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Finanças

Volatilidade no 2º turno: para analistas, mercado deve ser de sobe e desce

Resultados registrados nas urnas e nas principais pesquisas de intenções de voto acenderam o alerta de analistas.

Apesar de o mercado ter precificado um segundo turno das eleições presidenciais, as diferenças dos resultados registrados nas urnas e nas principais pesquisas de intenções de voto acenderam o alerta de analistas. O desempenho de Bolsonaro surpreendeu, destoando das indicações das pesquisas divulgadas na véspera, que davam vantagem entre 8 e 14 pontos percentuais para Lula.

No entanto, o resultado acabou confirmando a polarização vista ao longo da disputa, exceto as expectativas da possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.

Os resultados vistos para a Câmara e Senado também surpreenderam. O governo atual conseguiu eleger vários senadores e está liderando em vários estados nos cargos de governador. O que deixa o governo Bolsonaro liderar com menos dificuldades em caso de vitória no segundo turno. Já se Lula ganhar, o ex-presidente terá uma oposição ferrenha.

Cenário incerto no 2º turno

Pedro Menin, sócio- fundador da Quantzed, destaca que aliados de Bolsonaro foram eleitos com muito mais folga do que aliados de Lula. No entanto, ele acredita que ainda há forte rejeição à pessoa do Bolsonaro, que neste segundo turno será forçado a adotar discursos mais amenos, “talvez até com alguma autocrítica”. “Mais uma vez, como em 2014, o estado que decidiu foi Minas Gerais. Zema, eleito por lá no 1º turno, deve apoiar Bolsonaro e, portanto, o cenário fica em aberto até o segundo turno”, disse.

Sobre o mercado, Menin acredita que deve haver muita volatilidade a cada pesquisa e debate do segundo turno. E, uma vez que Lula não tenha sido eleito no primeiro, o ex-presidente precisa conquistar votos. “Para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia. São esses os grandes medos do mercado até a votação final: a incerteza e o desconhecimento da equipe de ministros de Lula”.

Credibilidade das pesquisas

No entanto, o resultado visto nas urnas nesse domingo acaba deixando o segundo turno em aberto. Para o especialista, alguns institutos de pesquisa devem perder credibilidade neste segundo turno, uma vez que os resultados divulgados antes do dia 2 mostraram diferenças relevantes.

“Mas isso não significa que perderão seu poder de influência. O mercado vai reagir a essas pesquisas ao longo de outubro, mas muito mais aos debates e principalmente reagirá às manifestações de apoios dos senadores, governadores e deputados já eleitos”, reitera Menin.

Já para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o cenário com Lula à frente no primeiro turno já estava precificado. O que significa que um resultado diferente disso trará grande volatilidade para a bolsa.

“Para mim, o mercado já precificava uma vitória do Lula. Diversos players me confidenciaram que era certa a vitória do Lula, talvez já no primeiro turno. Então, não acho que isso mude alguma coisa. Com o Bolsonaro mostrando força, essa semana promete. Bolsa deve ficar bem volátil“.

Ainda de acordo com Coehn, os resultados trouxeram mais força para o Bolsonaro que era tido como derrotado já no primeiro turno em diversas pesquisas. Logo, “o mercado não deve se animar na abertura de segunda-feira”.

Declaração de Lula e Bolsonaro

Após os resultados das urnas, Lula e Bolsonaro se pronunciaram em rede nacional. Para o petista, nada acontece por acaso e ele acredita que ganha o embate, apesar de ter se decepcionado em partes pela campanha apostar no primeiro turno. Lula também parabenizou a cobertura da imprensa assim como os eleitores.

“Há quatro anos atras, eu era tido como um ser humano jogado para fora da política. Hoje, vemos um país que está pior, com economia comprometida, com queda na qualidade de vida, e cá estou indo para um segundo turno. Essa é a chance de amadurecer as nossas propostas e mostrar para o povo porque devo governar esse país.”

Já o presidente Bolsonaro disse a jornalistas que entendia em partes os motivos do resultado, uma vez que a inflação tirou o poder de compra dos brasileiros, alimentos ficaram mais caros, energia, o que pesou contra. No entanto, o candidato à reeleição disse que Brasil é o país que melhor se saiu economicamente apesar de guerra na Ucrânia ou a política do “fica em casa” causado pela pandemia.

“Vencemos a mentira dita pelo Datafolha, e vamos mostrar aos brasileiros que as mudanças que alguns querem podem ser pior. Olha a Venezuela, a Argentina”, reiterou Bolsonaro.

O segundo turno vai acontecer em 30 de outubro e ambos os candidatos terão o mesmo tempo para fazer propaganda no rádio e TV (10 minutos). As articulações para apoio aos candidatos já começam a se movimentar, apesar de ainda não terem sido oficializadas. A senadora Simone Tebet já deu sinais de que poderá estar apoiando Lula. Já o pedetista Ciro Gomes se diz preocupado com o futuro do país dado o resultado não aguardado – em especial – para além dos cargos à presidência.

Ciro Gomes teve 3,05% de votos válidos enquanto Tebet ultrapassou o candidato com 4,16% dos votos – contrariando assim as pesquisas prévias, como, Datafolha e Ipec.

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