O Ibovespa mudou de sentido e fechou em queda nesta quinta-feira (3), de olho no exterior e após o Banco Central cortar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, em um movimento mais forte do que o esperado por boa parte do mercado. O dólar subiu sobre o real.
O Ibovespa caiu 0,23%, aos 120.586 pontos, e o dólar subiu 1,96%, a R$ 4,8981.
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Uma bateria de resultados, entre eles os de Dexco, Suzano, Ambev e Prio, também ocupou as atenções, enquanto uma nova batelada está prevista para após o fechamento, incluindo os números de Petrobras, Bradesco, Lojas Renner e Alpargatas.
Repercussão do Copom
No comunicado que acompanhou o anúncio do primeiro corte da taxa básica de juros em três anos, em uma decisão dividida, o BC ainda sinalizou novos cortes equivalentes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
A bolsa brasileira já vinha precificando há meses a perspectiva de corte da Selic no segundo semestre, apoiada, entre outros fatores, em uma melhora relevante em dados de inflação corrente e projeções. Até a quarta-feira, porém, não havia um consenso sobre a magnitude do corte.
Para economistas do UBS BB, o aspecto mais importante do comunicado do Copom que acompanhou a decisão foi a sinalização de várias reuniões em direção a um ritmo de 0,5 ponto.
“Essa escolha provavelmente foi feita para evitar uma ampla gama de expectativas sobre o ritmo das taxas para as próximas reuniões. Muito provavelmente, 0,5 ponto será a norma até o final do ano”, afirmaram Alexandre de Azara e equipe.
“Nossa interpretação é que o Copom pretende evitar que 0,75 ponto ou mais sejam precificados para as próximas reuniões”, acrescentaram em relatório a clientes nesta quinta-feira.
Curva de juros futuros
A curva a termo brasileira passou por forte ajuste nesta quinta, com as taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo encerrando o dia com baixa firme, após o Copom contrariar boa parte do mercado ao cortar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual.
Entre os vencimentos mais longos, as taxas tiveram leves altas, em sintonia com o avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
“Os contratos mais curtos estão reagindo à decisão, uma vez que havia uma dúvida no mercado sobre o tamanho do corte. Ontem (quarta-feira), quando olhávamos para as opções de Copom, elas estavam mostrando 60% de chances de corte de 25 pontos-base”, afirmou o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.
Os ajustes de baixa nesta quarta-feira foram vistos até o contrato para janeiro de 2026, com a curva precificando, inclusive, mais cortes de 0,50 ponto percentual, como indicado pelo Copom.
Para alguns analistas, o colegiado sinalizou mais cortes de meio ponto nos próximos encontros para coibir apostas de reduções maiores, de 0,75 ponto percentual.
O fato é que, com a decisão e as sinalizações, a curva de juros precificava no fim da tarde desta quinta-feira 86% de chances de o Copom cortar a Selic em 0,50 ponto percentual em setembro, contra apenas 14% de probabilidade de baixa de 0,75 ponto percentual.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,46%, ante 12,646% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,49%, ante 10,676% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 9,985%, ante 10,047% do ajuste anterior.
Entre os vencimentos mais longos, no entanto, a influência maior vinha do exterior. A alta firme dos rendimentos dos Treasuries, cujos vencimentos de 30 anos atingiram as máximas em nove meses, colocaram as taxas futuras mais longas também em alta no Brasil.
A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,13%, ante 10,087%. Já a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,41%, ante 10,305% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2029 estava em 10,61%, ante 10,457%.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de 30 anos subia 14,20 pontos-base, a 4,3072%.
Cenário externo e alta do dólar
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, apontou que boa parte da alta do dólar nesta quinta-feira também era reflexo de um ambiente externo avesso a risco.
“Dados econômicos piores do que o esperado na zona do euro e informações sobre mercado imobiliário chinês ajudam a elevar preocupação com o crescimento econômico mundial, com moedas emergentes perdendo frente ao dólar”
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho
Dados desta manhã mostraram que a retração na atividade empresarial da zona do euro piorou mais do que se pensava inicialmente em julho.
Agora, o foco dos mercados na frente dos dados econômicos deve ficar sobre um relatório de empregos dos Estados Unidos de sexta-feira, que pode ajudar investidores a entender se o Federal Reserve (Fed) já encerrou ou não seu intenso ciclo de aperto monetário.
“Isso acho que tem sim uma relevância maior no que se refere a dados, já que poderá nos traçar aí uma trajetória de um dólar mais forte nos próximos meses, ou não. Isso vai depender do que vai sair no ‘payroll’ de amanhã”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os índices de ações dos Estados Unidos fecharam quase inalterados nesta quinta-feira, após um pregão instável, conforme investidores ponderavam outra alta nos rendimentos do Treasuries com o último lote de dados econômicos e balanços.
Mais cedo, o rendimento do Treasury de 10 anos subiu para 4,198% durante a sessão, o maior nível desde novembro, estendendo sua alta desde o dia anterior, após o rebaixamento do rating de crédito dos EUA pela Fitch.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,27%, para 4.501,02 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,11%, para 13.957,99 pontos. O Dow Jones caiu 0,21%, para 35.207,45 pontos.
Europa
As ações europeias atingiram o menor nível em três semanas nesta quinta-feira, prejudicadas por resultados corporativos decepcionantes, rendimentos elevados dos títulos dos Estados Unidos e dados que apontam para uma desaceleração da atividade empresarial na zona do euro, embora os papéis britânicos tenham recuperado algum terreno depois que o Banco da Inglaterra elevou os juros de acordo com as expectativas.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,43%, a 7.529,16 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,79%, a 15.893,38 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,72%, a 7.260,53 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,94%, a 28.702,74 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,23%, a 9.307,10 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,18%, a 5.989,95 pontos.
Ásia e Oceania
As ações da China subiram nesta quinta-feira, lideradas pelo setor financeiro depois que a mídia estatal disse que o efeito de renda por meio de ganhos de investimento em ações ajudará a impulsionar o consumo das famílias, enquanto a atividade de serviços da China expandiu em um ritmo mais rápido em julho.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,68%, a 32.159 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,49%, a 19.420 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,58%, a 3.280 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,88%, a 4.004 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,42%, a 2.605 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,85%, a 16.893 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,63%, a 3.304 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,58%, a 7.311 pontos.
(* com informações da Reuters)
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