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Finanças

Resultado do Ibovespa em 2022 é o 5º melhor entre 46 índices pelo mundo

Indicadores russos tiveram as maiores quedas, ultrapassando mais de 40%.

Entre uma lista com 46 índices de ações do mundo, o Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, teve o 5º melhor desempenho no ano, com alta de 4,69%. O indicador ficou atrás apenas dos índices BIST 100, da Turquia, S&P 500 VIX, que mede a volatilidade nos Estados Unidos, BSE Sensex e Nifty 50, da Índia, de acordo com dados do Investing.com.

Especialistas comentam que o resultado positivo do Ibovespa reflete a elevação de juros no país nos primeiros sinais de inflação crescente no mundo e da alta das commodities. 

Fabio Fares, especialista em macroeconomia da Quantzed, acredita que o principal fator para a elevação do indicador foi a alta dos juros no país assim que a inflação começou a acelerar pelo mundo – diferente do que a maioria dos outros países fizeram. Para ele, com a inflação sendo mais “segurada” no Brasil, não foi visto a necessidade de maiores apertos monetários e, assim, os ativos de risco das empresas se beneficiaram. 

“O que fez o Brasil ir bem neste ano foi que pela nossa experiência nós subimos os juros mais rápido, controlamos a inflação mais rápido, dando espaço para economia flutuar e funcionar normalmente, deixando os nossos ativos atrativos”, diz o especialista. 

Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, outro fator que beneficiou o principal indicador da bolsa de valores brasileira foi a exposição às commodities, que tiveram um bom desempenho no ano. 

“Vale destacar que por mais que o minério de ferro tenha caído bastante, ele continua em um patamar elevado. O petróleo negociou na maior parte do ano em patamar elevado também. Assim como as agrícolas. Tiveram alguns fatores que intensificaram esses movimentos de preço, como a guerra na Ucrânia, toda a limitação de oferta de petróleo, reabertura da China”, acrescenta o analista. 

Índices de ação em destaque em 2022

Desta seleção dos principais índices de ações do mundo, apenas 9 deles tiveram alta. Para Fares, da Quantzed, o que fez a maioria dos indicadores ficarem no vermelho este ano também foi resultado da inflação disparada no mundo todo e das altas de juros. 

“A partir do momento que você tem inflação alta e juros subindo, o mercado de renda variável sofre porque o custo das empresas aumenta. E com juros altos a renda fixa fica mais atrativa e o mercado faz conta”, pontua. 

Do mesmo modo, Komura, da Ouro Preto Investimentos, lembra que neste ano o Federal Reserve (Fed) também teve uma postura de aperto da política monetária devido à alta da inflação. Portanto, como a entidade é a principal referência de juros do mundo, também houve uma pressão para que todos os bancos centrais subissem os juros, o que prejudicou os ativos de risco das bolsas de valores. 

Destaques positivos: Turquia e ‘índice do medo’

O BIST 100, da Turquia, foi o índice de ação que teve o melhor desempenho no ano, com alta de 194.83%. Essa elevação do indicador veio em meio a um cenário de alta da inflação no país – hoje, por volta de 84% – e da taxa de juros – atualmente, 9%. 

No entanto, Komura, da Ouro Preto Investimentos, comenta que existem questionamentos sobre esse resultado do indicador e o percentual real da inflação. “Tem muita gente que questiona esse índice oficial e acha que a inflação é muito mais alta do que realmente foi”, diz.

Ele menciona que existem alguns fatores para justificar toda essa alta do BIST 100. O primeiro seria que esse rendimento do indicador é apenas nominal – ou seja, é o valor declarado sem descontar a inflação. Portanto, com a inflação elevadíssima no país, o índice sobe. 

Outro fator seria que, com os turcos sem muitas alternativas de investimento, eles acabam colocando dinheiro na bolsa de valores para conseguir manter o poder de compra. “Dado que as taxas de juros estão artificialmente baixas, os títulos de renda fixa acabam sendo ruim porque perdem de longe da inflação”, pontua o analista.

Na sequência, veio o S&P 500 VIX, dos Estados Unidos, com alta de 24.51%. Esse é um índice de volatilidade que reflete o desempenho das ações que compõem o S&P 500 por 30 dias seguidos. 

“O VIX é o índice do medo, é um índice de volatilidade das ações S&P 500. Quanto maior o VIX, maior o medo do mercado em relação às perspectivas de curto prazo. Então, faz bastante sentido [o desempenho] porque o índice S&P 500 caiu bastante, assim como o Nasdaq e Dow Jones, e, por outro lado, o VIX que é o termômetro do medo subiu bastante, então todos esses índices estão conversando muito bem”, comenta Komura, da Ouro Preto Investimentos.

Ainda entre as altas, também é possível ver que o FTSE 100, da Inglaterra, teve desempenho positivo, com alta de 1.74%. Fares, da Quantzed, comenta que a Inglaterra, desde o Brexit, já estava tendo um desempenho melhor do que o resto da zona do euro e também começou a subir juros mais cedo, o que influenciou nos resultados do índice neste ano. 

“Os ativos ingleses tiveram um pouco mais de sorte do que os ativos europeus e a crise lá, do gás e da energia, chegou depois. A Inglaterra já tinha feito um bom serviço, já estava na frente da Europa. Isso ajudou a bolsa inglesa a não ser tão ruim quanto as outras bolsas de mercados desenvolvidos, mas sofreu bastante. Esse positivo é quase nada perto do que estava, ela vinha melhor. [Agora] continua apanhando pelas incertezas da Europa e da economia para o ano que vem”, acrescenta. 

Piores desempenhos: Rússia se destaca

Entre os piores desempenhos, IMOEX e IRTS, da Rússia, ficaram à frente de todos os outros principais índices do mundo, com quedas de 43.31% e 41.29%, respectivamente. Os resultados se dão depois de um ano de guerra do país contra a Ucrânia, o que ocasionou a ele sanções econômicas vindas de diversos países do mundo. 

O que esperar pela frente

Para 2023, Fares, da Quantzed, diz que o cenário segue desafiador enquanto houver persistência de alta da inflação no mundo, entrada de recessões, guerra da Rússia, problemas com commodities, zona do euro em crise, China com covid e Estados Unidos subindo juros. Isso tudo irá interferir na retomada da economia do globo. Portanto, a retomada será lenta, o próximo ano será difícil, principalmente no primeiro semestre, que contará com diversos ajustes. 

Por outro lado, até o fim de 2023 as coisas devem melhorar, segundo o especialista. “As coisas vão começar a voltar ao lugar e as perspectivas é que o Banco Central americano já corte juros no final do ano que vem, então com as perspectivas de parar de subir e olhar para cortes de juros, a gente começa a olhar para crescimento de novo, as bolsas voltam a ficar atrativas e a gente começa a ter apetite para riscos, mas isso só deve acontecer no 2º semestre de 2023”. 

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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