Ibovespa vira e fecha em alta; dólar também muda de sentido e cai

O Ibovespa passou a operar em alta nesta quinta-feira (16), enquanto o dólar passou a cair. O dia é marcado por notícias citando movimento no governo para reduzir a tensão com o Banco Central e conclusão de reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), após sinais de que não será discutido um aumento da meta de inflação já neste encontro. O dólar fechou em queda, de olho também em dados dos Estados Unidos.

O Ibovespa subiu 0,31%, aos 109.941pontos. O dólar caiu 0,18%, a R$ 5,211.

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Cenário interno

Após dias de conflito com o BC em torno da Selic e meta de inflação, as notícias são de que a ordem no governo é baixar a temperatura e deixar o assunto fora do Palácio do Planalto.

Nesta tarde, O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula disse que não tem interesse em brigar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas acrescentou que “ele tem que saber que neste país a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”.

No caso das discussões envolvendo a meta de inflação, agentes financeiros estavam na expectativa da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que define a meta para mais um ano à frente. Mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou mais cedo que o assunto não está na pauta do encontro. A reunião terminou no final da tarde sem que o colegiado tenha aprovado medidas relativas à meta de inflação.

A perspectiva é que uma decisão fique para junho, vindo depois da apresentação de um novo marco fiscal para o país pelo governo, que será anunciado em março, conforme afirmou Haddad na quarta-feira.

No mercado, não há consenso sobre a revisão da meta, mas a percepção de muitos é de que caiu o dogma sobre não mudá-la. “Será fundamental anunciar um novo arcabouço fiscal, para apenas depois discutir uma mudança na meta de inflação de curto-prazo”, avalia Dan H. Kawa, diretor de investimentos da TAG.

Ainda no cenário interno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta, em entrevista à CNN Brasil, que o salário mínimo será reajustado para R$ 1.320 em maio e que a isenção de Imposto de Renda será ampliada para todos que recebem até R$ 2.640 mensais.

O mercado repercute também os dados do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador apontou expansão de 2,9% em 2022.

A atividade econômica do Brasil encolheu no quarto trimestre do ano passado, mas ainda assim fechou 2022 com crescimento, indicando esgotamento do impacto positivo da reabertura pós-covid e perda de força nos últimos meses sob a pressão de juros elevados e com um cenário global de desaceleração.

Dados dos EUA

No exterior, o mercado acompanhou a divulgação de dados mais fortes do que o esperado sobre os preços ao produtor nos Estados Unidos e um número menor do que o esperado nos pedidos de auxílio-desemprego semanais.

“O mercado por um lado começa a afastar o receio de uma recessão nos EUA, mas por outro lado começa a se preocupar novamente com a inflação. E, nesse contexto, volta à pauta o Fed e sua política monetária”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, atribuindo esses temores à alta do dólar nesta quinta-feira.

Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a puxar movimentos de alta do dólar, já que o mercado norte-americano se torna mais atrativo para investidores.

Destaques corporativos

Camil

A ação da Camil (CAML3) subiu 0,65%, após a empresa anunciar aos seus acionistas que foi aprovado o pagamento de Juros Sobre Capital próprio no montante de R$ 25 milhões. A cifra corresponde ao valor bruto por ação ordinária de R$ 0,071.

Terão direito ao provento os acionistas que detiverem as ações da companhia até 22 de fevereiro deste ano. A partir do dia 23 do mesmo mês, os papeis serão negociados na condição de ex-juros sobre capital próprio, logo, sem direito ao provento anunciado.

Ultrapar

O conglomerado industrial Ultrapar (UGPA3) teve lucro de R$ 836 milhões no quarto trimestre de 2022, mais que o dobro sobre o desempenho positivo de R$ 390 milhões obtido um ano antes, segundo balanço divulgado na noite da véspera. Nesta quinta, os papéis caíram 1,68%.

O resultado foi apoiado em parte pela contabilização de crédito tributários “extraordinários” nas unidades de postos de combustíveis, Ipiranga, e distribuição de gás, Ultragaz, além de menor despesa financeira.

Assaí

O lucro líquido atribuído aos sócios controladores do Assaí (ASAI3) sofreu queda de 23% no quarto trimestre de 2022 ante o mesmo intervalo de 2021, para R$ 406 milhões. No ano, o recuo foi de 24,2%, a R$ 1,220 bilhão.

Em relatório, a empresa afirmou que o lucro permanece em patamar próximo ao de 2021
“confirmando a resiliência do modelo de negócios mesmo diante dos esforços para implementação do projeto de conversão de hipermercados e de um cenário adverso, com elevadas taxas de juros”.

As ações da empresa caíram 1,09%.

B3

A B3 (B3SA3) fechou em queda de 1,9%, mas chegou a cair mais de 6% e se destacar entre as maiores perdas do Ibovespa ao longo do pregão. A empresa reportou lucro líquido recorrente de R$ 1,15 bilhão no quarto trimestre de 2022, queda de 6,3% em comparação ao mesmo intervalo de 2021 e estável frente ao terceiro trimestre.

O lucro líquido recorrente excluindo Neoway foi de R$ 1,17 bilhão, representando uma queda de 4,9% frente ao mesmo trimestre de 2021 e de 0,3% frente ao terceiro trimestre. O lucro líquido atribuído aos acionistas da B3 atingiu R$ 1 bilhão, uma queda de 8% em 12 meses e de 2,5% em relação ao terceiro trimestre.

No ano passado, a B3 registrou lucro líquido de R$ 4,22 bilhões, 10,4% abaixo do ano de 2021.

“Olhando para frente, esperamos uma continuidade na pressão do volume negociado da B3, algo que já visualizamos nos números operacionais de janeiro de 2023”, disse Lucas Lima, analista da VG Research.

Americanas

A Americanas (AMER3) informou na noite de quarta que seu conselho de administração aprovou a eleição de Leonardo Coelho Pereira para o cargo de diretor presidente.

O executivo era sócio na Alvarez & Marsal desde 2011. Antes disso, atuou por mais de 10 anos em posições C-Level (CEO e CFO) em multinacionais, tanto no Brasil como na Alemanha, Itália, Chile, Argentina e Uruguai.

As ações da companhia subiram 7,96%.

Mercados Globais

EUA

Wall Street encerrou em forte queda nesta quinta-feira, após dados de inflação nos Estados Unidos inesperadamente fortes e uma queda nos pedidos semanais de auxílio-desemprego intensificaram temores de que o Fed continue a elevar a taxa de juros para domar os preços altos.

Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 1,38%, para 4.090,27 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,80%, para 11.855,48 pontos. O Dow Jones caiu 1,27%, para 33.696,03 pontos.

Europa

As ações europeias fecharam em alta nesta quinta-feira, depois que balanços corporativos positivos ajudaram o índice de blue-chips (ações mais negociadas) da França a atingir nova máxima recorde, o que ofuscou preocupações sobre a taxa de juros dos Estados Unidos permanecer elevada por mais tempo após novas evidências de força econômica.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,19%, a 465,24 pontos, mas recuou de um pico em quase um ano atingido mais cedo.

Na zona do euro, as pressões de preços estão em declínio, mas o Banco Central Europeu tem enfatizado a necessidade de manter um aperto agressivo da política monetária (ou seja, alta de juros), com exceção do membro do conselho Fabio Panetta, que nesta quinta-feira pediu incrementos menores nas taxas de juros.

• Em LONDRES, o índice Financial Times avançava 0,18%, a 8.012,53 pontos.
• Em FRANKFURT, o índice DAX subia 0,18%, a 15.533,64 pontos.
• Em PARIS, o índice CAC-40 ganhava 0,89%, a 7.366,16 pontos.
• Em MILÃO, o índice Ftse/Mib tinha valorização de 1,16%, a 27.853,74 pontos.
• Em MADRI, o índice Ibex-35 registrava alta de 0,35%, a 9.327,30 pontos.
• Em LISBOA, o índice PSI20 valorizava-se 0,77%, a 6.001,45 pontos.

Ásia

As ações de Hong Kong recuperaram-se ligeiramente nesta quinta-feira e interromperam de quatro dias após uma sessão forte nos Estados Unidos na véspera. Já o mercado da China apagou os ganhos iniciais e terminou em baixa, apesar de dados econômicos otimistas.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,71%, a 27.696 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,84%, a 20.987 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,96%, a 3.249 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,73%, a 4.093 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 1,96%, a 2.475 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,76%, a 15.550 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,93%, a 3.311 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,79%, a 7.410 pontos.

(* com informações da Reuters)