desaceleração da inflação e corte de juros 

O boletim Focus divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (19) mostra que o mercado aguarda o dólar em R$ 5 para o final de 2023. Com alta de mais de 9 até agora%, o real é a sétima moeda que mais se valorizou em relação ao dólar desde o começo do ano, segundo levantamento da Austin Rating.

Esta semana foi marcada pela decisão de política monetária do Banco Central na quarta-feira (21), com manutenção da Taxa Selic em 13,75% ao ano. O mercado tem uma visão otimista sobre o Brasil, que passa por processo de queda da inflação e perspectiva de corte de juros ainda em 2023.

Em relatório, especialistas do Goldman Sachs avaliam: “Dado o ponto de partida elevado para as taxas reais e o progresso contínuo (na redução) da inflação, esperamos que os diferenciais de juros reais continuem favoráveis ​​ao câmbio, mesmo quando a normalização da política monetária começar. Acreditamos que os fluxos de renda fixa continuam sendo um importante vento favorável para o real.”

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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