Juros pagos pelo Tesouro registram as maiores altas desde o início de janeiro

As rentabilidades oferecidas por títulos do Tesouro Direto registravam nesta sexta-feira (20) as maiores altas desde o início de janeiro.

Por volta das 16h, o Tesouro Prefixado 2029 atingia rentabilidade anual de 13,02%, a maior desde o dia 05 deste mês, quando os juros atingiram 13,08% ao ano. O mesmo título, com vencimento em 2026, oferecia uma taxa de 12,77%, o maior juro pago pelo título desde o último dia 09, quando a remuneração chegou a 12,81%.

Já o Tesouro IPCA+ 2045 oferecia, na tarde desta sexta, um retorno de 6,37%, o maior registrado desde o dia 06 de janeiro, quando a rentabilidade chegou a 6,38%. O mesmo papel, mas com vencimento em 2035, oferecia uma taxa atual de 6,21%, a maior desde o dia 10 de janeiro.

Vale lembrar que as taxas sobem à medida que o mercado está mais inseguro com a capacidade de pagamento do governo, o que leva os investidores a exigirem juros maiores para emprestar seu dinheiro.

Nesse sentido, Eduardo Perez, analista de investimentos da NuInvest, explica que a alta tem relação com o comportamento do mercado após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o mercado começou a reagir negativamente aos posicionamentos e falas dele e de membros da equipe.

“Nisso, o mercado traduz o risco fiscal em maior taxa de retorno assim como declarações sobre as formas como uma possível reforma tributária e aumento do salário mínimo podem impactar as contas do governo”, avaliou Perez.

O analista mencionou ainda sobre o fato de Lula voltar a questionar a autonomia do Banco Central, o que, segundo Perez, “não é bem visto pelo mercado”.

Embora o cenário seja de oscilação, Perez lembra que a modalidade continua sendo segura e recomendada.

“Historicamente os momentos em que os títulos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA pagam um juro real de 6% são bons momentos para que o investidor trave essa rentabilidade. Só os prefixados que, apesar de estarem em patamares altos, eu recomendaria uma pequena parcela da carteira, de acordo com o perfil do investidor, já que eles sofrem muito mais pela marcação a mercado (atualização diária do preço do ativo em função da demanda do mercado), que deve continuar considerável por enquanto”, avalia.

O que é Tesouro Direto?

O Tesouro Direto é uma forma de financiar o Governo Federal, que emite títulos e o investidor pessoa física ou jurídica se torna credor.

Ou seja, ao investir no Tesouro Direto você empresta dinheiro para o governo em troca de juros. No vencimento destes títulos, o investidor terá direito a receber seu dinheiro de volta além da remuneração acordada.

Tipos de títulos

Existem 3 tipos de títulos no Tesouro Direto: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA.

O Tesouro Prefixado é aquele título em que a remuneração é acordada de forma antecipada, desta forma o investidor sabe exatamente qual será a rentabilidade e quanto receberá no vencimento.

O segundo tipo de Tesouro é o Tesouro Selic cuja remuneração acompanha a taxa básica de juros da economia, a Selic. Este é um título pós fixado, ou seja, o investidor não sabe de antemão quanto o investimento vai render. Tudo dependerá da evolução da taxa de juros.

Existe ainda o Tesouro IPCA+, cuja rentabilidade está atrelada à variação da inflação do período (IPCA) além de um prêmio de juros prefixado.