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Finanças

Investidores de renda fixa veem melhores retornos em emergentes

Na América Latina, bancos centrais foram mais rápidos do que o Federal Reserve quando as pressões de preços começaram a aumentar e, com isso, subiram mais as taxas de juros.

Com a inflação em desaceleração no mundo todo e muitos bancos centrais perto do fim do ciclo de aperto monetário, um coro crescente de investidores diz que os mercados emergentes são o melhor lugar para investidores de renda fixa conseguirem retornos.

A classe de ativos se beneficia de juros mais altos – e índices de inflação que, em alguns casos, são mais baixos – do que nos EUA. Na América Latina, bancos centrais foram mais rápidos do que o Federal Reserve quando as pressões de preços começaram a aumentar e, com isso, subiram mais as taxas.

Agora, com a expectativa de que o Fed pare de elevar os juros em breve e comece a afrouxar a política no final do ano, o dólar está em queda, o que abre caminho para que bancos centrais da região sigam os mesmos passos. Isso cria um ganho potencial para investidores que possuem títulos em moeda local.

“Uma alocação estrutural para os mercados locais é uma das melhores maneiras de manifestar sua opinião sobre a América Latina em meio à queda do dólar”

Mauro Favini, gestor sênior de portfólio do Vanguard Group

“Uma vez que o Fed comece a cortar, isso permite que os bancos centrais latino-americanos o sigam, pois há menos risco de desvalorização da moeda local à medida que o dólar cai”, acrescentou. “Há muito mais espaço para valorização do capital em títulos latino-americanos do que nos EUA”, disse.

Os preços ao consumidor começaram a recuar significativamente em mercados emergentes nos últimos meses. Dados de março mostram que a inflação anual atingiu 6%, uma mínima de 13 meses, em comparação com 6,9% em fevereiro, de acordo com uma estimativa preliminar da Capital Economics.

Para alguns dos maiores países da América Latina, a desaceleração da inflação é resultado da decisão de aumentar os juros antes e em ritmo acelerado. No Brasil, onde o Banco Central começou a apertar a política monetária um ano antes do Fed e elevou a Selic para 13,75%, o IPCA subiu 4,65% em março, o menor ganho desde janeiro de 2021.

No México, segunda maior economia da região, a inflação ficou em 6,85%, o nível mais baixo desde outubro de 2021, embora ainda acima do ritmo de 5% nos EUA.

A menor pressão dos preços e o enfraquecimento do dólar têm impulsionado ativos domésticos este ano. Títulos públicos da América Latina em moeda local mostraram retorno de 12,5% em 2023, bem acima do retorno médio de 3,4% da dívida em moeda forte da região, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ativos locais de mercados emergentes “se saíram muito bem no acumulado do ano devido ao forte tema da desinflação”, disse Ilke Pienaar, chefe de pesquisa soberana de mercados emergentes da Pinebridge Investments. “Acreditamos que ainda há oportunidades e prevemos retornos saudáveis para os mercados locais este ano.”

Apesar das tendências positivas para a inflação, traders com a expectativa de cortes rápidos dos juros podem ficar desapontados, disse Mario Castro, estrategista sênior de renda fixa do BNP Paribas, em Nova York. “No final das contas, os bancos centrais provavelmente serão cautelosos antes de começar a cortar para garantir que a inflação seja convertida para a meta”, afirmou.

Um motivo: embora a tendência para a inflação global seja de queda, o núcleo do índice permanece teimosamente alto no México, Chile e Colômbia, e caiu apenas de forma gradual no Brasil, aponta Joel Virgen Rojano, estrategista sênior para a América Latina da TD Securities.

“Ainda há muita incerteza em relação à trajetória futura da inflação”, avalia.

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