O ano de 2025 começou e o “Carnaval de boletos de pagamentos” pesados que aparecem neste início do ano já batem à porta das famílias. Pesquisa da Serasa aponta que 55% dos brasileiros esperam gastar até R$ 4 mil com as chamadas despesas de início de ano. São gastos com seguros, matrículas de escolas e impostos, como IPVA e IPTU. 

As contas chegam oferecendo algumas opções de descontos à vista ou pagamento parcelado ao longo do ano. Afinal, o que é melhor? O que pagar primeiro?

Marcelo Milech, planejador financeiro CFP da Planejar, lembra que as pessoas precisam ter em mente que o planejamento deve incluir tudo, como os gastos mensais e as despesas que não são regulares. E reforça: “essas contas já deveriam ter sido planejadas desde o final de 2024 para evitar problemas no orçamento”.

“Gastamos sem planejamento no final do ano e, quando chega janeiro, temos uma falsa sensação de controle, principalmente com o uso do cartão de crédito. A falta de organização nos coloca em uma situação de estresse financeiro logo no início do ano, criando uma bola de neve difícil de reverter”, explica Cristina Souto, especialista em educação financeira, empresária e autora do livro “A Solução: Das Dívidas à Prosperidade”.

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IPVA à vista ou parcelado?

O calendário de pagamentos do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 2025 em São Paulo começa na próxima segunda-feira (13).

O dono do veículo tem as seguintes opções:

Calendário de pagamentos do IPVA para os carros emplacados em SP:

Mêsjaneirofevereiromarçoabrilmaio
Parcela1ª Parcela ou Cota Única COM
Desconto
2ª Parcela ou Cota Única SEM Desconto3ª Parcela4ª Parcela5ª Parcela
PlacaVencimentoVencimentoVencimentoVencimentoVencimento
Final 113/jan.13/fev.13/mar.13/abr.13/mai.
Final 214/jan.14/fev.14/mar.14/abr.14/mai.
Final 315/jan.15/fev.15/mar.15/abr.15/mai.
Final 416/jan.16/fev.16/mar.16/abr.16/mai.
Final 517/jan.17/fev.17/mar.17/abr.17/mai.
Final 620/jan.20/fev.20/mar.20/abr.20/mai.
Final 721/jan.21/fev.21/mar.21/abr.21/mai.
Final 822/jan.22/fev.22/mar.22/abr.22/mai.
Final 923/jan.23/fev.23/mar.23/abr.23/mai.
Final 024/jan.24/fev.24/mar.24/abr.24/mai.
Fonte: Secretaria da Fazenda e Planejamento de SP

O calendário do IPVA para caminhões e caminhões-tratores também começa em 13 de janeiro, de acordo com o final de placa. As outras parcelas podem ser pagas a partir do dia 20 de cada mês.

E aí, qual opção escolher? Antes de mais nada é preciso estar com as contas em dia e ter um recurso guardado para imprevistos. Caso contrário, é pedir para “quebrar”.

De acordo com economistas ouvidos pelo InvestNews, se o proprietário do veículo tem dinheiro na mão é sempre melhor optar por pagar à vista com desconto. Ainda que 3% possa parecer pouca coisa.

“O desconto de 3% pode representar uma economia significativa, especialmente em veículos de valores maiores”, explica Jarbas Thaunahy Santos de Almeida, professor de finanças da Strong Business School.  “Ao quitar o débito de uma vez, você evita se preocupar com datas de vencimento e possíveis multas por atraso. Além disso, você libera recursos para outras prioridades ou investimentos.”

Jarbas Thaunahy reforça que para quem possui o valor total do IPVA, o pagamento à vista garante desconto considerável. “Analise a taxa de juros cobrada nas parcelas. Se for muito alta, pode não valer a pena parcelar. Se você tem outras contas urgentes a serem pagas, pode ser mais interessante parcelar o IPVA para não comprometer o seu orçamento. Contudo, a decisão de pagar o IPVA à vista com desconto ou parcelado sem juros depende de diversos fatores e da sua situação financeira individual.”

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E o IPTU?

O IPTU é outro imposto pago no início do ano que também oferece a possibilidade de pagamento à vista com desconto. Na cidade de São Paulo, quem optar pelo pagamento do IPTU à vista terá um desconto de 3% no tributo.

Comunicado da própria prefeitura lembra que, ao quitar o imposto à vista, o contribuinte evita o eventual esquecimento de pagamento de alguma parcela mensal, que sempre gera acréscimos moratórios. Na maior cidade do país, o proprietário de imóvel também pode quitar o tributo em até dez parcelas.

“As pessoas tendem a menosprezar o pagamento à vista”, destaca Milech. “Perdem a chance de aplicar o dinheiro. Taxa de 3% ao mês de aplicação parece pequena, mas basta transformá-la em taxa efetiva anual que ela fica muito maior que o CDI [Certificado de Depósito Interbancário, referência para os investimentos em renda fixa].”

No Rio de Janeiro, por exemplo, a Prefeitura oferece 7% de desconto no IPTU para pagamento à vista ou parcelamento em dez vezes.

“A conta envolve o desconto de um tempo de um fluxo de caixa. Tem embutido uma taxa efetiva de financiamento de quase 20%, e não de 7% como pode parecer. Existe uma ilusão matemática. Mesmo quem tem dinheiro guardado vai ter 14% de remuneração bruta se deixar ele no CDI, mas vai estar brigando com taxa de 20%. Neste caso vale à pena pagar à vista.”

O que o consumidor tem que fazer é a conta do preço à vista x fluxo de caixa que vai ter de pagar parcelado. E ver qual é a taxa de juros embutida.

Mensalidade escolar

Outra obrigação que surge no início de cada ano é a mensalidade escolar. Algumas escolas oferecem aos pais descontos para quem consegue quitar todas as mensalidades à vista.

Jarbas Thaunahy afirma que a decisão de pagar o semestre ou ano letivo à vista também depende de diversos fatores. Em primeiro lugar, é preciso checar se a escola oferece desconto para o pagamento à vista. “Pergunte se a escola oferece descontos para irmãos ou para pagamento de múltiplos meses”, diz. “Essa economia pode ser significativa e ajudar a aliviar o orçamento familiar em outros aspectos.”

Pagar à vista demonstra um compromisso com a educação do seu filho e pode abrir portas para negociações futuras com a escola. No entanto, nem todas as famílias possuem o valor total da mensalidade anual disponível para pagamento à vista. “Desta forma, um desembolso grande de uma só vez pode comprometer o orçamento familiar e dificultar o pagamento de outras contas”, diz Thaunahy.

O planejador financeiro Marcelo Milech destaca que mesmo se os pais tiverem o recurso já aplicado pode valer à pena usar o dinheiro no pagamento das mensalidades.

“Não existe parcelamento em 12 vezes sem juros. Isso é uma armadilha que as instituições têm para incentivar as compras. O que o consumidor tem que fazer é a conta do preço à vista x fluxo de caixa que vai ter de pagar parcelado. E ver qual é a taxa de juros embutida”, reforça Milech.