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Finanças

Para estrangeiros, fiscal preocupa mais que atos no DF, dizem analistas

No curto prazo, atos antidemocráticos podem provocar fuga de dinheiro do Brasil, mas cenário fiscal é quem vai determinar investimentos estrangeiros.

A invasão à sede dos Três Poderes no Distrito Federal, em Brasília, no domingo (8), e os atos antidemocráticos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desagradam os investidores estrangeiros e aumentam a sensação de incerteza sobre o país devido à instabilidade política. No entanto, segundo os analistas ouvidos pelo Investnews, a questão fiscal ainda se sobrepõe.

Para os especialistas, os atos de vandalismo podem provocar a fuga de dinheiro estrangeiro do país no curto prazo, mas o investidor de fora do país está mais preocupado com medidas de longo prazo, como as políticas fiscais que serão implementadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

“No curto prazo, eventos como esses que vimos no final de semana naturalmente desagradam o investidor estrangeiro, que tende a retirar capital de um país com esse nível de instabilidade política, o que representa um aumento no risco de seus investimentos. No longo prazo, o foco do estrangeiro vai estar nas políticas fiscais do novo governo, se a administração do país vai trabalhar com responsabilidade econômica se preocupando com teto de gastos”

Matheus Lima analista da Top Gain Research.
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, aponta que a turbulência em Brasília, que atraiu a atenção dos investidores ao redor do mundo, o que deve provocar uma forte volatilidade. O Ibovespa oscilava, após abrir em queda mais cedo.

“A perspectiva do investidor estrangeiro para o Brasil não muda com o fato de ontem. Esse é o risco Brasil. A gente tem ativos descontados, às vezes, pela ingerência política, pela falta de credibilidade em instituições. Acho que o gringo vai ficar muito mais atento como serão as medidas de fato implementadas, se vamos rever a questão tributária, a questão previdenciária, se vamos incentivar os gatos públicos além do teto de maneira irresponsável”

Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos

Ele lembra que o Capitólio, sede do Legislativo nos Estados Unidos, foi invadido por manifestantes em 2021 com o objetivo de impedir a posse do presidente Joe Biden e os mercados subiram nos seis meses subsequentes.

Também para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, nada muda após a invasão no Distrito Federal.

“Apesar de ter sido um ato grande, foi um ato isolado, isso não representa mudança de política econômica no Brasil, e o investidor estrangeiro desde que o Lula entrou já colocou muito dinheiro aqui”

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos

Já Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, afirmou em Morning Call nesta manhã que os eventos adicionam mais um vetor negativo para o Brasil, com clima de insegurança e agitação.

“O investidor estrangeiro, que no ano passado colocou mais de R$ 100 bilhões em ações brasileiras, será que vai continuar alocando recursos aqui no Brasil? Essa insegurança jurídica e conflito entre população e os Poderes poderia ser uma justificativa para esse investidor sair daqui, se levarmos em consideração que o investidor local já não está muito otimista com Brasil, perder o estrangeiro acaba sendo um vetor negativo.”

Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, disse que as invasões ocorridas nos Três Poderes fará o mercado muito apreensivo, principalmente para os investidores externos.

“Porém, essa desconfiança deve ser maior a curto prazo, onde o governo federal será avaliado em sua rápida resposta aos atos. Esse nervosismo dos investidores no curto prazo deve fazer o dólar oscilar bastante com viés de alta podendo chegar no patamar apresentado na semana passada, quando bateu a casa dos R$ 5,48 por dólar. Já, no longo prazo, dependerá muito se essas manifestações se intensificarão ou não. Tudo indica que perderá força por não ter uma liderança com poder de mudanças drásticas, pelo contrário, trará mais força política para o novo governo Lula.”

Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas

Atos antidemocráticos e vandalismo

Na tarde de domingo (8), apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes e deixaram um rastro de destruição, o que levou Lula a decretar uma intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal após falta de ação da Polícia Militar.

Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o afastamento por 90 dias do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Autoridades do governo Lula apontaram falhas na atuação da segurança pública da capital federal. A situação só foi contida e os prédios públicos, desocupados após a decretação da intervenção.

No domingo, cerca de 400 vândalos foram detidos. E, nesta segunda, 1.200 pessoas em estavam em acampamentos bolsonaristas foram levadas para a sede da Superintendência da Polícia Federal.

Manifestante é preso do lado de fora do Congresso 08/01/2023 REUTERS/Adriano Machado

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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