As bolsas mundiais continuam a ter performances mistas à medida que a alta contínua nos juros de títulos do Tesouro americano continua a alimentar o temor de que empresas com rápido crescimento tenham dificuldade de se financiar. Na tarde de hoje, o mercado espera que o presidente do Fed, Jerome Powell, comente sobre o valor dos títulos e a perspectiva com a inflação.
Apesar dos poucos destaques no cenário macroeconômico, no corporativo, o noticiário segue cheio.
O destaque é para a reunião do Conselho de administração da Petrobras (PETR3/PETR4) que se reúne nesta terça-feira para examinar pedido do governo de realização de Assembleia Geral Extraordinária para discutir os próximos passos da companhia, após o presidente Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna, para ocupar o cargo de presidente da estatal.
Na véspera, os papéis caíram cerca de 20%, na pior queda desde 9 de março de 2020, em meio aos sinais de maior intervenção estatal na empresa. O petróleo ensaiando uma nova alta e uma melhor perspectiva sobre a condução de Silva e Luna faziam com que as ADRs da Petrobras registrassem alta de 3,5% no pré-mercado da Bolsa de Nova York.
Na noite da última segunda-feira (22), o Banco do Brasil informou não ter recebido qualquer indicação de mudança na composição de seu corpo diretivo. O fato relevante divulgado pela instituição se deve ao recente noticiário envolvendo a companhia. As ações do banco despencaram 11,65% nesta segunda, em meio aos temores de que o BB seria o próximo alvo de interferências do governo. No entanto, o fato relevante deve acalmar parte do mercado e abrir espaço para que o banco estatal esboce alguma recuperação.
Por fim, apesar dos holofotes terem migrado para as estatais nos últimos dias, a temporada de resultados prossegue e tem como destaque a CSN, que lucrou R$ 3,9 bilhões no 4T20. A alta foi cerca de 3,5x o lucro de R$ 1,1 bilhão em igual período de 2019. A receita líquida somou R$ 9,8 bilhões de outubro a dezembro do ano passado, 50,1% maior ante os R$ 6,5 bilhões de igual intervalo de 2019. Os bons números devem impactar positivamente as ações CSNA3.
Análise Gráfica – IBOV
Segue com dificuldade em fechar acima dos 120k e o suporte imediato estaria na faixa dos 117.636, perdendo esta faixa poderia ir direto em busca dos 115k do fundo anterior. Se não sustentar nesta faixa o próximo suporte ficaria no topo formado em julho do ano passado perto dos 106k. Resistência permanece na faixa dos 120k e acima 125k.
Cenário global e bolsa brasileira no pregão anterior
O IBOV encerra o primeiro dia de negociação da semana com forte queda de 4,87%, aos 112.667,70 pontos e o dólar, com alta de 1,27% aos R$ 5,4539.
Por aqui, seguimos acompanhando o desenrolar da substituição do até então presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, indicado do presidente Bolsonaro na sexta feira. O motivo da troca seria que o Roberto Castello Branco não havia feito esforços o suficiente para segurar a alta do preço de combustíveis. Com essa troca, o mercado teve operou em forte queda puxada por grandes estatais. Ações ordinárias da Petrobrás (PETR3)fecharam o dia com desvalorização de 20,48% e preferenciais (PETR4) com queda de 21,51%. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram queda de 11,65% e as ações da Eletrobrás, que apesar da fala do presidente Bolsonaro indicando que mudaria algum integrante de alto escalão da empresa, teve uma leve queda de 0,69%.
Depois do anuncio na sexta feira pós fechamento de que a B2W e Lojas Americanas vão combinar suas operações, suas ações tiveram um desempenho contrário ao do Ibov, tendo valorização de 1,15% nas ações da B2W (BTOW3) e 19,88% nas ações da Lojas Americanas (LAME4).
Hoje teremos, após fechamento, a divulgação de resultados do 4º trimestre de 2020 da CSN, Itaúsa, Trans Paulista e Movida.
No cenário internacional, muita atenção nos títulos do tesouro americano de até 10 anos que chegaram a taxas de 1,3%, o que faz com que investidores prefiram investir nesse título americano, por ser considerado o título público de menor risco de crédito do mundo e países emergentes não sejam tão atrativos pelo Risco/Retorno.
* Esse é um conteúdo de análise de um especialista de investimentos da Easynvest, sem cunho jornalístico.