Foi durante a pandemia que as vendas de artigos de luxo tiveram um boom. A espera por uma nova aeronave não comercial chegou a vinte meses tamanha demanda.
Só nos nove primeiros meses de 2021, a Embraer viu aumentar em 25% as entregas de seus jatos particulares. E isso porque ainda tinha a expectativa de entregar mais jatos nos três últimos meses do ano passado. Já a demanda por helicópteros cresceu 35% no primeiro semestre de 2021, segundo a empresa italiana Leonardo Helicópteros.
Analisando o setor de carros de luxo, a Porshe bateu recordes de vendas no Brasil em 2020 e 2021, mesmo com o efeito do câmbio sobre o preço dos carros. Com fábrica na Alemanha, a Porshe no Brasil foi impactada pela valorização de 40% do euro em relação ao real desde o período anterior à pandemia. E claro que essa alta foi repassada nos seus preços. O modelo mais vendido pela montadora, o Porshe 911, tem valores que variam entre R$ 800 mill e um R$ 1 milhão.
Já no setor imobiliário de luxo e super luxo, foi registrado um crescimento de mais de 80%, segundo dados da consultoria especializada no mercado imobiliário, Brain Estrategica. Estes são empreendimentos com três ou quatro suítes, metragens amplas e pés direito generosos.
Mas essa movimentação é explicada justamente pelo aumento na demanda por moradias maiores, mais amplas, tanto nas capitais, quanto fora delas. As pessoas começaram a fazer tudo dentro de casa, famílias grandes passaram um tempo maior como nunca antes todos num mesmo espaço, e tendo que estudar, trabalhar, fazer reuniões de negócios, o que justifica essa alta. Inclusive, essa busca por uma maior metragem na moradia foi vista não apenas nas classes mais favorecidas.
Agora olhando para o crescimento de itens de alto padrão em geral, a Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael) viu as vendas aumentarem em média 51,7% até setembro do ano passado. A pesquisa engloba desde perfumes importados, roupas, calçados e bolsas de grife, assim como jóias e acessórios.
E em período semelhante, o maior conglomerado de luxo no mundo – LVMH – viu seu valor de mercado aumentar para 75 bilhões de dólare, o que é quase trinta bilhões de dólares a mais do que a segunda marca de luxo mais valiosa do planeta: a Chanell. O conglomerado detentor da marca Louis Vuitton tem sob tutela ao menos setenta e cinco outras marcas, como: Christian Dior, Tag Heuer e Bulgari. Sua aquisição mais recente, a varejista de joias norte-americana Tiffany (TIFF34), foi concluída em janeiro de 2021.
O dono do conglomerado é o magnata Bernard Arnault, que em maio do ano passado, viu sua fortuna ultrapassar a de Jeff Bezos e Elon Musk, sendo considerado na época o homem mais rico do planeta. Joje ele caiu para a terceira posição.
Foi também durante a pandemia que a riqueza coletiva desse grupo somado a outros sete bilionários aumentou. Eles mais que dobraram suas fortunas, de setecentos bilhões de dólares para um trilhão e meio de dólares. O que equivale a um ganho de quinze mil dólares por segundo, ou, um bilhão e trezentos milhões de dólares por dia, segundo foi divulgado na lista de bilionários da Forbes. Só que apesar desse crescimento, existe aí uma discrepância na velocidade de crescimento do patrimônio. A fortuna de Musk cresceu mais de 1.000%, enquanto a do Bill Gates subiu 30%.
Foi durante a pandemia que Musk viu as ações da Tesla (TSLA34) saltarem de oitenta e oito dolares em três de janeiro de dois mil e vinte para um mil e vinte e seis dólares exatamente dois anos depois. Neste meio tempo, os papeis da Tesla passaram a integrar o S&P 500 (o índice americano com as quinhentas maiores empresas listadas).
Ou seja: o fato de Musk ter despontado entre os mais ricos está totalmente ligado ao valor das ações da Tesla que dispararam, o que também aconteceu com outras companhias ligadas aos bilionários dessa lista. Já se acontecer um movimento o contrário, os bilionário caem do ranking.