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Finanças

Taxas futuras de juros longas fecham em queda com arcabouço fiscal

Enquanto isso, taxas dos títulos norte-americanos já repercutiam a expectativa por um acordo sobre a dívida nos EUA.

Dinheiro Crédito: Agência Brasil

Após terem sustentado ganhos na ponta longa na maior parte do dia, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam em baixa em toda a curva a termo nesta quinta-feira (18), reagindo a comentários do relator do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), sobre a previsão de gastos do governo para 2024.

Durante a maior parte da sessão, as taxas futuras de curto prazo cederam, enquanto as longas se mantinham em alta na esteira do cenário externo.

Perto do fechamento, porém, surgiu nas mesas a notícia de que Cajado estava rebatendo avaliações, publicadas pela imprensa, de que seu relatório abriria brecha para ampliar as despesas em cerca de R$ 80 bilhões no próximo ano.

Em nota distribuída à imprensa, Cajado explicou os cálculos utilizados e os ajustes técnicos feitos. Além disso, afirmou que seu substitutivo “não está acrescentando nenhum valor ao que foi proposto pelo governo”.

As explicações de Cajado repercutiram na ponta longa, que antes estava em alta.

“As declarações do Cajado, tentando desfazer o ruído da liberação de R$ 80 bilhões que o relatório supostamente está fazendo, está ajudando a reduzir o prêmio”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

Neste cenário, no fim da tarde a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,32%, ante 13,328% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2025 estava em 11,71%, ante 11,766% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,215%, ante 11,271% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,28%, ante 11,313%.

O fechamento da curva a termo no Brasil, visto no fim da sessão, acabou por destoar do cenário externo, onde os rendimentos dos Treasuries subiam.

No início do dia, as taxas dos títulos norte-americanos já repercutiam a expectativa por um acordo sobre a dívida nos EUA. Na quarta-feira, o presidente norte-americano, Joe Biden, e o principal republicano do Congresso, Kevin McCarthy, disseram que estavam determinados a chegar a um acordo e iniciariam negociações diretas sobre o limite de dívida de US$ 31,4 trilhões.

A leitura dos investidores foi de que a possibilidade de calote na dívida pelos EUA diminuiu ainda mais.

Ao mesmo tempo, permanecia entre os investidores a percepção de que a inflação norte-americana segue elevada, o que reduz a probabilidade de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) no curto prazo.

Este viés de alta na curva a termo norte-americana se refletiu no Brasil até perto do fechamento, quando os comentários de Cajado sobre seu texto reduziram prêmios, em especial na ponta longa.

“Tivemos um ‘flatting’ (movimento de aplanamento) da curva a termo nos últimos dias, com o Banco Central mais hawkish (duro) e o IPCA elevado. Então, tivemos os juros curtos mais estáveis e os longos fechando. Hoje (quinta-feira), estamos tendo um pouco de reversão deste movimento”, comentou Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, antes dos comentários da Cajado.

Também nos EUA, na manhã desta quinta-feira Philip Jefferson, que é diretor e foi indicado a vice-presidente do Fed, afirmou que o progresso no combate à inflação pode estar desacelerando, mas ponderou que também é muito cedo para avaliar o impacto total dos rápidos aumentos de juros aprovados pela instituição até agora.

Neste cenário, às 16:59 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 7,20 pontos-base, a 3,6534%.

No mesmo horário, o rendimento do Treasury de cinco anos subia 10,30 pontos-base, a 3,6948%.

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