Finanças
Ibovespa fecha em queda em dia de ataque da Rússia à Ucrânia; dólar salta 2%
Mercado repercutiu a notícia da invasão e bolsas mundiais despencaram.
O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, a B3, encerrou em leve queda após chegar cair mais de 2% nesta quinta-feira (24), ao mesmo tempo em que diversos ativos globais reagiram negativamente ao avanço da Rússia sobre a Ucrânia. Já o dólar teve dia positivo frente ao real.
No pregão desta quinta-feira, o Ibovespa caiu 0,37%, aos 111.591 pontos. Já o dólar avançou 2,02%, comercializado a 5,1047 — na máxima do dia a moeda bateu R$ 5,1499.
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Guerra na Ucrânia
O presidente russo, Vladimir Putin, autorizou o que chamou de operação militar especial e o governo ucraniano acusou Moscou de lançar uma invasão em escala total.
Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance, escreveu em comentário que o mercado foi pego de surpresa, pois investidores ainda “acreditavam em uma solução diplomática”.
“É só olhar o movimento do mercado em que se vê diversas criptomoedas caindo acima de 10%, com Ethereum e Bitcoin se aproximando disso. O petróleo está disparando acima de US$ 100 o barril na máxima dos últimos anos”, avaliou o especialista ao lembrar que o avanço do preço do petróleo poderá trazer aumento nos preços.
“Isso não somente traz pressão inflacionária nos custos de energia, mas também transporte e consumo de diversas outras coisas, o que consequentemente deve perdurar numa inflação mais alta por algum tempo”, disse Nousi.
Já a economista-chefe do TC, Fernanda Mansano, alerta para a instabilidade e incerteza no cenário econômico, e ressalta três áreas com maiores impactos: inflação e crescimento mundial, política monetária e ativos emergentes e commodities.
“Em síntese, o ambiente de guerra fará a economia mundial sofrer por diferentes frentes. A regra será instabilidade e incerteza. Veremos maior inflação, menor crescimento econômico, fuga de capital dos países emergentes, dólar forte e queda generalizada nos ativos de riscos”, afirma ela.
“No front monetário, veremos uma possível mudança de trajetória ou, ao menos, maior cautela na manutenção do ritmo contracionista dos bancos centrais”, complementa, em referência aos movimentos de alta dos juros. “A alta nas commodities corrobora com a piora na inflação global e a deterioração das disrupções nas cadeias de suprimentos”, diz Mansano.
Impactos para o Brasil
Nousi diz que o impacto é mais ameno para o Brasil, que “tem passado ileso” pelas correções nos EUA, com a bolsa americana caindo mais de 10% no ano. “O Brasil já sofreu bastante. Os índices de valuation (avaliação) estão muito baixos porque já caiu bastante nos últimos meses. Além disso, os juros no Brasil estão bem altos ao se comparar com outros países do mundo, o que atrai investidores em um cenário em que bolsas estão caras com juros baixos. O Brasil, então, acaba sendo atrativo para investidores internacionais, o que é também mais um motivo que explica a queda do dólar no país”, afirma.
João Beck, economista e sócio da BRA, acrescentou que o mercado financeiro Brasil vinha sendo favorecido ao longo dessa escalada da crise no leste europeu porque houve fuga de capital da região em direção ao Brasil e toda a América Latina.
“A narrativa da busca por ativos de ‘valor’ a despeito da fuga de tecnologia e empresas ainda sem lucro também contribuiu para que o Brasil recebesse um fluxo muito positivo nos últimos meses. Essa narrativa foi reforçada com alta das taxas de juros globais prejudicando empresas com previsão de lucro mais à frente e reforçando a busca por empresas de valor – característica mais presente no Ibovespa”, explicou.
Mas Beck alertou que, mesmo assim, é preciso ter em mente que o Brasil é um país suscetível à aversão a risco global. “E, portanto, sujeito aos mesmos efeitos deletérios do que ocorre nas potencias globais. Em especial o contágio de inflação que pode forçar o Banco Central americano ao aumento mais acentuado da taxa de juros num ambiente econômico fragilizado e endividado”, disse.
Em relatório divulgado ao mercado, a Eleven também reiterou que um ataque russo à Ucrânia impactaria também o Brasil, principalmente no que diz respeito à pressão inflacionária, já que “a Rússia é grande fornecedora de commodities como petróleo e gás”. Com a notícia do ataque os preços do petróleo dispararam, passando dos US$ 100 o barril.
Bolsas Mundiais
A bolsa de Moscou, que chegou a ficar suspensa “até novo aviso”, reabriu às 10h no horário local (4h de Brasília) em queda acentuada. O índice MOEX, referência no mercado de russo, chegou a despencar mais de 30%.
Wall Street
Os índices Nasdaq e S&P 500 fecharam em alta acentuada nesta quinta-feira, em uma reversão dramática do início da sessão, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, divulgar novas sanções mais duras contra a Rússia depois que Moscou iniciou uma invasão à Ucrânia. O índice Dow Jones também terminou em território positivo.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 1,50%, para 4.288,12 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 3,27%, para 13.464,29 pontos. O Dow Jones subiu 0,26%, para 33.218,71 pontos.
Europa
As ações europeias despencaram nesta quinta-feira, com bancos e montadoras liderando as perdas, já que a invasão da Ucrânia pela Rússia levantou temores de que uma guerra na Europa irá alimentar a inflação já alta e atrapalhar o crescimento econômico.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 3,28%, a 438,96 pontos, seu menor nível desde maio de 2021. O índice entrou em território de correção por cair 10% em relação ao seu recorde fechamento, atingido em janeiro.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 3,88%, a 7.207,01 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 3,96%, a 14.052,10 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 3,83%, a 6.521,05 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 4,15%, a 24.877,51 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 2,86%, a 8.198,50 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,52%, a 5.348,28 pontos.
Ásia e Pacífico
O mercado acionário da China fechou em baixa nesta quinta-feira, acompanhando a liquidação nas ações globais.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,81%, a 25.970 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 3,21%, a 22.901 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,70%, a 3.429 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 2,03%, a 4.529 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 2,60%, a 2.648 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 2,55%, a 17.594 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 3,45%, a 3.276 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 2,99%, a 6.990 pontos.
*Com informações da Reuters.
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