O principal índice de ações da B3, o Ibovespa, começou a semana em forte alta. O índice da B3 subiu 4,25% nesta segunda-feira (25), aos 85.663 pontos. Já o dólar terminou o dia com queda de 2,07%, cotado a R$ 5,45. O vídeo da reunião ministerial, divulgado na sexta-feira (22) após o fechamento dos mercados, gerou alívio aos investidores ao não indicar provas “bombásticas” que dessem abertura a um possível pedido de impeachment.
O impacto político da divulgação foi logo sentido no mercado futuro, que chegou a ter alta de 1,3% na sexta-feria (22). Na leitura do mercado, o vídeo no qual o presidente Jair Bolsonaro (acusado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de interferência na PF) faz várias afirmações sobre o comando da instituição, seria insuficiente para promover um debate sobre sua derrubada.
Apesar do relativo alívio com a crise política, os investidores ainda monitoram o clima desfavorável que pode reforçar a volatilidade na Bolsa mais à frente. Além disso, os casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus seguem avançando. Agora, o País é o epicentro da doença na América Latina e, por isso, os EUA proibiram ontem a entrada lá de viajantes procedentes do Brasil.
O giro financeiro no mercado local foi reduzido, por conta do feriado nos EUA, em celebração ao Memorial Day, onde as bolsas ficaram fechadas, e também em Londres, por conta de folga bancária.
As bolsas da Europa fecharam com fortes ganhos, enquanto investidores acompanharam os processos de relaxamento das medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de coronavírus. Em um dia de liquidez reduzida, o índice Stoxx 600 encerrou em alta de 1,38%, a 344.87 pontos.
Destaques da Bolsa
A ação do Banco do Brasil (BBAS3) avançou mais de 9% pouco antes do fechamento da sessão, ajudando a impulsionar o salto do Ibovespa. O papel subiu após uma declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, favorável à privatização do banco estatal, que é uma sociedade de economia mista e capital aberto, durante reunião ministerial.
Outro destaque foi a ação da varejista Via Varejo (VVAR3), que subiu 15% no pregão, ainda refletindo a conclusão da compra do banco digital banQi na sexta-feira, o que em tese fortalece a atuação da rede no ramo de operações financeiras, rivalizando com B2W e Lojas Americanas, que já operam com o Ame Digital.
No mercado corporativo quatro balanços eram esperados após o fechamento dos mercados. É o caso da Magazine Luiza (MGLU3), Comgás (CGAS5), Marcopolo (POMO4) e São Martinho (STMO3).
Em entrevista ao InvestNews, Luiza Trajano, presidente do conselho da empresa, explicou como o Magalu conseguiu driblar a crise: “No isolamento, o comércio digital cresceu 5 anos em 5 dias e passamos de 3 ou 4 mil para 10 mil entregas pela internet“. As ações da varejista valorizam em torno de 20% no acumulado do ano.
Cenário externo e interno
No cenário internacional, os mercados deram sinais de otimismo com a retomada gradual de algumas economias. Na Alemanha, o índice de confiança dos empresários foi de 79,5 em maio, alta superior a 5 pontos. O resultado superou as expectativas, o Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, retraiu 2,2% no primeiro trimestre comparado ao mesmo período em 2019.
A melhora dos índices de confiança também foi sentida no Brasil. Segundo levantamento da FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) foi de 62,1 pontos. Já o Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 6,2 pontos na passagem de abril para maio, para 67,4 pontos. Nos dois meses anteriores, o índice tinha acumulado uma perda de 38,6 pontos e descido ao menor nível da série histórica.
“Os efeitos da pandemia de coronavírus continuam impactando as empresas do comércio após a forte queda da confiança de abril. Apesar da alta no mês, esse resultado pode ser visto como uma acomodação em patamar muito baixo, dado que esse resultado positivo recuperou apenas 16% da confiança perdida desde março”, avaliou Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
No cenário externo, novo capítulo da guerra comercial é escrito. A China exigiu que os EUA retirem sanções impostas a exportações de empresas chinesas, no último lance de um conflito bilateral cada vez mais grave que gira em torno de tecnologia, segurança e direitos humanos. A briga entre as nações continua levando cautela para os investidores.
Piora nas projeções para o PIB
Os economistas do mercado financeiro reduziram mais uma vez suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Segundo o boletim Focus, a expectativa para a economia este ano passou de retração de 5,12% para queda de 5,89%.
Para 2021, a projeção do PIB também mudou subindo de 3,20% para 3,50%. As expectativas de câmbio para 2020 são de R$ 5,40. Para 2021, a estimativa foi para R$ 5,03.
As projeções para a inflação medida pelo IPCA caíram, fechando em 1,57%. Enquanto a Selic projetada permanece em 2,25% para 2020.
O Focus mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 1,59% para 1,57%. Há um mês, estava em 2,20%. A projeção para o índice em 2021 passou de 3,20% para 3,14%. Quatro semanas atrás, estava em 3,40%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% para ambos os casos.