Finanças

Ibovespa fecha aos 107 mil pontos e dólar sobe a R$ 5,66 após fala de Guedes

O mercado precifica pavor de que o governo fure o teto de gastos.

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O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em forte queda nesta quinta-feira (21), enquanto o dólar disparou, conforme o mercado colocava nos preços o temor de que o governo fure o teto de gastos e abra caminho para descontrole fiscal, após declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, na véspera.

O Ibovespa caiu 2,75%, aos 107.735 pontos, menor patamar desde novembro de 2020. O dólar subiu 1,92%, comercializado a R$ 5,6651, maior valor desde abril. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6899.

“Cenário global estável. O protagonismo é completamente voltado ao cenário local. A caixa de pandora foi aberta. Teto de gastos será rompido com aval dos ‘liberais’. R$ 400 de auxílio é apenas o começo”, disse a LAATUS em comentário.

A reação do mercado financeiro vem depois de Paulo Guedes indicar na véspera o que seria uma derrota na batalha contra planos de romper o teto de gastos. O ministro disse que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional para acomodá-lo.

Para piorar, o Banco Central não anunciou venda líquida de dólares – seja na forma de swap cambial, seja de moeda física – para esta quinta, mas dada a disparada do dólar agentes financeiros não descartam que o BC intervenha de surpresa no mercado.

Além da repercussão negativa pelas declarações de Guedes, promessas feitas nesta tarde pelo presidente Jair Bolsonaro de ajuda aos caminhoneiros diante do aumento do preço do diesel também impactaram. “O mercado ficou bastante estressado após esta declaração por medo de mais medidas de cunho populistas visando às eleições do ano que vem. Estamos indo em direção a irresponsabilidade fiscal e as chances de rompermos o teto de gastos são altas. Com isso teremos reflexo negativo em juros, câmbio e bolsa”, disse Bruno Komura, da equipe de análise da Ouro Preto Investimentos.

E o exterior tampouco ajuda, em dia de queda das bolsas de valores e de moedas emergentes, em meio a renovados temores relacionados ao mercado imobiliário chinês. Além disso, dados de auxílio-desemprego nos EUA vieram melhores que o esperado, corroborando expectativas de corte de estímulos no país (ou seja, possível alta de juros), o que teoricamente prejudicaria ativos de mercados emergentes, caso do real.

Bolsas mundiais

Wall Street

O S&P 500 registrou máxima recorde para fechamento e sua sétima sessão consecutiva de ganhos nesta quinta-feira, enquanto o Nasdaq foi impulsionado por ações de gigantes como Tesla (TSLA34) e Microsoft (MSFT34), embora uma queda da IBM (IBMB34) tenha prejudicado o Dow.

O Dow Jones Industrial Average caiu 0,02%, para 35.603,08 pontos. O S&P 500 avançou 0,30%, para 4.549,78 pontos, enquanto o Nasdaq Composite ganhou 0,62%, para 15.215,70 pontos.

Europa

As ações europeias se estabilizaram perto de máximas em seis semanas, com a compra de ações defensivas e de crescimento ajudando a compensar perdas nas mineradoras e previsões decepcionantes em balanços de algumas empresas, como da gigante de softwares SAP.

A empresa de tecnologia mais valiosa da Europa caiu 3,2% e foi a maior colaboração para a queda do STOXX 600, apesar de resultados positivos do terceiro trimestre, uma vez que os operadores não ficaram impressionados com as perspectivas da empresa, especialmente sua previsão de licenciamento.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,45%, a 7.190,30 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,32%, a 15.472,56 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,29%, a 6.686,17 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,21%, a 26.525,15 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,82%, a 8.944,30 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,54%, a 5.730,84 pontos.

Ásia e Pacífico

As ações asiáticas caíram nesta quinta-feira, com novas preocupações sobre o enfraquecimento do setor imobiliário chinês, já que um possível default da China Evergrande se aproxima dentro de alguns dias.

  •  Em TÓQUIO, o índice Nikkei caiu 1,87%, a 28.708,58 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,45%, a 26.017,53 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,22%, a 3.594,78 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,36%, a 4.928,02 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,19%, a 3.007,33 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,01%, a 16.889,51 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,30%, a 3.188,50 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,02%, a 7.415,40 pontos.

(*Com informações da Reuters)

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