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Claudia Kodja

Qual é o futuro da gestão de investimentos?

Conforme modelagem efetuada pela Ernst & Young, para o período 2021 a 2025, o volume de ativos sob gestão deverá aumentar 15%.

Claudia Kodja

Após décadas de crescimento contínuo, o setor de gestão de investimento enfrenta desafios estruturais, especialmente relacionados à necessidade de reformulação do design de produtos, customização da estratégia de vendas e a necessidade de inovação.

A ameaça de disruptura do setor de gestão de investimento tem como origem o acúmulo de uma série de eventos, entre eles estão:

  • queda do preço dos produtos financeiros, em quase todas as classes de ativos; 
  • aumento dos custos regulatórias; 
  • a crescente pressão competitiva; 
  • baixo rendimento das estratégias ativas de investimento;
  • impacto das novas tecnologias sobre a cadeia de valor;

Conforme modelagem efetuada pela Ernst & Young, para o período 2021 a 2025, o volume de ativos sob gestão deverá aumentar 15%, enquanto as margens operacionais poderão diminuir 0,8 pontos percentuais. Dada a concentração de capital e a dominância operacional de em algumas grandes gestoras de patrimônio, a maioria do setor terá queda de lucratividade superior à projetada, podendo alcançar, no limite, uma redução de 7,3 pontos percentuais, no período.

A partir da diversidade de demandas impostas, uma transição eficiente envolverá mudança de estratégia e planejamento de um novo modelo de negócios, envolvendo toda operação – front, middle e back office – além de flexibilidade para impor redução de custos e capturar as oportunidades de terceirização, fusões e aquisições. 

Separei três tendências projetadas pelo mercado que deverão compor a estratégia de adequação do setor de gestão de patrimônio, sendo elas:

1- Design de produtos e estratégia de distribuição: a sobrevivência em um ambiente competitivo não estará garantida pelo venda de produtos, pelo alfa positivo, pela otimização da relação entre risco e retorno, pela redução do custo, ou relacionamento com o cliente. Tudo isso continuará sendo premissa, mas terá de evoluir para construção de ofertas customizadas, baseadas em inteligência artificial e por uma abordagem omnichannel, que garanta um atendimento integral das demandas.

2 – Adoção dos consultores robóticos: permitem que investidores privados e institucionais invistam seu dinheiro (a partir de quantias muito pequenas) em carteiras pré-existentes, que são gerenciadas automaticamente por algoritmos e configurados individualmente. Conforme dados da Statista, os ativos sob gestão no segmento Robo-Advisors devem atingir US$ 1.787.197 milhões em 2022 e alcançar 478.886 milhões de usuários até 2025.

3 – Introdução dos sistemas blockchain: a tecnologia blockchain permite rastrear o envio e o recebimento de informações pela internet, conectando as informações e atestando que os processos não foram violados. No caso da gestão de investimentos, a tecnologia blockchain deverá revolucionar a liquidação financeira, centralizando e reduzindo os custos de todas as etapas do processo final de compra e venda de ativos, além de agilizar a negociação de ativos privados, permitindo o registro digital da propriedade e subscrição online. O sistema Linq da Nasdaq, é um dos exemplos de aplicação avançada da tecnologia blockchain, no processo de liquidação financeira e registro das transações com títulos privados.

*Claudia Kodja, mentora da Liga dos Empreendedores da FGV, membro da Copenhagen Institute for Futures Studies e gestora executiva da Kodja Escola de Negócios.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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