*ARTIGO
Voltando aos holofotes, a FTX anunciou na última quinta-feira (25) a venda da plataforma de derivativos LedgerX por US$ 50 milhões para uma afiliada da Miami International Holdings (MIH), segundo divulgado pela agência Reuters.
A negociação foi vista por muitos como uma tentativa da FTX de gerar caixa e aliviar as suas dificuldades financeiras. Embora a venda da LedgerX seja um movimento significativo para a corretora, a empresa ainda enfrenta enormes desafios em sua busca por uma posição sólida no mercado de criptomoedas.
A FTX era uma das maiores exchanges do mundo, alcançando US$ 32 bilhões em meados de 2022. O crescimento astronômico da corretora em pouco tempo levou seu dono, o jovem Sam Bankman-Fried, ao posto de um dos maiores bilionários do mundo – status que ele perdeu rapidamente após se ver diante de um pedido de falência ainda no mesmo ano.
Desde o seu colapso e pedido de recuperação judicial, a FTX faz vendas de ativos como parte desse esforço para reparar as partes prejudicadas. Com essas medidas, ela já conseguiu US$ 7,3 bilhões em dinheiro e criptoativos, mas estima-se que as perdas totais cheguem a US$ 8 bilhões.
Por dentro da falência e números
Em meados de novembro do ano passado, Bankman-Fried entrou com pedido de recuperação judicial da FTX na Justiça americana depois do vazamento de documentos mostrando a situação das contas da corretora, que sofreu tantas retiradas que acabou em colapso.
O pedido de falência foi protocolado pela empresa devido a dificuldades financeiras, o que levou à impossibilidade de honrar seus compromissos. A FTX alegou que devia de R$ 1,45 bilhão para seus clientes e empresas.
Após a falência, a FTX segue trabalhando para resolver a situação e pagar seus credores. No entanto, muitos usuários que colocaram dinheiro na plataforma ainda não sabem se irão recuperar seus recursos e, segundo informações, mais de 1 milhão de pessoas e empresas poderiam ter dinheiro a receber.
É importante destacar que, em situações como essa, os credores geralmente precisam entrar na fila para receber seus recursos, o que pode levar muito tempo. No caso da FTX, a situação pode ser ainda mais complicada, pois muitos investidores são de outros países, tornando o processo de recuperação ainda mais complexo
Prejuízos até para celebridades
A quebra da FTX trouxe prejuízos significativos para muitas figuras públicas, como Mercedes (F1), Super Bowl e Golden State Warriors (NBA).
Dentre as celebridades que promoveram a plataforma, o rapper Snoop Dogg se destaca, já que teria investido, sozinho, cerca de US$ 2,5 milhões na plataforma. Outros exemplos de celebridades prejudicadas são:
- Gisele Bündchen – a supermodelo e filantropa ficou conhecida como garota propaganda da empresa por fazer várias campanhas ao lado do astro Tom Brady, seu ex-marido.
- Tom Brady – o fenômeno do futebol americano já havia fechado diversas parcerias com a exchange.
- Katy Perry – a cantora e compositora fazia publicações nas redes sociais falando bem da corretora, e já teve participação especial em um evento da correta nas Bahamas.
- Robert Kraft – a KPC Venture Capital LLC, entidade vinculada a um dos empresários mais bem-sucedidos em esportes profissionais, detinha mais de 110 mil papéis preferenciais da Série B da corretora.
- Naomi Osaka – entre as tenistas mais populares do mundo, além de investidora, Naomi utilizava o logotipo da FTX em seus uniformes durante os jogos.
Do limão à limonada: lições que todo investidor deve aprender com o caso
Uma das lições mais importantes a serem aprendidas com o colapso da FTX é que os investidores devem sempre fazer sua própria pesquisa antes de investir em criptomoedas.
Outro ensinamento é diversificar o portfólio para equilibrar os riscos: em vez de colocar todos os ovos em uma única cesta, investidores devem considerar montar uma carteira com distintos criptoativos e usar mais de uma corretora.
Não há regulamentação para o funcionamento das exchanges e, como ficou nítido com o colapso da FTX, a segurança e a transparência dessas plataformas nem sempre são garantidas como possa parecer.
Por fim, é necessário lembrar que, assim como em qualquer outro mercado, sempre há riscos, e que um “cisne negro” pode acontecer de uma hora para outra.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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