A empresa brasileira de energia Raízen protocolou seu pedido de IPO (oferta pública inicial de ações) na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), confirmando as previsões do mercado.
Segundo a coluna Broadcast, do “Estadão”, a oferta da Raízen pode movimentar entre R$ 10 bilhões e R$ 13 bilhões, o que a colocaria entre as maiores da bolsa brasileira. Até então, o maior IPO da história do Brasil foi o do Santander (SANB11), que levantou R$ 13,18 bilhões em 2009 (sem ajuste monetário).
Joint venture entre o grupo brasileiro de infraestrutura Cosan (CSAN3) e a petroleira anglo-holandesa Shell, a Raízen deve listar suas ações preferenciais no Nível 2 da bolsa.
A Cosan informou em março que havia contratado consultores para preparar uma eventual oferta de ações da Raízen, joint venture da empresa com a Shell nos setores de açúcar, etanol, bioenergia e distribuição de combustíveis.
Raízen pode valer R$ 90 bi na bolsa
Em março, quando já se falava sobre a oferta da Raízen, os bancos miravam um valor de mercado de cerca de R$ 90 bilhões para a companhia, já colocando-a entre uma das mais valiosas da B3. O IPO faz parte dos planos da Cosan de listar suas subsidiárias, dentro de seu processo de reestruturação societária, de forma a destravar valor da companhia.
A reorganização do grupo Cosan foi anunciada em julho do ano passado, com o objetivo de simplificar a estrutura societária, demanda antiga de investidores diante da visão de que a relação entre as diversas empresas era confusa.
No ano passado, o grupo fez, nesse sentido, a tentativa de listar a Compass, sua subsidiária no segmento de gás natural, e que concentra sua participação na Comgás. Mas teve de voltar atrás por encontrar investidores mais seletivos e pedindo desconto em relação ao preço desejado pela empresa.
A Raízen, que possui um faturamento na casa de R$ 120 bilhões, tem seu controle dividido igualitariamente entre a Cosan e a Shell. A empresa se coloca hoje como a quarta maior empresa em receita do País, atrás apenas das gigantes Petrobrás, Vale e JBS.
A empresa opera com produção de açúcar, etanol e com a distribuição de combustíveis, por meio dos 7,3 mil postos com a marca Shell.
Energia renovável
Uma outra vertente de atuação é no segmento de bioenergia, sendo hoje a maior produtora de energia elétrica a partir de biomassa de cana-de-açúcar, por exemplo. Com a parte da oferta que irrigará o caixa da empresa, um dos destinos será dar musculatura ao segmento de energia renovável, diante da visão de que a demanda por fontes sustentáveis de geração de energia crescerá muito.
O foco nessa agenda ficou bastante claro com o acordo de compra da empresa do setor sucroalcooleiro Biosev, uma subsidiária brasileira da Louis Dreyfus Holding. A operação inclui também a cogeração de energia. Essa transação, que envolverá uma troca de ações, ainda precisa das aprovações regulatórias e da concretização de condições precedentes por parte da Biosev para sair do papel.
Com mais robustez em seu negócio de energia sustentável, a aposta é ainda atrair mais investidores, incluindo os estrangeiros, cada dia mais ligados à agenda ambiental, social e de governança (ESG, pela sigla em inglês).
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*Com Reuters