Escolher setores a dedo, fazer posicionamento com opções da moda, priorizar ações que dão bons dividendos — nada disso funcionou tão bem quanto simplesmente apostar no S&P 500 em 2023.
E os investidores do mercado de renda variável americano parecem ter levado a sério a lição do ano que chega ao fim: não complicar.
Os fundos negociados em bolsa que investem em ações nos EUA atraíram ingressos de quase US$ 69 bilhões em dezembro até o final da semana passada, o que já faz do mês o melhor para fluxos em dois anos, segundo dados da Bloomberg Intelligence. O maior fundo que acompanha o S&P 500, o SPDR S&P 500 ETF Trust, de US$ 494 bilhões, levou US$ 42 bilhões desses fluxos, de longe o melhor despenho mensal já registado. O S&P 500 acumula alta de 24% no ano.
“Ficou claro que ter uma carteira diversificada é provavelmente a melhor maneira de navegar no atual clima de investimento e a melhor maneira de fazer isso é ficar comprado no S&P 500 – ponto final”, disse Art Hogan, estrategista-chefe de mercados da B. Riley Wealth. “Se você tivesse começado este ano dizendo ‘todo mundo diz que há uma recessão chegando, então vou investir defensivamente’, você teria se dado mal.”
Os ganhos do índice de referência americano foram turbinados nos últimos dias depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugeriu que os juros provavelmente cairão no próximo ano.
Apesar da queda de 1,5% na quarta-feira (20), o índice ainda conseguiu avançar 0,8% na semana passada, a oitava na mais longa sequência de ganhos semanais desde 2017.
“É agressivo, mas também não é totalmente inesperado”, disse Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management. “Assim que vimos qualquer indicação de que o presidente Powell tinha uma ligeira mudança de postura, isso abriu as portas para uma enorme migração para a renda variável”
Os fundos de ações tiveram ingressos de US$ 349 bilhões este ano — um pouco abaixo dos US$ 398 bilhões de 2022. Quatro ETFs que seguem o S&P 500 foram os destinatários de mais de um terço dos fluxos, a maior parcela já registrada, de acordo com Athanasios Psarofagis, analista de ETFs da Bloomberg Intelligence. Os ETFs setoriais tiveram saídas líquidas de US$ 12 bilhões, o pior ano já registrado.
Veja também
- Alta do dólar perde tração; bolsas americanas sobem com Trump; Ibovespa cai
- Depois do pânico, bolsa de Tóquio dispara. Mas isso não significa que o mercado se acalmou
- Mercados em pânico: ações desabam mundo afora enquanto cresce o medo de recessão nos EUA
- Gestoras globais veem bolsas americanas ‘esticadas’ e oportunidade em Europa e Ásia
- Risco de retaliação ao Irã eleva tensão nos mercados