Quarta semana consecutiva de ganhos para o Ibovespa, o índice acumulou alta de 4,3%. No mês de novembro avança 17,69%, melhor desempenho para o período desde 1999.
Segundo Raphaela Olis, especialista da Flip Investimentos, foram dois motivos que impulsionaram os ganhos desta semana: o primeiro é a retomada de capital estrangeiro na B3 em novembro, que foi o maior de 2020, com ingressos na ordem de R$ 30 bilhões.
Além do capital estrangeiro, teve também a entrada de novos investidores pessoa física à bolsa neste mês, o que impactou positivamente o mercado, além das altas de Vale, Petrobras e bancos, companhias com maior peso no índice que auxiliaram no desempenho.
O segundo motivo foram as notícias sobre a eficácia das vacinas, entre estas Pfizer e Oxford. Os investidores se mostraram eufóricos e precificaram a recuperação na expectativa de ter em breve uma cura para o coronavírus e a retomada econômica global.
A especialista de investimentos aponta que para as próximas semanas a perspectiva de alta se mantém, especialmente se surgirem novidades positivas sobre a distribuição de vacinas ou autorização de agências sanitárias como Anvisa. No entanto, ela afirma que caso não houver avanços neste sentido é possível que o Ibovespa realize lucros, após quatro semanas de alta consecutivas.
Maiores altas
Entre os destaques positivos da semana estão as companhias siderúrgicas. Usiminas (USIM5) lidera os ganhos, com alta acumulada de 22,42%, seguida por CSN (CSNA3). Ainda entre as cinco maiores altas da semana estão Bradespar (BRAP4) e Vale (VALE3).
Raphaela explica que todas estas companhias valorizaram por causa da alta do minério de ferro e do aço, o que impactou de forma positiva o setor. “Existe uma demanda latente para esta produção e o Brasil é um dos principais exportadores”.
Desde o mês de setembro, Usiminas, CSN e Gerdau anunciaram que aumentariam a produção de aço em mais de 10%, essa demanda ajudou também na alta dos preços.
Ainda entre os destaques encontramos outra commoditie, é o caso da Petrorio (PRIO3) que subiu 19,76% na semana. A companhia vive um bom momento após ter anunciado em fato relevante, no dia 19 de novembro, a aquisição de dois blocos de pré-sal.
A Petro Rio vai comprar fatias de 35,7% no bloco BM-C-30 (campo de Wahoo) e 60% no bloco BM-C-32 (Itaipu), tornando-se assim operadora de ambos.
“Isso permitirá um aumento de mais de 50% na produção da companhia e os investidores enxergam como algo positivo. Com maior produção, maior lucro para a Petrorio”, explica ela.
Veja as cinco maiores altas da semana:
Ação | Alta |
Usiminas (USIM5) | 22,42% |
CSN (CSNA3) | 20,11% |
Petrorio (PRIO3) | 19,76% |
Bradespar (BRAP4) | 17,14% |
Vale (VALE3) | 14,61% |
Maiores quedas
No lado oposto do Ibovespa, a maior queda da semana foi do Pão de Açúcar (PCAR3) que desvalorizou 4,86%. Por ser um ativo do mesmo setor do que o Carrefour, a companhia pegou carona na crise da concorrente.
Na semana passada, o cidadão negro João Alberto Silveira Freitas (40) faleceu após as agressões de dois seguranças em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre. O mercado financeiro parece ter esboçado uma reação ao evento que gerou protestos e manifestações de repúdio. Desde então o Carrefour acumula perdas com forte risco na imagem da companhia. “Os investidores e clientes fizeram um boicote a marca e ao ativo o que impactou negativamente a ação”, aponta a especialista.
Foi este motivo que fez com que os supermercados estejam entre as maiores quedas da semana.
Outra companhia que caiu foi a Cogna (COGN3) com desvalorização de 4,49%. Raphaela afirma que isso é fruto de uma procura dos investidores por ativos bons e com melhores fundamentos, que também estão bastante descontados no mercado. “A Cogna ainda vive uma situação complicada, devido a pandemia está aumentado as suas dívidas e o investidor não se sente atraído”, diz.
Veja as cinco maiores quedas da semana: