A maré de baixa em que o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) estava parece ter ficado para trás. Em agosto, o indicador que reúne os principais FIIs na B3 fechou o mês em alta de 0,78%, aos 3.214 pontos – resultado superior ao registrado pelo principal índice da B3, o Ibovespa, que amargou queda de 5,09% em igual período.
Analistas apontam que a melhora do cenário para a modalidade está pautada pela queda dos juros, uma vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) fez o primeiro corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic no começo de agosto. Outro ponto destacado é que os fundos imobiliários têm historicamente uma oscilação menor que o índice acionário.
“O mercado de fundos imobiliários é muito sensível aos juros e isso é reflexo da primeira queda da Selic esse mês. Além disso, a oscilação no mercado de ações, muito atrelada ao cenário macro, como China, Estados Unidos e Brasil (na questão fiscal) e os FIIs historicamente tem menos volatilidade”, apontou Caio Nabuco de Araújo, analista da Empiricus Research.
O analista também ressaltou que a maior volatilidade vista no Ibovespa em agosto se dá em grande parte pelo fluxo de capital estrangeiro, já que houve saída de recursos. Até o último boletim da B3, ao menos R$ 273,9 bilhões foram resgatados pelos estrangeiros no acumulado do mês até de 28 de agosto. Já os depósitos foram em montante menor, de R$ 261 bilhões, um saldo negativo de cerca de R$ 9 bilhões.
“No caso dos fundos imobiliários, tem uma menor sensibilidade ao fluxo de estrangeiros, visto que ele investe muito pouco no mercado de FIIs, que é uma indústria menor, voltada para pessoa física”.
Caio Nabuco de Araújo, analista da Empiricus Research.
Ainda segundo o analista, cerca de apenas 5% dos investidores de fundos imobiliários são estrangeiros, o que é um percentual bem menor quando comparado à presença dos gringos nas principais ações da bolsa. Dados da B3 apontam que 53,4% dos investimentos em ações no mercado à vista em agosto foram provenientes do exterior.
Queda dos juros futuros também puxou IFIX
A queda dos juros futuros de curto prazo também ajudou a alimentar a alta IFIX, na avaliação de Leonardo Garcia, analista do Trix. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 recuou 1,55% no mês. Já os contratos com vencimentos mais longos registraram altas.
“Em agosto, vimos os juros futuros de curto prazo registrando desvalorização, o que poderia indicar valorização dos ativos de risco, em especial Ibovespa e IFIX. No entanto, durante o mês, tivemos a inflação (IPCA-15) acima do esperado e reajuste dos preço da gasolina e diesel pela Petrobras. Com isso, os investidores acenderam o sinal de alerta e a bolsa ficou pressionada”, explica Garcia.
Os fundos de shoppings, varejo e papel tiveram bom desempenho, com altas de 3,09%, 1,61% e 0,51%, respectivamente, até o fechamento da véspera.
Outro fato que vem favorecendo a alta do indicador é que alguns imóveis dos fundos estão sendo reprecificados. E com a queda dos juros futuros, o valor deles têm aumentado.
“O XPML11, por exemplo, anunciou durante o mês que sua reavaliação imobiliária gerou uma valorização de 15,74%. Isso reforça o bom momento para os fundos de tijolo”
Leonardo Garcia, analista do Trix.
Em contrapartida, os fundos de papel (que investem em títulos de dívida imobiliária, como os Certificados de Recebíveis) estão retomando à queda que tiveram durante os últimos meses “e o exagerado desconto que estavam apresentando”, observa o analista.
Veja também
- Brookfield põe à venda Pátio Paulista e Higienópolis e decide sair do setor de shoppings
- Cenário para fundos imobiliários mudou: com juro alto, investimento vale a pena?
- JHSF conclui parte de acordo com XP Malls para venda de fatias em shoppings
- Reforma Tributária: contribuição de FIIs e Fiagros será opcional para ‘tranquilizar o mercado’
- Imóveis mundiais perderão 9% do seu valor por conta de tragédias climáticas