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Finanças

Fed e Copom não devem surpreender e bolsa segue em alta, dizem analistas

Mercado também não espera forte volatilidade para o dólar, mesmo com semana movimentada.

Prédio do Banco Central em Brasília
Prédio do Banco Central em Brasília.REUTERS/Adriano Machado

O mercado financeiro começa nesta segunda-feira (11) mais uma semana movimentada, com decisões sobre a taxa de juros dos Estados Unidos e do Brasil após dados de inflação surpreendendo para cima nos dois países. No entanto, para analistas ouvidos pelo InvestNews, a expectativa é de que tanto o dólar como a bolsa de valores não apresentem forte volatilidade, já que os investidores não acreditam que nem o Banco Central nem o Federal Reserve (Fed) devam surpreender. 

O Fed anuncia sua decisão para as taxas de juros norte-americanas na quarta-feira (16), mesmo dia em que será divulgada no Brasil a definição para a Selic do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa do mercado é de que o Fed mantenha as taxas de juros quase zeradas nos EUA, enquanto o Copom deve continuar elevando a Selic. A projeção do mercado é de mais uma alta de 0,75 ponto percentual.

Esse aumento da diferença entre as taxas de juros dos dois países tende a beneficiar a bolsa de valores brasileira e o real – já que, com taxas mais altas, o Brasil pode atrair recursos de investidores em busca de mais risco por maior rentabilidade. 

Apesar da previsão de movimentos opostos no EUA e no Brasil, o cenário dos dois países tem em comum a inflação mais elevada que o esperado. 

Na última quinta-feira (11), o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,6% em maio, acima da expectativa de 0,4%. Nos 12 meses até maio, o índice acelerou a 5%, maior alta anual desde agosto de 2008, e mais alto que a projeção de 4,7% dos economistas. 

No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,83% em maio, conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (9). Foi a maior alta para o mês em 25 anos. No acumulado de 12 meses até maio, o IPCA teve alta de 8,06%, bem acima do teto da meta de inflação fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021, que é de 5,25% ao ano.

As preocupações com a inflação têm feito com que as projeções para a Selic neste ano sejam revisadas para cima por diversos bancos, mas o mesmo não aconteceu nos EUA. “Os efeitos pós pandemia de crescimento combinado com inflação (nos EUA) são similares também no Brasil. Mas, como país de moeda frágil, o mercado não pode pagar para ver se a inflação será temporária ou não. O Banco Central age. E, recentemente, o mercado ajustou posições para um ajuste mais agressivo de política monetária do Copom”, explica João Beck, sócio da BRA. 

Nesse sentido, Rossano Oltramari, sócio e estrategista da 051 Capital, diz que sua expectativa é de que “o Copom tenha uma postura mais dura” no comunicado desta semana, indicando que “o Banco Central deve estar preocupado sim com essa alta da inflação, principalmente com as expectativas de inflação, que estão subindo semana após semana”. “Provavelmente, o comunicado vai ser um pouco mais duro do que nas últimas reuniões”, diz ele. 

Perspectivas para a o mercado

O que esperar da bolsa de valores

Bolsa de valores de São Paulo
Bolsa de valores de São Paulo 09/03/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, a B3, terminou a última semana em queda de 0,53%, interrompendo uma forte sequência de ganhos na semana anterior, marcada por recordes históricos. Agora, em semana de decisões sobre os juros, analistas esperam que a tendência da bolsa brasileira siga positiva de maneira geral, e sem previsão de volatilidade intensa. 

“É uma semana importante, obviamente. Mas, como você tem o mundo mais otimista e menos temerário com essa questão do cenário de inflação global, é natural ver os mercados emergentes se beneficiando”, afirma Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos. 

Ele aponta que o entendimento geral é de que a pressão inflacionária, tanto no Brasil quanto nos EUA, seja pontual por problemas em cadeias produtivas, e não puxado por alta demanda. “O que poderia estressar muito mais seria esse efeito inflacionário ser gerado por demanda, coisa que, hoje, nós vemos que não é o caso.”. 

Segundo Franchini, nos próximos dias “vamos ver a bolsa mais estável também porque ela já alcançou uma alta muito significativa, e é natural colocar preço no bolso”. 

Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, acrescenta que “a bolsa nas próximas semanas depende de commodities para permanecer subindo”. “Mas as perspectivas são boas, o mercado próximo das máximas. Se não acontecer nada de diferente, a gente segue no caminho positivo”, afirma ele. 

Beck também avalia que “a bolsa segue com dinâmica positiva”. “O motor no início do ano foi nas commodities exportadoras e agora ganha companhia de todas aquelas empresas mais ligadas a atividade e mobilidade, como shoppings, varejo físico, construção, educação etc.”

O que esperar do dólar

Notas de dólar e real. 10 de setembro de 2015. REUTERS/Ricardo Moraes

Com a confirmação das expectativas de manutenção da política monetária pelo Fed e elevação da Selic no Brasil, a avaliação dos especialistas é de que o dólar siga em tendência de queda. “Quanto mais rápido o Brasil subir os juros frente aos EUA, menor pressão no câmbio, e aí uma diminuição da taxa atual. O dólar pode cair”, resume Costa. 

Apesar de ter subido 1,85% na semana passada contra o real, o dólar tem se aproximado recentemente do patamar de R$ 5, com expectativas de que possa chegar abaixo desse valor. 

“O dólar vem numa desvalorização ao longo das últimas semanas bastante forte, e a expectativa é de que o real continue se valorizando nas próximas semanas”, diz Oltramari. “Estamos testando esse patamar de R$ 5,05, R$ 5,04, R$ 5,02. Provavelmente nós vamos testar de novo ao longo desta semana. Se nós tivermos dados de economia e pelo lado fiscal, nós podemos ter um rompimento da barreira psicológica dos R$ 5 por dólar, e aí sim buscar um patamar mais abaixo.

Beck estima que “era para o real estar mais valorizado, bem mais perto de R$ 4”. “Mas outros fatores pesam, como teto de gastos e a aproximação de um ano eleitoral, além de outros riscos mapeados no cenário como a crise hídrica”, ressalva. 

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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