Finanças
Ibovespa fecha semana em queda após decisão de reoneração de combustíveis
Mercado também repercutiu novas críticas de Lula ao BC e patamar da Selic.
Após anúncio da reoneração de combustíveis na semana, o Ibovespa apresentou desempenho negativo e encerrou o período em baixa, também puxado pela Petrobras (PETR3, PETR4). O dólar à vista fechou a semana em leve alta ante o real.
O mercado também ficou de olho nas tensões entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central, após novas críticas à condução da política monetária e o patamar da taxa Selic.
Na semana, o Ibovespa fechou em queda de 1,83%, aos 103.865 pontos. Na sessão desta sexta-feira (3), o indicador conseguiu se recuperar, fechando em alta de 0,52%.
O dólar encerrou a semana em alta de 0,02% sobre o real, negociado a R$ 5,1997. No dia, a moeda norte-americana teve baixa de 0,06%.
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Cenário político
Lula voltou a criticar na quinta-feira (3) o BC pela atual taxa de juros e alertou que o Brasil pode sofrer uma crise de crédito “logo, logo” se a Selic, atualmente em 13,75%, não for reduzida pela autoridade monetária.
Os comentários foram os mais recentes de uma série de críticas de Lula e aliados à conduta da política monetária, que segundo investidores está alimentando incertezas e a volatilidade no mercado financeiro. Declarações sobre a Petrobras e os rumos da empresa, incluindo as políticas de preço e dividendos, também geram dúvidas. Os papéis da companhia firmaram alta de mais de 3% na tarde desta sexta, mas tiveram queda na semana.
“No Brasil, as declarações do presidente e do seu entorno, em relação a Petrobras e a questões econômicas, continua gerando ruídos e forte pressão negativa nos ativos locais”, disse Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.
Lá fora
Sustentando o bom humor global, dados mostraram que a atividade no setor de serviços da China expandiu no ritmo mais rápido em seis meses em fevereiro, uma vez que a remoção das duras medidas de isolamento social contra covid-19 resgatou a demanda dos clientes.
Enquanto isso, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu na quinta-feira um aumento “lento e constante” para os juros no futuro e uma pausa em meados ou no final do verão (no Hemisfério Norte). Isso reduziu temores de que o Fed poderia voltar a adotar altas de juros mais agressivas, de 0,50 ponto percentual.
Destaques da B3
Vale
A ação da Vale (VALE3) fechou em alta de 0,34% nesta sexta. Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian atingiram uma máxima de oito meses, impulsionados por fundamentos favoráveis e otimismo sobre a demanda futura de aço.
Além disso, a mineradora Vale informou nesta sexta que deu início ao comissionamento do Projeto Gelado, em Carajás (PA), que produzirá “pellet feed” de alta qualidade a partir do reaproveitamento dos rejeitos de minério de ferro depositados em barragem desde 1985.
Oi
Fora do Ibovespa, a ação da Oi (OIBR3) teve forte queda de 16,35%, ampliando as perdas da véspera após entrar com novo pedido de recuperação judicial. O grupo Oi informou na noite de quinta que obteve acordos com parte de seus credores envolvendo dívidas da empresa, em uma proposta que envolve um empréstimo de US$ 275 milhões para cumprir obrigações de curto prazo.
Americanas
Também fora do Ibovespa, a ação de Americanas (AMER3) caiu 3,77%, em pregão negativo para outras do setor, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3).
A Americanas respondeu a questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirmando que até o momento não há proposta para um aporte de R$ 10 bilhões na companhia, segundo comunicado enviado ao mercado nesta sexta. A CVM questionou a empresa sobre reportagem do Valor Econômico que afirma que “a Americanas agora sinaliza aporte de R$ 10 bilhões” e que “credores devem abrir conversas”.
“Até o momento, não há proposta de aporte no valor de R$ 10 bilhões, seja por parte da companhia ou de seus acionistas de referência, tal como consta da mencionada reportagem”, afirmou a Americanas no comunicado.
Arezzo
A ação da Arezzo (ARZZ3) fechou em alta de 2,05%, após a empresa anunciar nesta sexta sua primeira aquisição internacional ao fechar acordo para comprar a grife italiana Paris Texas.
A aquisição envolve uma participação inicial de 65% das ações da Paris Texas por 25 milhões de euros, com opção de atingir a totalidade no futuro. Nos últimos anos a Arezzo tem promovido uma série de aquisições, incluindo marcas como Reserva, Carol Bassi, Sunset, HG e Calçados Vicenza.
A Arezzo afirmou que o negócio com a Paris Texas vai acelerar seu processo de internacionalização, um “passo importante” na estratégia do grupo brasileiro em desenvolver uma plataforma global de calçados de luxo.
Minerva
A Minerva (BEEF3) avançou 7,27%, após o Ministério da Agricultura confirmar que é atípico o caso isolado de encefalopatia espongiforme bovina, mais conhecido como mal da “vaca louca”, detectado no município de Marabá (PA). A descoberta fez o Brasil suspender as exportações de carne bovina para a China, mas o processo para reverter a decisão já começou.
JSL
A JSL (JSLG3) avançou 5,01% após informar a aquisição da IC Transportes, empresa paulista especializada em transporte de granéis e fertilizantes por R$ 587 milhões, segundo fato relevante ao mercado.
A IC tem mais de 1,7 mil funcionários e teve receita líquida de R$ 1,4 bilhão, afirmou a JSL.
Bolsas pelo mundo
Wall Street
Wall Street teve um rali nesta sexta-feira e encerrou uma semana volátil em alta, com os rendimentos dos Treasuries em queda e dados econômicos que ajudaram investidores a ignorar a crescente probabilidade de que o Federal Reserve manterá sua política monetária restritiva por mais tempo este ano.
Os três principais índices de ações dos Estados Unidos avançaram mais de 1%, liderados pelo índice de tecnologia Nasdaq, que subiu quase 2% e recebeu um sólido impulso dos papéis de megacapitalização mais sensíveis à taxa de juros.
Os retornos dos Treasuries caíram após comentários de autoridades do Fed, que acalmaram os temores com a inflação e os custos dos empréstimos.
Na semana, os índices registraram ganhos. O S&P 500 encerrou uma sequência de três semanas de perdas, enquanto o Dow Jones, que retorna ao território positivo no acumulado do ano, desfrutou de seu primeiro avanço semanal desde o final de janeiro.
Na semana, o índice de referência S&P 500 também ultrapassou suas médias móveis de 50 e 200 dias, dois importantes níveis técnicos.
Dados econômicos divulgados nesta sexta-feira mostraram uma demanda estável por serviços, com os PMI do Instituto de Gestão de Fornecimento e do S&P Global indicando que a atividade no setor continua a se expandir mesmo com o arrefecimento dos preços dos insumos.
O Dow Jones subiu 1,17%, para 33.390,97 pontos. O S&P 500 ganhou 1,61%, para 4.045,64 pontos. O Nasdaq avançou 1,97%, para 11.689,01 pontos.
Todos os 11 principais setores do S&P 500 encerraram a sessão no território positivo. Os setores de tecnologia e de consumo discricionário tiveram os maiores ganhos percentuais.
Europa
As ações europeias subiram nesta sexta-feira.
O STOXX 600 subiu 0,9%, com ações de tecnologia sensíveis aos juros em alta de 1,8%.
As ações de mineração subiram 2,2%, com as perspectivas de reabertura da China sustentando a demanda como um fator que se prolongou durante grande parte da semana depois que os dados do país apontaram para a melhora das condições econômicas.
O índice de mineração subiu mais de 7% nesta semana, seu maior ganho semanal desde maio de 2021 e superando outros setores importantes. O índice STOXX 600 subiu 1,4% na semana.
A reabertura da China também foi fundamental para as ações de luxo, incluindo a LVMH e a Kering , que impulsionaram grande parte dos ganhos do ano para os mercados europeus junto com bancos e mineradoras.
Uma pesquisa mostrou que a recuperação na atividade empresarial da zona do euro ganhou ritmo no mês passado, a mais recente evidência para sugerir que a economia evitará uma recessão.
Ásia e Pacífico
As bolsas de valores da China e de Hong Kong subiram nesta sexta-feira, lideradas por papéis dos setores de semicondutores e tecnologia, uma vez que uma pesquisa do setor privado confirmou as perspectivas de uma forte recuperação na segunda maior economia do mundo.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,56%, a 27.927,47 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,68%, a 20.567 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,54%, a 3.328 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,31%, a 4.130 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,17%, a 2.432 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,06%, a 15.608 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,09%, a 3.232 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,39%, a 7.283 pontos.
*Com informações da Reuters.
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