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Finanças

Bolsa deve seguir com forte volatilidade em fevereiro, dizem analistas

Além das incertezas que já estavam no radar, o mês começa com novas dúvidas, como casos de especulação e greve dos caminhoneiros.

Pixabay

Se janeiro foi do recorde nominal de 125 mil pontos do Ibovespa a um recuo mensal de mais de 3%, fevereiro não deve trazer aos investidores muito alívio da volatilidade. É o que dizem analistas ouvidos pelo InvestNews sobre as expectativas para o mercado no próximo mês. 

“Vivemos sob a égide de muitas perguntas e praticamente nenhuma resposta”, comenta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. “Difícil imaginar o que esperar das bolsas em fevereiro deste ano, tendo em vista os desafios impostos tanto pela pandemia quanto por tudo que existe em aberto no mercado.”

Além das incertezas que já vinham presentes entre os investidores, como a piora da pandemia de covid-19, dúvidas sobre o pacote de auxílio nos EUA e a questão fiscal no Brasil, fevereiro começa com questões extras no radar dos investidores. 

Uma delas é o receio sobre a possibilidade de uma crise de confiança no mercado após o caso GameStop – que culminou em um fenômeno semelhante no Brasil com as ações do IRB (IRBR3). 

Do cenário interno, há ainda a greve dos caminhoneiros. Marcado para começar nesta segunda (1º), o movimento gera receios quanto à extensão e durabilidade – o que pode ter efeitos sobre os ativos. 

Outro ponto sob as atenções são as eleições no Congresso, com disputas pela presidência da Câmara e do Senado. O mercado aguarda o resultado para saber se as Casas serão comandadas por parlamentares mais alinhados com o ajuste fiscal e as reformas econômicas, ou se os vencedores serão mais adeptos a medidas como a extensão do auxílio emergencial. 

Com todos esses fatores em vista, Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, acredita que “o mês de fevereiro deve continuar com bastante volatilidade, bem parecido com o que aconteceu em janeiro”. 

“Dado que a situação fiscal é bastante frágil, tem bastante potencial para dar problema. Em fevereiro, a gente ainda vai ter bastante turbulências em relação a isso. Então, acredito que ainda vai ser um mês bastante desafiador. Quem sabe depois do segundo trimestre a gente comece a ver mais clareza no cenário e aí, realmente, teria potencial para o Ibovespa valorizar bastante”, diz Komura.

André Szasz, gestor de renda variável da Grimper Capital, acrescenta que “um ponto interessante é que, mesmo com essa queda toda em janeiro, entrou recurso de investidor estrangeiro na B3”. Segundo ele, “isso pode continuar dando suporte para o mercado local”. 

“O Brasil é visto lá fora como um país altamente dependente do crescimento global e do ciclo de commodities. Se a gente está, neste momento, nesse cenário, internacionalmente falando, o Brasil tende a ser beneficiado. A gente está vendo isso com essa entrada de dinheiro na B3 no mercado à vista”, diz Szasz.

De olho nas empresas

Fevereiro é marcado ainda pelo início da temporada de balanços, lembram os analistas. “Vai começar a safra de resultados. Na próxima semana a gente tem a divulgação dos resultados dos maiores bancos no Brasil. Na nossa visão, a expectativa é de uma contínua melhora nos resultados das empresas listadas”, comenta Szasz. 

Ele avalia ainda que “aqueles setores de crescimento secular, como e-commerce, saúde e tecnologia, isso segue intacto. Essas companhias vão continuar reportando bons resultados. A recuperação cíclica vai ajudar diversas empresas que foram impactadas no primeiro semestre do ano passado.” 

João Beck, economista e sócio da BRA, comenta que os diferentes setores da bolsa carregam perspectivas heterogêneas. “As ações da bolsa de valores no ano passado tiveram uma disparidade de retornos muito relevante. Uma parte da bolsa ligada a e-commerce e dólar subiu bastante e outra parcela, ligada à atividade econômica, ficou para trás por conta da covid. Mesmo fechando o ano no positivo, não foi uma alta coordenada das ações”, afirma Beck. 

“Isso significa que ainda existe um setor de ações listadas que se encontram descontadas, como shoppings e educação, por exemplo. Adiciona-se o fato de que o preço das commodities subiram no passado recente, assim como a alta do dólar, o que favorece ações ligadas ao setor como Petrobras (PETR4 e PETR3) e Vale (VALE3)”, avalia Beck. 

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