Quais ações mais subiram e caíram em março?

A operadora de turismo CVC (CVCB3), o grupo educacional Cogna (COGN3) e a empresa planos de saúde Qualicorp (QUAL3) ficaram entre as ações que mais subiram em março, se destacando entre os maiores avanços do principal indicador da bolsa brasileira, o Ibovespa – que, por sua vez, subiu 6,06% no mês, a quarta valorização mensal seguida.

Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, aponta que os destaques positivos ficaram, especialmente, com as companhias que estavam “pressionadas”, ou seja, que registraram fortes recuos especialmente no ano passado e agora passam por uma correção de seus preços. “Não vemos nenhum motivo muito aparente macroeconômico ou até fundamentalista para que as ações tenham tido essas movimentações”, explica.

Em compensação, a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3), a petroleira PetroRio (PRIO3) e a petroquímica Braskem (BRKM5) foram as maiores quedas, afetadas, principalmente, por fatores externos, como a guerra na Ucrânia e as oscilações nos preços do petróleo.

Veja abaixo os motivos que levaram ao sobe e desce dos papéis:

Maiores altas

Fabiano Vaz, analista da Nord Research, associou o desempenho positivo da CVC à retomada da circulação das pessoas, influenciando diretamente a volta do turismo. “Mesmo diante de uma perspectiva de economia fraca para esse ano (previsão de avanço de 0,5% no PIB), depois de anos de pandemia impactando as operações, a perspectiva de uma retomada um pouco mais contundente para o segmento tira um pouco desse pessimismo que todo mundo tinha”, explica.

Além disso, os resultados do quarto trimestre de 2021, divulgados em meados de março, contribuíram para uma boa performance dos papéis no mês. A empresa reportou prejuízo líquido de R$ 145,8 milhões no período, revertendo lucro de R$ 392,5 milhões do mesmo intervalo de 2020, quando foi favorecida por efeitos extraordinários. A receita líquida cresceu 92,9% no trimestre, ante o mesmo intervalo de 2020, para R$ 314 milhões.

Em relatório, Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, analistas do BTG Pactual, escreveram na ocasião que, assim como nos trimestres anteriores, os números operacionais da CVC apresentaram uma grande melhora no comparativo anual, “embora ainda impactados pelas restrições de viagens e pelo cenário macro”.

Confira no vídeo abaixo mais análises sobre a CVC

A Cogna, que apareceu na segunda colocação entre as maiores altas, também reportou resultados “bons e interessantes” na avaliação de Vaz, da Nord. A empresa apresentou melhora operacional no quarto trimestre e obteve lucro líquido de R$ 65 milhões, ante R$ 4 bilhões de prejuízo no mesmo período do ano anterior. “Além disso, a companhia vem fazendo uma reestruturação (especialmente na Kroton, que é a unidade de ensino superior do grupo) há um tempo e já começamos a ver os efeitos dela, o que acaba explicando essas altas”.

Já a Qualicorp foi impactada positivamente por notícias sobre o aumento da exposição acionária na empresa por grandes fundos, além do anúncio de parceria com a operadora Vivo. Na prática, os clientes cadastrados no programa Vivo Valoriza poderão contratar com vantagens um plano de saúde do modelo coletivo por adesão comercializado pela Qualicorp. “O que pode ser significativo para as vendas da empresa”, comenta Vaz.

Vale lembrar, entretanto, que a companhia ficou com a maior queda (5,99%) do indicador na véspera, após registrar queda de 25,2% no lucro líquido no quarto trimestre de 2021, na comparação anual.

Já entre as petroleiras, na contramão de Petrobras (PETR3 PETR4) e PetroRio (PRIO3), que acumularam quedas em março, a 3R Petroleum chegou a avançar 23,52% no período. “A empresa apresentou resultados bons e mostrou um crescimento na produção do último mês”, disse Vaz. A companhia registrou produção média diária consolidada total de 9.981 barris de óleo equivalente por dia (boepd) em fevereiro, ante 9.743 boed de janeiro.

Confira as ações que mais subiram no mês de março:

Maiores quedas

Fabiano Vaz, analista da Nord Research, explicou que um dos motivos para a desvalorização da Embraer, que ficou com a maior queda do mês, foi o guidance (projeção) fraco apresentado pela empresa. “Além disso, o ano passado foi bom para os papéis, então há um movimento de realização dos lucros”.

Outro motivo apontado por Vella da Ativa é o fato de a companhia ter sido afetada por uma disrupção de sua cadeia de produção. “O setor da aviação comercial teve um impacto importante na sua cadeia de oferta com muitas peças faltando, principalmente por conta da guerra, já que Rússia é um dos principais produtores de titânio do mundo (material usado na construção de aeronaves)”, explicou.

No início de março, ao informar que suspendeu o fornecimento de peças, manutenção e suporte técnico a clientes da Rússia, Belarus e a certas regiões da Ucrânia “em cumprimento às sanções impostas pelas leis das jurisdições”, a Embraer informou não ter uma preocupação imediata com a disponibilidade de titânio em sua cadeia de suprimentos.

A empresa disse que tem “em vista a forte posição de seus estoques no momento, bem como a existência de contratos de fornecimento desse material com empresas em outros países”. Entretanto, informou que iria continuar monitorando sua cadeia de suprimentos e que estavam em busca de fontes alternativas de fornecimento de titânio.

Outra companhia penalizada durante o mês foi a Braskem, especialmente em função dos resultados trimestrais. A petroquímica teve lucro líquido de R$ 530 milhões de outubro a dezembro de 2021, uma queda de 37% no comparativo anual, resultado que também veio abaixo das previsões de analistas.

Segundo a Reuters, os analistas consultados pela Refinitiv aguardavam montante de R$ 5,35 bilhões. “Os resultados acabaram tirando expectativas que o mercado tinha sobre a companhia”, enfatiza o especialista da Nord.

A Azul também foi outra empresa que registrou desempenho negativo impactada especialmente pela alta do petróleo. Veja mais no vídeo abaixo:

Confira as ações que mais caíram no mês de março: