O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou e encerrou o pregão em alta nesta quinta-feira (6), após uma queda de mais de 2% no dia anterior por conta de postura mais dura do Federal Reserve (Fed) com relação à inflação. O dólar operou e fechou em queda em relação ao real.

No dia, o indicador avançou 0,55%, aos 101.561 pontos. Já o dólar recuou 0,65%, negociado a R$ 5,6790.

Repercussão do Fed

A ata da última reunião do Fed, divulgada na quarta-feira (4), mostrou que as autoridades podem aumentar os juros mais cedo do que o esperado e reduzir sua carteira geral de ativos para conter a inflação elevada.

“A alta de juros deverá acontecer antes do que os próprios membros esperavam e de maneira mais intensa”, disse a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual em relatório divulgado na quarta-feira.

Isso, combinado à possibilidade de diminuição do balanço do Fed, mantém expectativas de um dólar global mais forte e alta de juros pelo Fed já em março, disseram os especialistas do BTG, que esperam que o banco central norte-americano eleve as taxas quatro vezes em 2022.

Juros mais altos nos Estados Unidos são vistos como importante fator de impulso para o dólar porque elevam a rentabilidade dos títulos soberanos norte-americanos, considerados ativos muito seguros, o que tenderia a atrair mais recursos para o país.

Cenário interno

“Como se não bastasse” a sinalização mais dura do que o esperado do Fed, “por aqui ficou o clima de pessimismo sobretudo com as discussões sobre os gastos públicos e ao aumento das incertezas fiscais“, disse em nota desta quinta-feira a Genial Investimentos.

Depois de o governo ter conseguido, por meio da PEC dos precatórios, abrir espaço para mais gastos com ajuda financeira à população, servidores públicos de várias categorias têm pressionado a União a promover reajustes salariais, levantando temores sobre a saúde das contas públicas, apesar de melhora recente em dados fiscais.

Ainda internamente, o mercado também repercute a queda de 0,2% da produção industrial em novembro na comparação com o mês anterior, a sexta baixa seguida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Destaques da bolsa

Os papéis da BRF (BRFS3) foram os principais destaques do Ibovespa nesta quinta-feira (6). Na tarde, eles tinham alta de 5,29%, negociados em R$ 23,90, porém, ainda deram mais um salto e encerraram no pregão com elevação de 7,05%, comercializados em R$ 24,30.

Na outra ponta, as ações da Positivo (POSI3) e Via Varejo (VIIA3) ampliaram a queda.

Os papéis da Positivo encerram o pregão com a pior queda, de 5,31%, valendo R$ 8,56. A Via Varejo foi o segundo pior desempenho do índice no dia. Os papéis da varejista encerraram o pregão com queda de 4,6%, negociados em R$ 4,36.

Bolsas mundiais

Wall Street

O S&P 500 ficou perto da estabilidade ao fim de uma volátil sessão nesta quinta-feira, com o setor financeiro entre os que deram suporte ao índice, um dia depois de uma liquidação do mercado na esteira da indicação pelo Fed de uma abordagem mais agressiva contra a inflação.

O índice financeiro do S&P 500 subiu e deu sequência a fortes ganhos recentes. Outros setores economicamente sensíveis, incluindo energia, também tiveram alta.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,09%, para 4.696,25 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 0,12%, para 15.084,64 pontos. O Dow Jones caiu 0,47%, para 36.236,39 pontos.

Europa

As ações europeias recuaram de máximas recordes nesta quinta-feira, uma vez que sinais do Fed afetaram os papéis de tecnologia com a perspectiva de juros mais altos.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 1,25%, a 488,16 pontos, apagando todos os ganhos registrados num rali que o levou a máximas recordes nas três primeiras sessões do ano.

Ásia e Pacífico

O mercado acionário da China fechou em baixa nesta quinta-feira, acompanhando as perdas globais após a ata do Fed ter indicado alta mais rápida do que o esperado nos juros dos Estados Unidos, enquanto o aumento das infecções por covid-19 também pesou.

( * Com informações da Reuters)

Veja também