ARTIGO*
Os ativos digitais vinculados ao valor do “mundo real” estão ganhando cada vez mais força e espaço no dia a dia e, apesar de ainda abstrato para muitos, a “tokenização de tudo” está longe de ser mero recurso retórico.
Para se ter uma ideia da dimensão desse mercado, a análise recente feita pelo Boston Consulting Group (BGC) e a ADDX mostrou que os US$ 310 bilhões em 2022 referentes à tokenização podem ultrapassar a marca de inacreditáveis US$ 16,1 trilhões até 2030, com os ativos tokenizados representando cerca de 10% do PIB global até o final da década.
Ao utilizar os contratos inteligentes (smart contracts), a própria criptografia de dados e a possibilidade de ampliar a participação do público, a tokenização se torna um atrativo até para os mercados mais tradicionais, incluindo mineração, administração pública e saúde, pois com os avanços no DLT vinculados à interoperabilidade, a economia da “vida real” pode perfeitamente se integrar a uma descentralizada.
Por exemplo, os tokens “sociais” ou “criadores” estão permitindo que ícones de uma ampla gama de setores se envolvam mais de perto com sua base de fãs, enquanto os tokens não fungíveis (NFTs), usados para autenticar um diploma universitário e assegurar a origem de produtos no agronegócio.
Ainda conforme o relatório, o interesse em investir no setor de tokenização está no radar de pelo menos 75% dos investidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas.
Mas afinal, por que a tokenização está ganhando tanto espaço?
A tokenização de ativos refere-se à criação de tokens em um blockchain, que podem representar qualquer coisa em ambiente virtual. Sem burocracias e praticamente zero custos, ganha cada vez mais espaço principalmente porque gera liquidez a quaisquer ativos.
Ao criar maior liquidez por meio de transações fracionadas ou inteiras, tempo reduzido de liquidação e despesas baixas, a tokenização também facilita a distribuição e acessibilidade de ativos, independente se custam centavos ou trilhões de dólares.
Portanto, conforme mostrado na figura abaixo, a tokenização resolve problemas comuns, como tamanhos de ticket altos de itens, incapacidade de fracionar alguns ativos, acesso limitado e obstáculos regulatórios.
Consequentemente a toda sua gama de benefícios, os ativos tokenizados em imóveis, ações, títulos e fundos de investimento, além de ativos menos tradicionais, como frotas de automóveis e patentes, estão ganhando cada vez mais espaço no dia a dia.
Em um futuro próximo, a tokenização será tão comum quanto acender a luz
Quando o iPhone foi lançado em junho de 2007, os primeiros aplicativos eram apenas uma sombra do que temos hoje. Na época, é inegável que poucos poderiam prever que a tecnologia acabaria se expandindo para um catálogo com mais de 1,96 milhão de apps disponíveis para download até 2021.
Por isso, não é exagero falar em “tokenização de tudo”. Se hoje já compramos produtos por meio de tokens no varejo, saiba que esse recurso ainda está iniciando, e tudo indica que se ampliará muito mais nos próximos anos.
O fato é que, gostando ou não, a “tokenização de tudo” vai se desenvolver — e já está — a partir de uma extensão natural do desenvolvimento humano, permitindo representar grandes setores da sociedade, dos negócios e da economia em geral através de um livro contábil altamente seguro que é o blockchain.
Assim como a invenção dos computadores levou à migração de dados do papel para os bancos de dados, a tokenização levará, em pouco tempo, todos ativos presentes em nossas vidas para uma tecnologia segura e rastreável.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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